Uma Vida com Propósitos


Somos nós que construímos o mundo à nossa volta. E fazemo-lo de acordo com os Princípios e Valores que transmitimos no círculo de convivência diária em que estamos inseridos. Além de sermos os principais responsáveis por aquilo que idealizamos e concretizamos, somos da mesma sorte o produto da nossa finita existência naturalista que consubstancia a condição humano-social. O Homem é um ser bastante complexo, composto por enigmas praticamente impenetráveis do ponto de vista gnosiológico. Um autêntico mistério por descodificar. Por haver essas obscuridades subjacentes à sua estrutura antropológica torna bastante difícil precaver infalivelmente o comportamento padrão que é capaz de levar a cabo no seu domínio de influência. O ser humano é um produto de imprevisibilidade – tanto no bom como no mau sentido. E tudo isto acarreta, de facto, agravantes consideráveis a nível da sua personalidade e trato interpessoal que vai tendo com os terceiros (LER)

Para compreendermos, em parte, os paradoxos intrínsecos ao Homem é necessário prima facie um estudo aprofundado sobre a sua genealogia, mundividência, aspiração e o destino final que lhe é reservado. São grandes questões que permitem extrair parcialmente de onde veio e para onde vai e o porquê desta trajectória aparentemente predestinada que tem obrigatoriamente que percorrer neste tenebroso mundo. Tendo presente tais importantes realidades é um meio caminho andado na descoberta da verdade sobre os mistérios envolventes aos comuns dos mortais. Somente conhecendo de antemão a sua personalidade é que o Homem consegue libertar-se das amarras da vida e simultaneamente triunfar. Tal proeza, no entanto, apenas se alcança através da adopção de hábitos sóbrios e vigilantes, adaptando-se progressivamente às constantes adversidades que vão surgindo pelo caminho, procurando obter a perfeição numa vida de tamanhas contradições e contrariedades. Por isso somos desafiados pelos antigos a nos conhecermos a nós mesmos, com o intuito de responder satisfatoriamente aos condicionalismos da madrasta vida e, deste modo, atingirmos os nossos legítimos sonhos. 

O Homem não se limita apenas às complexidades acabadas de se mencionar. Ele ainda é um ser visceralmente antinómico. Como corolário disto depara-se com duas grandes opções de escolha a tomar durante a sua trajectória neste "vale de lágrimas": (1) perfilhar uma vida regrada recheada de valores axiológicos tais como o Amor ao Próximo, a Bondade, a Misericórdia, a Solidariedade, a Temperança, a Humildade e o Bom senso, etecetera; ou (2) a opção de enveredar pelo desregramento ético-moral que se traduz em dissolução, concupiscência, ganância, egoísmo, rivalidade, homicídio e um cúmulo de decadências sem fim à vista. O ser humano é composto por este binómio de antagonismos existenciais, lutando permanentemente consigo. Cabe-lhe, pois, a faculdade do livre-arbítrio para decidir a opção que queira filiar na sua rotina diária. Se preferir a opção do Bem estará automaticamente a superar-se a si próprio e a reconstruir saudavelmente o seu percurso de vida de forma sábia, ordeira, justa, irrepreensível e progressista, culminando assim nas Bem-aventuranças eternas. Diferentemente, se optar pelo engodo do Mal, está sem margem para dúvidas, a atrair sobre si todas as desgraças mundanais e a ficar muito aquém daquilo que deveria ser o seu ideal testemunho de vida. 

A primeira eleição representa a Paz e a segunda a Guerra. A Paz no pensar e no exteriorizar os sentimentos que terão reflexos saudáveis na vida do próprio, bem como na dos seus semelhantes. A consequência de tal sensata postura é ser bastante útil à sociedade, fazendo-a sempre o bem, independentemente da gratidão ou ingratidão que possa advir da sua boa acção (LER). É um caminho direccionado, em última instância, para uma vida com nobres propósitos e feliz. Ao passo que a Guerra gera inimizades e ódio que, por sua vez, vão criando estropícios inimagináveis na vida do próprio e na dos terceiros. É um caminho sombrio que conduz à prisão da alma, uma vez que o homem é escravo daquilo que o domina. O resultado final é a perdição eterna. 

A dualidade da Guerra e da Paz emana da natureza do Bem e do Mal intrinsecamente ligados ao Homem. Obviamente que é mais fácil praticar as más acções do que o Bem. Não somos ensinados a fazer o mal. Ele está enraizado no nosso ADN desde a concepção, razão pela qual estamos constantemente a transgredir as regras pré-estabelecidas. O equilíbrio da vida bem-sucedida está em purificar-se das vaidades do mundo. Saber, sobretudo, agir e viver honestamente. Os Princípios e Valores ético-morais que nos são ensinados na família, na igreja, na escola, no relacionamento que vamos fazendo e na sociedade em geral, só por si não chegam. Não nos levam a lado algum, caso houvesse indolência da nossa parte. É preciso uma postura proactiva com vista a adoptar os melhores ensinos que, certamente, terão um impacto positivo na nossa convivência.

Tudo isto para concluir peremptoriamente que somos nós que construímos o mundo e delineamos o nosso destino final, através do caminho que deliberadamente escolhemos. Uma vereda que pode ser de conformismo, insensibilidade, prepotência e de auto-destruição no caso de nos acomodarmos e deixarmos a tendência do mal, que está profundamente enraizada em nós, triunfar. Ou podemos, inversamente, optar pelo caminho da Resiliência, Verdade, Humildade, Justiça, Paz, Amor e Reconciliação. Só incorporando estas excelentes virtudes ético-morais é que o Homem consegue reassumir vigorosamente a sua outrora condição original perdida, isto é, viver em harmonia consigo próprio e com tudo e todos à sua volta. Pode, muitas vezes, resvalar no clima das incertezas e no desânimo presentâneo mas nunca perderá definitivamente o horizonte e o objectivo último da sua real existência: que é viver para o Bem e somente o Bem-fazer. Eis a verdadeira e plena felicidade!