A mentira é algo perigosíssima e com extraordinária capacidade para infringir golpes duros e significativos à verdade. A mentira é mais habilidosa, em termos negativos e perversos, para subverter momentaneamente a percepção da verdade e daquilo que é realmente a verdade dos factos. A mentira, por ser completamente habilidosa, anda sempre com a manipulação, intriga, chantagem, desonestidade, falsidade, locupletação, traição e toda a sorte de malignidade. A mentira é do diabo e de todos aqueles que vivem deliberadamente no pecado.
O que nós temos estado a assistir ao longo de todos estes anos da arbitrária invasão russa na Ucrânia não passa de uma astúcia da mentira que visa, em última instância, através da propaganda sorrateiramente enganosa, chamar o mal de bem e o bem de mal; de considerar o agressor de vítima e de vítima o agressor; de desresponsabilizar inteiramente a Rússia na macabra guerra que este iniciou e culpar unicamente a Ucrânia pela sua invasão. Esta tautológica e ardilosa narrativa tem recebido um amplo e favorável acolhimento na sociedade russa, em certas partes do mundo, na parcela dos países do Ocidente e também na nossa sociedade. Basta estarmos atentos e sintonizados com os media para rapidamente chegarmos esta lamentável conclusão.
Esta infundada e mentirosa narrativa ganhou ainda proporções preocupantes desde que a actual administração americana tomou o poder nos EUA. A bitola seguida, até à exaustão, pelo novo inquilino da Casa Branca e a sua administração, proliferando sem pejo que o presidente ucraniano não quer a paz e que este só quer lutar a todo o custo, bem como considerando-o reiteradamente de ingrato, inclusive chamando-lhe pejorativamente de ditador. O mais absurdo e completamente injusto de toda esta narrativa foi tentar, de forma prepotente e despudorada, sem dó e humanismo, humilhar publicamente o presidente ucraniano na sexta-feira passada na sala oval dos EUA (LER) e suspender ontem a essencial ajuda militar americana à Ucrânia (LER).
Toda esta lamentável situação só vem reforçar esta mentirosa narrativa pró-Kremlin, confirmando assim a astúcia da mentira e como esta tenta sempre disseminar-se para encobrir a verdade. A pertinente questão que devemos todos colocar é a seguinte: por que razão a actual administração está a colocar toda a pressão e o ónus da paz unicamente na Ucrânia, ilibando a Rússia? Porque é que, segundo o presidente americano, o sanguinário presidente russo é confiável e o presidente ucraniano é um factor de obstáculo à paz? Quem violou o Direito Internacional com esta guerra: a Rússia ou a Ucrânia? Se a Rússia é um país agressor, por que razão ela tem de ser premiada com a anexação de todos os territórios que actualmente ocupa, de forma violenta e ilegal, na Ucrânia? Porventura, há mais países ou cidadãos por este mundo fora mais preocupados que haja realmente paz na Ucrânia do que propriamente o próprio bombardeado povo ucraniano? Que garantias de segurança a Ucrânia terá no futuro que não voltará a ser invadida pela Rússia, tal como tem acontecido ciclicamente nesta última década?
As sinceras respostas destas pertinentes perguntas formuladas levam-nos a concluir indubitavelmente quem verdadeiramente está de boa-fé ou má-fé nesta fatídica história da invasão russa da Ucrânia. Sabemos que a mentira é ardilosa e convincente na mente de muitas pessoas que não estão minimamente comprometidas com a verdade. No entanto, por mais que possa camuflar por muito tempo, a mentira jamais se poderá sobrepor à verdade ou vencê-la. A verdade, no seu devido tempo, sempre triunfará sobre a mentira com todas as suas maldades, etc.
Desde o primeiro dia que a Rússia invadiu a Ucrânia que estou solidariamente com a causa ucraniana. Estou a apoiar a Ucrânia contra o jugo opressor russo. Fi-lo por uma questão meramente de bom senso, de justiça social e de verdade. A dor da Ucrânia é também a nossa dor. É a dor de todos aqueles que procuram viver em paz, tranquilidade, democracia e solidariedade. É a dor, acima de tudo, da Humanidade (LER).