Uma Antevisão das Eleições Norte-americanas e o Futuro do País


A escassas horas de conhecermos o próximo Presidente dos EUA sentimo-nos compelidos em prognosticar o vencedor das renhidas disputas eleitorais, e, concomitantemente, traçar alguns pertinentes desafios governativos que espera o novo inquilino da Casa Branca. Desde logo, em abono da verdade, não é preciso ser politólogo para augurar o candidato preferido dos americanos, bem como a complexa agenda política que este terá em mãos logo que tomar posse. 

Sem qualquer grande surpresa, e por maioria de razão, Hillary Diane Rodham Clinton será provavelmente o próximo Presidente da República dos EUA. Ganha, sobretudo, por manifesto desmérito do seu adversário, o populista radical Donald John Trump. Ela representa um "mal menor", tal como reiteradamente assinala a imprensa internacional (LER). Clinton vai enfrentar inúmeros desafios ao longo do seu mandato – tanto a nível interno como externo. Ali, precisa conjugar os esforços para unir o país completamente dividido em torno dos importantes desígnios nacionais. A começar com a consolidação do programa Obamacare, a alteração da politica de imigração, a flexibilização do mercado laboral, a restrição à venda e porte de armas (LER), etc. Ao passo que aqui, a nível externo, é extremamente fulcral a nova presidente pautar a sua diplomacia nos ideais do "equilíbrio mundial". E para isto é essencial redobrar os esforços dos EUA junto dos seus parceiros internacionais para pôr cobro a convulsão política no Médio Oriente, máxime a desoladora guerra na Síria, no Iraque, no Afeganistão, somando a crise israelo-palestiniana e conter o terrorismo galopante dos radicais islâmicos. É, da mesma sorte, premente consolidar o acordo de Paris sobre combate às alterações climáticas (LER), o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) [LER] e zelar pelo um clima de apaziguamento com a Rússia. Só assim o mundo estará bastante seguro e, tudo isto, contribuirá decisivamente para resolver a crise ucraniana, a constante provocação da Coreia do Norte, bem como colmatar as fratricidas guerras em África, os fluxos migratórios e quem sabe até erradicar definitivamente a fome no mundo. No entanto, para que tudo isto aconteça, é imprescindível o inequívoco apoio do Congresso e o Senado do país, sem prejuízo obviamente da subtileza político-diplomática da nova administração Clinton para, deste modo, conseguir materializar os tais nobres intentos. 

A vitória de Clinton esta noite representará, acima de tudo, um grande triunfo da Democracia Americana e um reencontro justo da sua História com as mulheres que, ao longo dos séculos, foram manifestamente marginalizadas e relegadas para o segundo plano na condução do destino político do país. Não haverá, por enquanto, o fim da história tal como precipitadamente profetizou Francis Fukuyama.