Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos


Estive há duas semanas a pregar no culto dominical da minha igreja, isto é, no dia 18 de Agosto. O tema que foi objecto da minha mensagem foi “Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos”, tendo como texto de apoio o Evangelho s. Mateus 24:1-14. Este capítulo, segundo os teólogos, é um dos mais difíceis de interpretar na Bíblia Sagrada, tal como o livro de Apocalipse, visto que envolve os complexos temas escatológicos. Mesmo assim, pela graça de DEUS, procurei humildemente não entrar em especulações teológico-doutrinárias e ater-me apenas aos aspectos práticos de cada um dos versículos em apreço. 

O Senhor Jesus Cristo saiu completamente do templo, tal como vinca manifestamente o autor sagrado (Mt 24:1). Esta saída coincidiu com a Nova Aliança pré-estabelecida por DEUS, desde os primórdios do mundo, e revelado no Antigo Testamento. Por isso, não foi uma saída qualquer como Ele fez em outras ocasiões do Seu ministério terreno. O Filho do Homem retirou-se definitivamente do templo para nunca mais voltar a entrar nele. Abandonou-o triste com a adulteração do culto a que ele foi infelizmente reduzido pelas polutas autoridades judaicas, permitindo assim o sacrilégio dos vendilhões dentro dele, somando ainda a incredulidade do povo em relação à Sua pessoa, não obstante as inúmeras tentativas do Senhor Jesus em congregá-los como a galinha ajunta os seus pintainhos debaixo das asas. No entanto, eles deliberadamente não quiseram (Mt 23:37), confirmando-se assim as palavras do Evangelista João sobre o Messias que “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11). São factores determinantes que condicionaram esta inevitável saída do Filho de DEUS do templo, máxime a concretização plena do Seu Reino na Terra. 

Podemos extrair, de forma cristalina, esta conclusão nos últimos dois versículos do capítulo anterior que expressamente diz: “eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; porque eu vos digo que, desde agora, me não vereis mais” (Mt 23:38-39). A Glória do Senhor foi-se embora do pomposo templo (Mc 13:1-2). O outrora espaço sagrado de “shekiná” ficou irreversivelmente desabitado pelo Eterno Jeová. Já não é mais a casa do Todo-Poderoso DEUS, tal como inúmeras vezes foi apelidado nas Escrituras Sagradas, mas sim “a vossa casa”, isto é, dos incrédulos judeus e as suas ímpias autoridades. Em consequência disso, o anátema templo foi completamente destruído nos anos 70 d. C pelo império romano. 

Os discípulos, de acordo com o texto sagrado, perguntaram-Lhe: “dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24:3). Fazia-lhes imensa confusão a sentença do Senhor Jesus sobre o templo, pois tal sentença advém da sequência imediata dos discípulos lhe chamarem a atenção para a beleza da construção do templo (Mt 24:1). Extraímos aqui, nesta curiosidade dos discípulos, três importantíssimas perguntas feitas ao Senhor Jesus. A primeira pergunta prende-se com os acontecimentos anunciados pelo Senhor Jesus sobre a destruição do templo; a segunda que sinal haverá da Sua vinda e, a última, o tempo exacto do fim do mundo. Aliás, os discípulos voltaram a interrogá-Lo sobre esta mesma temática momentos antes da Sua ascensão aos céus (At 1: 6). Apesar de toda esta natural curiosidade humana sobre os mistérios ocultos, o Senhor Jesus não revelou com total precisão o dia e a hora em que Ele há-de vir (Mt 25:13), porque ninguém mesmo sabe: nem os anjos no céu, nem o Filho. Só o Pai é que conhece este recôndito mistério (Mt 24:36). 

O Senhor Jesus Cristo, sentado no Monte das Oliveiras com autoridade divina para ensinar, e não como a dos doutores da lei (Mt 7:29), respondeu sabiamente às referidas questões com as seguintes advertências: “acautelai-vos, que ninguém vos engane” (Mt 24:4). A constante vigilância espiritual é fundamental para o sucesso da vida Cristã. Ela é, sem margem para dúvida, o antídoto para discernirmos correctamente os pseudo-messias e, concomitantemente, saber compreender plenamente em que tempo estamos de facto a viver (Mt 24:42; Ro 13:11), bem como detectar os dissimulados profetas. Isto porque surgirão falsos cristos, falsos cristãos, falsos líderes, falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos de DEUS (Mt 24:24; Mc 13:7; 22; 2 Ts 2:9-11). 

E, de seguida, o palco será de guerras e rumores de guerras ao redor do mundo, mormente a implacável perseguição e o martírio dos Cristãos. Por aumentar a iniquidade, de forma rápida e assustadora, o amor de muitos esfriará. Nesta altura, inúmeras pessoas apostatarão a fé. A galopante traição, o ódio, a heresia, o escândalo, a falsidade, as guerras, serão comuns no seio dos seres humanos, inclusive dentro das igrejas. Podemos constatar essas inequívocas verdades na pandemia que o mal exercerá na vida das pessoas, através dos versículos 5, 10, 11 e 12 do mesmo capítulo. A palavra “muitos” vai-se repetindo seis vezes nos primeiros doze versículos, sempre com a conotação pejorativa, com intuito de dar ênfase as calamidades daqueles tenebrosos dias. Os autênticos Cristãos sentir-se-ão na pele o elevado preço de ser o testemunho fiel do Senhor Jesus Cristo. Mesmo assim, a Igreja triunfará e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16:18;2 Ts 2:8). Quem assim seja. E assim sempre será no nome Bendito do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (LER)