A revista Courrier
Internacional na sua edição especial do passado Setembro
deu mote à futurologia do Mundo depois de 2040, traçando um panorama
extremamente apocalíptico daquilo que será a vida dos seres humanos, destacando
relevantes aspectos políticos, económicos, sociais, religiosos, tecnológicos,
climatéricos, geopolíticos. Prevê-se, de forma sintética, relações
internacionais tensas, conflitos pelo controlo dos recursos naturais, dezenas
de milhões de refugiados em várias partes do globo, impotência e declínio da
ONU, obstrução e paralisação das instituições judiciárias internacionais, guerras
religiosas, fome, epidemias, genocídios, pirataria, terrorismo e tráfico humano
à escala planetária. Augura ainda a falência dos Estados e a criação de novas
entidades, a proliferação de empresas militares privadas, aumento exponencial
do tráfico de droga, alterações climáticas e catástrofes naturais, bem como a
destruição dos ecossistemas, profundas alterações demográficas e com uma queda
bastante acentuada, corrida desenfreada aos armamentos e fracassos dos tratados
de não proliferação abrangendo actualmente os trinta países que possuem armas
nucleares.
Diante destes preocupantes “Sinais
dos Tempos” (LER) não
há margem de dúvida que os dias do amanhã serão bastantes desafiantes a todos
os níveis, gerando grande imprevisibilidade e um clima de desconfiança na
geopolítica e geoestratégia mundial – nada auspicioso para o futuro da
Humanidade. Os ditos sete países mais industrializados do mundo, segundo a
reputada revista, entrarão em colapso total confirmando assim o declínio dos
EUA e a ascensão da China como primeira superpotência mundial. O Velho
Continente, a Europa, afundar-se-á numa crise económico-financeira e de
identidade ideológica sem precedentes. Surgirão novos estados no seu seio e
alguns deixarão de existir e concomitantemente a propagação do Islão,
transportando com ele as rivalidades internas existentes entre xiitas e
sunitas. A desintegração da União Europeia proporcionará a proliferação de
enclaves islâmicos na Europa e o apogeu do fascismo como resposta a nova
realidade sociopolítica.
O cenário em África não será também
nada salutar, máxime verificará a explosão demográfica e a crónica escassez de
recursos. Nesta marginalizada região da Terra haverá desintegração e perdas
significativas de soberania, fruto de importantes alterações das fronteiras
pós-coloniais. Germinará o aparecimento de territórios não reconhecidos
internacionalmente e a corrida ao armamento, incluindo nuclear, somando à
fixação territorial do islamismo radical e à “guerra
santa” entre este e os Cristãos. Do Cáucaso e Ásia Central, Sudoeste
Asiático e Pacifico, Médio Oriente até à América Latina, estarão em “alvoroço
político” perante as profundas mudanças que ocorrerão no Mundo num
futuro breve.
É neste prisma oscilante de insegurança
que devem ser lidas e vistas as belicosas tensões e crises internacionais que
temos vindo impotentemente assistir. Mesmo assim, este caos que possivelmente
enfrentaremos não representará, em circunstância alguma, o fim da História. Tal
como a Humanidade conseguiu resistir às sucessivas crises cíclicas ao longo da
sua existência, da mesma sorte superará este fenómeno desolador da desordem
mundial que provavelmente baterá obre a Humanidade. O Homem é o autêntico
produto da História e esta simplesmente depende dele. Por isso, enquanto
subsistir um remanescente à face da Terra não haverá o fim da História, mesmo
contra todas as evidências devastadoras em sentido contrário.