Sou um protestante "fascinado" pelo catolicismo. Sempre
nutri uma enorme curiosidade pelos exegetas católicos, apesar de cruciais e
insanáveis divergências doutrinárias que nos separam. O exemplo manifesto disso
prende-se com o facto de lê-los mais do que propriamente os autores protestantes. A minha biblioteca, na área da religião, está recheada de livros
católicos. Diria mesmo que sou um protestante católico (uma afirmação
aparentemente paradoxal). Encaro este decoro literário como sendo natural e
espiritualmente saudável. Sinto-me bastante confortável assim. Procuro, deste modo,
na medida do possível, cultivar uma visão teológica abrangente sem prejuízo da
minha inegociável profissão de Fé Evangélico-Baptista. Não resvalo, com isso,
no engodo do liberalismo ecuménico. Apenas examino tudo ao meu dispor e retenho
o que é bom, tal como encorajava o Apóstolo Paulo (1 Tessalonicenses
5:21). Continuo inabalavelmente um Cristão conservador e devotamente fiel a
revelação bíblica em toda a sua dimensão e plenitude.
Há meses que tenho vindo a ler "A Cidade de
Deus" de santo Agostinho (LER).
Um tratado teológico magistral, que qualquer crente no Senhor Jesus Cristo
deveria ler. Mesmo assim, há muitas teses que o insigne "Doutor da
igreja" defendeu que não têm qualquer tipo de acolhimento nas
Escrituras Sagradas, acabando por influenciar negativamente as mundividências
doutrinárias da Igreja Católica. Desde logo, a forma redutora como concebeu o
pecado original e a carga negativa que coloca sobre a fruição sexual. A libido
e os desvelos redobrados que o ser humano normalmente tem com as regiões pudendas,
para o bispo de Hipona, são as manifestações visíveis da vergonha que procede
do castigo pela desobediência aos impolutos cânones de DEUS. E tudo isto vai
ter fortes implicações na forma peculiar como a Igreja Católica concebe e
aborda a queda do Homem e a sexualidade.
Nos próximos dias farei uma recensão crítica sobre esta
descabida apologia de santo Agostinho, refutando biblicamente todas as suas
alegações, que não têm qualquer tipo de sustentáculo na Palavra de DEUS. Espero
mesmo ter disponibilidade mental e espiritual para isso, "porque
nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade" (2
Coríntios 13:8).