«O mundo ainda está organizado como um clube exclusivo
de homens onde mandam os homens. É assim há muito tempo. Não existe um Bach
mulher. Um Mozart mulher. Um Shakespeare mulher. Um Freud mulher. Um Einstein
mulher. (…). Logo na infância, e sobretudo na adolescência, uma mulher é
classificada em função do seu grau de atração, do seu corpo, e não da sua
cabeça. E logo, em modo darwinista acelerado, a mulher começa a competir com as
outras mulheres, meninas, em função da beleza. Não espanta que as adolescentes
tenham uma preocupação fundamental com a dieta, a magreza, a aparência e os
modos sociais que servem estes atributos e os expandem. A inteligência ou o
desempenho intelectual são relegados para segundo plano aos olhos dos outros e,
na primeira idade consciente, os olhos dos outros são sempre os dos homens, dos
rapazes. A ditadura da aparência começa muito cedo e nunca cessa. E nela está
implícita a cedência ao desejo masculino. A mulher tem que agradar ou será uma
bruxa»[1].