Viver Para Contá-la (4)

Nunca me tinha passado pela cabeça um dia adoptar a austeridade no meu cardápio alimentar. Nunca fui de dietas e não me lembro de, alguma vez, ter feito uma na minha vida. Sempre fui de comer desafogadamente e sem quaisquer tipos de cuidados especiais. No entanto, nos últimos anos, por imperativo de consciência, depois de uma profunda e discernida reflexão a que me propus, decidi deliberadamente arrepiar caminho, cultivando cada vez mais hábitos alimentares saudáveis e integrando, ao mesmo tempo, a prática regular de exercícios físicos no meu quotidiano. Em consequência disso, perdi imenso gosto pelas comezainas e tudo o que tem a ver com as guloseimas. Perdi vontade pelos excessos alimentares. Perdi, igualmente, peso de forma significa e notória. 

Por sua vez, apesar de todas estas “perdas”, ganhei mais equilíbrio emocional, mais qualidade de saúde e de vida também. Tornei-me mais leve e saudável – tanto do ponto de vista físico como mental e espiritual. 

Faz hoje dois anos que não como arroz. Dois corridos anos em que me desvinculei completamente do arroz no meu cardápio alimentar. Renunciei ao arroz, tal como a um conjunto assinalável de alimentos que me eram bastantes familiares. Não sinto nenhum arrependimento ou saudade com esta minha esclarecida opção alimentar. O arroz neste momento não é uma prioridade para mim. Pode ser por resignação, cansaço, capitulação e conformação que eu venha um dia a voltar a comer a tão apreciada “bianda” dos guineenses. Mas, para já, sem qualquer tipo de hesitação, não quero liminarmente nada com o arroz (LER).