A Grande Comissão é um dos
imperativos mais importantes do ponto de vista eclesiástico. Ela concretiza-se
nos sacramentos do Baptismo e na Ceia do Senhor (Marcos 16:15-16; 1
Coríntios 11:23-26). Foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo para os seus discípulos,
aquando da Sua gloriosa ascensão aos céus, para aumentar o número dos que vão
sendo salvos (Mateus 28:16-18; Actos 2:47). O foco principal da
Igreja no mundo é fazer discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todos os cânones
sagrados da Palavra de DEUS.
Por isso, a fé Cristã é intrinsecamente missionária. Acontece que, por
vicissitudes várias e supervenientes, há um certo tipo de indolência espiritual
que mina cada vez mais as lideranças das igrejas e os crentes em particular,
obstando a uma holística visão evangelizadora. No círculo Evangélico dito "tradicional" quase
não se realizam missões, salvo algumas raras excepções, devido a um falso
pretexto teológico de exacerbada ênfase na "graça
irresistível" de DEUS. Uma interpretação extremamente abusiva das
Sagradas Escrituras, estorvando assim o melhor avanço da Boa Nova da Salvação.
No meio pentecostal e carismático vislumbra-se uma maior abertura e
sensibilidade missionária. No entanto, em abono da verdade, muitas igrejas
fazem-no de forma flagrantemente errada, devido à impreparação e apedeutismo
teológico, somando ainda "os vendilhões do templo” (LER) que
procuram tirar astutamente dividendos pessoais, enriquecendo inescrupulosamente
à custa do Evangelho, despoletando, com o seu péssimo testemunho de vida, os
maiores escândalos, que só envergonham o bom nome do Cristianismo. Todo este
dilema consubstancia a profunda crise de fé em que estamos submergidos,
ganhando cada vez mais contornos bastante preocupantes no impacto positivo do
Evangelho no mundo.
Há que admitir que muitos crentes e igrejas, no presente século mau em que
vivemos, não estão comprometidos com a causa missionária. Não faz parte da sua
agenda prioritária de vida. E para ludibriar o bom senso de alguns fiéis
inconformados com a lamentável situação, lançam-se nas arengas tautológicas
sobre missões que acabam por não ter quaisquer implicações e resultados
espirituais. Temos, para vergonha nossa, mais teóricos de missões nas nossas
congregações do que propriamente autênticos missionários devidamente
comprometidos com a propagação do Evangelho e, consequentemente, salvação de
almas perdidas para Cristo.
O Senhor Jesus deu-nos um belo testemunho nesta imprescindível área da Igreja, "andando
por todas as cidades e aldeias, ensinava nas sinagogas, anunciava a boa nova do
reino de Deus" (Mateus 9:35). O Apóstolo Paulo, interiorizando
bem esta grande verdade soteriológica, vai ao ponto de considerar "ai
de mim se não anunciar a boa nova" (1 Coríntios 9:16). Foi por
isso, na mesma esteira do pensamento, que os primeiros discípulos
intensificaram fortemente os seus esforços missionários na propagação do
Evangelho pelo mundo, honrando a sagrada missão que lhes foi outorgada pelo
Senhor Jesus. Graças a DEUS, conseguimos, através do significativo esforço
deles, beneficiar da preciosa Graça Redentora. Recai, da mesma sorte, sobre
nós, a mesma responsabilidade de partilhá-la com o mundo perdido. Haverá
consequências se negligentemente não o fizermos, tal como nos é requerido pelas
Escrituras Sagradas, porque "este dia é dia de boas-novas, e nós
nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos por culpados;
agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do rei”(2 Reis 7:9 [LER]).
Que assim seja.