A Segregação Cultural: Seu Reflexo no Sistema Educacional

Estive ontem na minha Escola, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), a participar como um dos oradores na conferência intitulada “Discriminação Racial”, juntamente com o Professor Doutor Eduardo Vera-Cruz Pinto, a Historiadora Joacine Katar Moreira, o Activista Yussef, a Jornalista Conceição Queiroz e o Dirigente Associativo José Falcão, organizada pelo Núcleo de Estudantes Africanos do mesmo estabelecimento de ensino. 

Na minha intervenção, que incidiu sobre “A Segregação Cultural: Seu Reflexo no Sistema Educacional”, procurei humildemente fazer um enquadramento histórico, político, filosófico e social do racismo para depois distanciar-me completamente das teses classicistas apregoadas em torno do racismo (OUVIR)

O racismo, a meu ver, é um cancro transversal à natureza humana. Há racismo do branco para com o negro e vice-versa. Também paradoxalmente há racismo do branco para o branco, assim como do negro para o negro. Tal como formulava Tocqueville, na mesma esteira do pensamento, para vincar esta inequívoca verdade antropológica, “há um preconceito natural que leva o homem a desprezar aquele que foi seu inferior ainda muito depois de este se tornar seu igual; à desigualdade real criada pela fortuna ou pela lei sucede sempre uma desigualdade imaginária com raízes nos costumes”. Só que, em abono da verdade, os negros acaba(ra)m por sofrer mais com os seus perniciosos efeitos comparativamente às pessoas de outras etnias, por serem o elo mais fraco em toda esta dinâmica da convivência humano-social. 

Os afros e os negros em geral para realmente se libertarem do leviatã do racismo – tanto estatal como social e/ou individual – precisam de continuar a apostar seriamente na educação e qualificação para, deste modo, chegarem à proeminência nos círculos da sua convivência diária. Serem bons cidadãos, bons estudantes, bons académicos e bons profissionais. Procurar sempre a excelência naquilo que estão a fazer ou são incumbidos a fazer. Este é o antidoto mais eficaz para vencer o racismo (LER)

Até lá, apropriando-me das sugestivas palavras do Presidente Nelson Mandela, precisamos percorrer ainda um longo caminho para a liberdade plena.