Uma Outra Dimensão de Fazer Missões


Nos últimos séculos os Biblistas, Exegetas, Teólogos, Evangelistas e Missionários, de todas as denominações Evangélico-protestantes, têm-se desdobrado num esforço incomensurável para traçar um paradigma expansionista e bem eficaz sobre as Missões. Esta realidade veio ganhar uma enfâse mais acentuada com o surgimento dos movimentos carismático-pentecostais nos finais do séc. XIX, catapultando um boom bastante acentuado a nível da aderência massiva à regeneradora mensagem do Evangelho, máxime dos sectores mais desfavorecidos e humildes da sociedade que, até então, não se reviam tanto no protestantismo elitista dos círculos mais tradicionais da Reforma Protestante. Acontece que, por vicissitudes supervinientes, de forma subsumida, convencionou-se teologicamente a partir daí, até à data presente, um conceito tripartidário de Missões que consiste em orar, enviar missionários para o campo e consequentemente sustentá-los. Numa primeira fase este paradigma metodológico funcionou, tendo em conta o impulso galopante do pentecostalismo a partir dos EUA e as mobilizadoras campanhas evangelísticas de Billy Graham (LER), estendendo-se poderosamente a todos os continentes, levando milhares e milhões de homens e mulheres a aderirem a Boa Nova da Salvação. 

No entanto, com o avanço da ciência e da tecnologia pós-revolução francesa que, por sua vez, contribui decisivamente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e da esperança média de vida, a sociedade secularizou-se e, em consequência disso, a Fé foi preterida (LER). O Homem presunçosamente usurpou o consagrado lugar do Divino, arrogando-se “deus” do seu próprio destino e com todas as implicações sociais que isto representa na forma de conceber a religião e a vida no seu todo. Por outras palavras, preferiu mais confiar nas falsas promessas científicas e refugiar-se exclusivamente nelas do que propriamente na soteriológica mensagem do Evangelho. Perante este novo desafio do “presente século mau” esperava-se, por parte das Igrejas e Cristãos em geral, uma resposta teológica firme com vista a mudar este niilismo obscurantista. Não é, entretanto, para infelicidade nossa, o que tem estado a acontecer.   As Igrejas têm infelizmente descurado deliberadamente outras importantes facetas da “Grande Comissão” (LER) que envolve sobretudo a santidade da vida Cristã e o imperativo de ser “sal e luz do mundo”

Por isso, o Cristianismo está a enfrentar uma grande crise de fé que, por sua vez, está a afectar consideravelmente o seu desempenho missionário – tanto a nível interno como externo. Ali, o problema prende-se mais com a descaraterização e desestruturação da família no seu todo que se vai consubstanciando despudoradamente em casamentos mistos, o cancro do divórcio e a realidade de famílias monoparentais, somando ao défice de obreiros e a falta de autoridade ministerial dos líderes e pastores, a rivalidades inter-denominacionais, a desunião no seio das Igrejas, o liberalismo teológico e a sonolência espiritual dos crentes (LER). Aqui, a nível externo, a dificuldade tem mais que ver com o relativismo social, fundado no falso pretexto do “avanço civilizacional”, o secularismo materialista e o ateísmo aversivo a qualquer tipo de conceito religioso (LER). Todas essas realidades conjugadas acabaram por ter fortes repercussões no dinamismo das Igrejas, fazendo com que haja uma estagnação no avanço do Cristianismo no mundo e particularmente no Ocidente. No Velho Continente e também na América do Norte tem havido uma forte retracção na conversão de almas ao Cristianismo, mormente um desvio considerável dos crentes da Igreja. No Médio Oriente, e nalguns pontos da Ásia, bem como no Norte da África, regiões do Sahel, e pacífico, tem havido uma implacável perseguição da Igreja, mesmo assim as portas do inferno não têm prevalecido contra ela (Mateus 16:18). O Reino de DEUS continua a avançar poderosamente nestes hostis territórios, especialmente no Sul da América e na generalidade dos países africanos (LER)

Apesar deste saldo tangencialmente positivo a nível do crescimento do Cristianismo no mundo, o cenário poderia ser bastante melhor. É impreterível, a nosso ver,  as Igrejas formularem uma outra dimensão de fazer Missões que passa, desde logo, em consolidar melhor o conceito tripartidário de Missões supramencionado e reajustá-lo da melhor forma possível a realidade secularista vigente, mediante uma entrega incondicional à nobre causa do Evangelho e a santidade da vida Cristã. Não se pode conformar meramente em orar, enviar missionários para o campo e sustentá-los. (1) É preciso, acima de tudo, que os missionários sejam bem formados do ponto de vista de carácter e na qualificação teológica para assim santificarem em seus corações a Cristo como Senhor; e estando sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que lhes pedir a razão da esperança que há neles (1 Pedro 3:15)

(2). As igrejas devem também consciencializar-se da imprescindível virtude da unidade Cristã e vivenciá-la no seu testemunho quotidiano. A unidade dos Cristãos é um factor importante e decisivo para atrair os não crentes para o Evangelho. Não é por acaso que o Senhor Jesus Cristo na Sua Oração Sacerdotal teve o cuidado de focar a unidade dos crentes como o motor fundamental na conquista dos ímpios: “para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um, em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17:21). O cumprimento da Grande Comissão exige a unidade de todos os crentes na fé, a fim de lutarmos todos juntos na aproclamação do Evangelho da Salvação. 

(3). Entendemos, da mesma sorte, que é preciso reformular os caducos e sectários planos cooperativos, que basicamente se restringem redutoramente ao âmbito inter-denominacional (fruto de protagonismos denominacionais e guerrinhas desnecessárias) e apostar mais num robusto plano extra denominacional a nível de Missões, “porque quem não é contra nós, é por nós” (Marcos 9:40). E mais, tal como inspiradamente formulava o Apóstolo Paulo, “contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade” (Filipenses 1:18). Cultivar sempre a santidade da vida Cristã mediante o amor altruísta e uma entrega incondicional à nobre Causa do Evangelho, sem prejuízo de orar sem cessar ao Senhor da seara para que ELE mande mais trabalhadores para a sua gigantesca colheita [Mateus 9:38] (LER)

Pondo em marcha estes salutares pressupostos teológico-missionários, não há margem para dúvidas que a Igreja estará à altura de anular todas esses diabólicos ateísmos secularistas que estão a devastar o mundo inteiro, condenando-o para o inferno. Para isso, mais do que nunca, é preciso materializar uma outra dimensão de fazer Missões, tal como acabámos de formular. Que DEUS realmente nos abençoe e nos ajude a todos nesta grande e privilegiada Missão Divina de levar a Boa Nova da Salvação para o mundo perdido. Que assim seja. E assim sempre será pela fé no Nome Bendito do Senhor Jesus Cristo.