A Igualdade Diferenciada (4), por Clara Ferreira Alves


«O mundo ainda está organizado como um clube exclusivo de homens onde mandam os homens. É assim há muito tempo. Não existe um Bach mulher. Um Mozart mulher. Um Shakespeare mulher. Um Freud mulher. Um Einstein mulher. (…). Logo na infância, e sobretudo na adolescência, uma mulher é classificada em função do seu grau de atração, do seu corpo, e não da sua cabeça. E logo, em modo darwinista acelerado, a mulher começa a competir com as outras mulheres, meninas, em função da beleza. Não espanta que as adolescentes tenham uma preocupação fundamental com a dieta, a magreza, a aparência e os modos sociais que servem estes atributos e os expandem. A inteligência ou o desempenho intelectual são relegados para segundo plano aos olhos dos outros e, na primeira idade consciente, os olhos dos outros são sempre os dos homens, dos rapazes. A ditadura da aparência começa muito cedo e nunca cessa. E nela está implícita a cedência ao desejo masculino. A mulher tem que agradar ou será uma bruxa»[1].


[1] Pensamento da Jornalista Clara Ferreira Alves, extraído in a Revista Expresso (LER).