Abordar a complexa temática do livre-arbítrio tem muito
que se lhe diga. O seu significado etimológico e filosófico-teológico encerra
diversos conceitos em simultâneo, passíveis de várias interpretações, tais como
a autonomia, o juízo, a sorte, a liberdade e a responsabilidade. É um assunto
de bastante especulação em toda a parte – tanto a nível religioso como secular.
Concebo humildemente o livre-arbítrio dentro dos insondáveis parâmetros
da soberania de DEUS, que tudo ordena, coordena e sustenta no universo criado
pelas obras das Suas mãos, que em última instância remete-nos para o Seu
imaculado propósito no mundo. O livre-arbítrio do Homem é completamente condicionado
e submetido à manifesta vontade Divina. É nestas indubitáveis formulações que
entendo e desenvolvo a liberdade individual de cada ser humano,
independentemente da sua raça, condição de vida ou estatuto social.
Ao longo da nossa peregrinação neste “Vale de Lágrimas” somos
destinados a fazer grandes opções de escolhas: umas fáceis e outras bem mais
difíceis, exigindo sempre de nós cuidado, ponderação e discernimento no momento
de preferi-las. Somos humanamente produto das escolhas diárias que vamos
acumulando no nosso currículo de vida, que por sua vez contribuem decisivamente
para o binómio da nossa felicidade ou infelicidade. Decidimos a nossa dieta
alimentar, os amigos que queremos ter, o curso que tencionamos tirar, o
parceiro ou a parceira que gostaríamos que vivesse definitivamente connosco, o número
de filhos que vamos ter, a cidade que queremos residir, etc. E fazemos tudo
isto em conjugação com o estilo de vida que pretendemos perfilhar, sem qualquer
coacção de terceiros, em situações normais. Todas essas eleições têm reflexos
bastante importantes na nossa personalidade, máxime na forma de encararmos a
vida na sua multiforme configuração antropológica.
Com as boas escolhas estamos naturalmente a atrair o êxito
e o bem-estar à nossa vida, sem precisarmos de fazer grandes esforços para que tal
se processe. Diferentemente, quando preferimos as más opções estamos
forçosamente a atrair inevitavelmente o infortúnio, o fracasso e a
infelicidade. Obviamente que a vocação de todos os seres humanos à face da
Terra é alcançar a plena felicidade e usufruir dela sem qualquer tipo de
constrangimentos. Acontece que, por vicissitudes várias, a realidade prática
tem-nos demonstrado o contrário. Nem sempre o Homem consegue chegar à
felicidade devido às más escolhas que vai acumulando, influenciado especialmente
pelo caminho do facilitismo, materialismo, egocentrismo e superficialismo, que
não têm suporte suficiente para proporcionar uma vida feliz e bem-sucedida, tal
como todos os seres humanos almejam.