A Polémica Tradução Bíblica de Frederico Lourenço


A unanimidade é algo raríssimo nos meios dos tradutores bíblicos. Foi sempre assim desde os primórdios, tendo em conta a espinhosa tarefa de transladar os textos originais (LER). O manifesto contraditório em torno da recente tradução dos quatro evangelhos de Frederico Lourenço somente veio confirmar este palpite determinista (LER) , (ALI) (AQUI). Isto para dizer que nenhuma tradução bíblica, por mais cuidada que for, consegue ser fiel e imaculada. Com isso não estou a legitimar a controversa tradução de Frederico Lourenço. Longe de mim tal pretensão, até porque aquilo que vou lendo e ouvindo por parte dos Doutores da Lei sobre esta nova empreitada é que ficou bastante aquém dos Textos Originais. 

Confesso, o que mais me deixou perplexo foi a manifesta soberba que o insigne tradutor ostentou nas entrevistas que precederam a apresentação da obra, assumindo-se o protagonismo de um "único anfitrião" que tudo sabe e ensina em matéria dos Textos Originais (ALI) e (AQUI). E mais, o facto do autor confessar-se da religião católica, “mas não praticante há uns anos" e desprovido de formação superior em Teologia, não me parece que esteja espiritualmente à altura de tão nobre desafio de traduzir as Escrituras Sagradas. E tal como escreveu sabiamente o Frei Herculano Alves, o que subscrevo na integra, "é dentro do cristianismo que melhor se compreende o sentido profundo da linguagem da Bíblia; pois não basta traduzir as palavras da Bíblia, mas sentir-lhe o perfume cristão, o perfume que elas foram ganhando ao longo dos séculos, ao passarem pela vida de milhares de milhões de cristãos, no povo de Deus, que foi sempre acompanhado pelo Espírito de Jesus. Isso, sim, é fazer uma tradução cristã, “rigorosa”, da Bíblia. Como disse o Concílio Vaticano II: "A Bíblia deve ser lida com o mesmo espírito com que foi escrita" (Dei Verbum, 12). E se lida, também traduzida" (LER)

Por isso, julgamos que o ilustre Frederico Lourenço está desqualificado espiritualmente para traduzir a Bíblia Sagrada – por não ser Cristão comprometido e de estar completamente desprovido de formação superior em Teologia, tendo em conta o grau de complexidade que o "espirito" das Escrituras Sagradas encerra. Esta complexidade só poder ser aferida pelas mulheres e homens comprometidos com a causa do Evangelho e cheios do Espirito Santo. 

Da minha parte, e sem qualquer tipo de preconceito, gosto mais da Velha Edição Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida (LER). Foi com ela que, desde a mais tenra idade, construí afinidade espiritual até aos dias de hoje. Espero continuar sempre assim.