Assinalam-se hoje os 505 anos da data oficial daquilo
que mais tarde ficou célebre na história moderna como a “Reforma Protestante”.
Foi precisamente no dia 31 de Outubro de 1517 que o inconformado teólogo
Martinho Lutero afixou as suas 95 teses na porta da basílica do castelo de
Wittenberg, na Alemanha, distanciando-se completamente das práticas heréticas
reinantes no seio da Igreja Apostólica Romana, vincando a inquestionável
primazia das Escrituras Sagradas em todas as esferas da vida Cristã. Em
consequência disso, insurgiu-se intrepidamente contra a profana prática da
indulgência, o culto mariano, a infalibilidade da autoridade papal, a veneração
dos santos, o ecumenismo teológico, a interpretação lato sensu das Escrituras
Sagradas e toda a sorte de idolatria e corrupção associada ao catolicismo ao
longo dos séculos. Deste modo, ofereceu aos fiéis Cristãos um “novo paradigma”
bíblico centralizado exclusivamente na pessoa do Senhor Jesus Cristo e na Sua
obra expiatória na Cruz do Calvário em favor da humanidade outrora decaída.
Para o teólogo alemão isto resume-se em cinco grandes
imperativos salvíficos, a saber: somente a fé, somente a Escritura, somente a
Cristo, somente a graça e somente a DEUS a glória devida como únicos meios
intrínsecos, indispensáveis e irrenunciáveis para levar o homem ao pleno
conhecimento da verdade redentora e, consequentemente, à sua salvação. (VER).
Com a Reforma Protestante, a Igreja ganhou uma outra
dinâmica na forma de conceber a Fé bíblica e encarar a santidade da vida
Cristã, sobretudo na democratização e expansão do Cristianismo pelo mundo. Os
teólogos protestantes desdobraram-se incansavelmente em traduzir a Bíblia
Sagrada por diversas línguas, com o intuito de habilitar todos os crentes a
poderem lê-la directamente na sua própria língua, sem qualquer tipo de intermediário
humano, cumprindo assim a máxima do Novo Testamento do “sacerdócio universal”
(1Pd 2:9-10). Esta realidade reformada e reformista ganhou ainda enfâse mais acentuada
com o surgimento dos movimentos carismático-pentecostais nos finais do séc.
XIX, coadjuvados posteriormente com as mobilizadoras e poderosíssimas campanhas
evangelísticas de Billy Graham, catapultando um boom bastante acentuado a nível
da aderência massiva à salvífica mensagem do Evangelho, principalmente dos
sectores mais desfavorecidos e humildes da sociedade que, até então, não se
reviam tanto no protestantismo elitista dos círculos mais tradicionais da
Reforma Protestante.
Hoje graças aos significativos esforços missionários
destes homens e mulheres de DEUS, o protestantismo evangélico está consolidado
nos quatro cantos do mundo – e com a previsão de continuar a crescer
paulatinamente nos próximos anos, décadas e séculos. A Igreja do Senhor Jesus
Cristo vai continuar a ser “sal e luz do mundo” que tanto carece da graça, o
amor, a paz e o perdão de DEUS, para combater ousadamente o ateísmo, o
relativismo, o materialismo, o paganismo, o fanatismo religioso e todo o tipo
de malignidade que abafa e controla desgraçadamente este maldito mundo.
Volvidos quase estes cinco séculos da pertinente
Reforma Protestante, e vendo holisticamente a realidade espiritual das igrejas
nos dias que correm, ainda ficam bastante aquém daquilo que deveria ser o seu
ideal bíblico à imagem e semelhança de Cristo. A Igreja continua a
confrontar-se com seríssimos e preocupantes desvios doutrinários. A começar,
desde logo, por todos eles, com a incongruência no testemunho Cristão, a
descomprometida e corrupta liderança que promovem escândalos espirituais no
seio dela, o racionalismo e liberalismo teológico, o secularismo da fé e o
evangelho da prosperidade, a letargia missionária e o indecoroso ecumenismo
bíblico. Tudo isto, em suma, consubstancia uma autêntica crise de fé em que a
igreja infelizmente está submergida, colocando em causa os sublimes Princípios
e Valores das Escrituras Sagradas (VER).
Esperamos, de facto, que o nosso Todo-poderoso DEUS
continue a levantar homens e mulheres devidamente comprometidos com a Sua Santa
Palavra para oferecerem a esperança e salvação ao mundo perdido, tal como fez
outrora com Lutero, Swinglio, Calvino, Simons e tantos outros anónimos heróis
da fé ao longo da história do Cristianismo, para conduzir a Sua amada Igreja na
prossecução da sua sagrada missão aqui na terra que é, acima de tudo,
evangelizar e ganhar muitas almas para o Reino de Cristo. Que assim seja. Assim
sempre será pela fé no Salvador Jesus Cristo.