É um facto
universalmente assente entre os crentes e manifestamente incontestável, que a
Educação Cristã é uma das mais importantes e poderosíssimas áreas eclesiásticas.
Todos os ministérios da Igreja dependem e convergem nela. Não se pode falar isoladamente de Adoração, Evangelização-Missões, Mordomia e Acção Social, sem
previamente correlacioná-los com a Educação Cristã e vice-versa. São ministérios
completamente intrínsecos e indissociáveis da Educação Cristã. Tanto que, por
esta razão, ela tem merecido uma atenção especial por parte de todas as
denominações Evangélico-protestantes ao longo dos séculos, visando levar os
fiéis a perseverarem inabalavelmente “na
doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (Actos
2:42). Por outras palavras, estarem acima de tudo “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o
próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce” (Efésios 2:20).
Só assim, incorporando integralmente estas inequívocas verdades soteriológicas,
poderemos reverenciar Cristo como único Senhor nos nossos corações e responder eficientemente com mansidão e temor a todo aquele que nos
pedir a razão da esperança que há em nós, e, consequentemente, cumprir cabalmente
o mandato da “Grande Comissão” (1 Pedro 3:15; Mateus
28:18-20). A Educação Cristã está associada à Doutrina do Evangelho e esta,
por sua vez, instruí e molda o carácter do crente para a prática de toda a boa
obra (2 Timóteo 3:17).
É verdade
que este postulado teológico tem merecido um amplo apoio no seio do
Cristianismo, insistimos, tendo os círculos mais tradicionais do protestantismo
como herdeiros e vanguardistas. É verdade que há, neste meio Evangélico-conservador, um
investimento acentuado e irrepreensível nos Pastores, Oficiais da Igreja, Professores
da Escola Bíblica Dominical e nos membros em geral, através de reputadas Escolas de Profetas, riquíssimas
ofertas da literatura Cristã, pregações de excelência e ensino doutrinário
consistente. É verdade também que são os meios onde os crentes estão mais bem
preparados para lidar positivamente com os desafios do “presente século mau”, dispondo de melhores biblistas, exegetas e
teólogos, representando na sua generalidade a nata teológica do Cristianismo. Têm, por
esta razão, mais ferramentas bíblicas comparativamente com as outras
denominações. Da mesma sorte, são menos propensos aos riscos de apedeutismo
dogmático, heresias doutrinárias, apostasia religiosa e escândalos espirituais,
tal como comummente se verifica de forma reiterada nos círculos carismático-pentecostais e neo-pentecostais.
Mesmo assim, apesar de todos estes salutares benefícios espirituais que encarnam
desde a Reforma Protestante, não lhes tornam incólumes a uma série de evitáveis
superficialidades e carnalidades que pateteiam. Tinham, em termos objectivos,
tudo para catapultar um boom sem
precedentes, a nível da unidade, coesão e avanço missionário. Acontece que, por
razões cognoscíveis, infelizmente, não é isso que tem vindo a acontecer.
É, por
curioso que pareça, nos meios Evangélico-tradicionais onde se verifica uma
maior estagnação a nível de crescimento dos novos convertidos, pondo em causa o
impreterível “rejuvenescimento” da Igreja,
com todos os agravantes que isto representa no equilíbrio evangelístico. É
também neste meio que há mais indolência espiritual, descomprometimento com a
causa do Evangelho e menos fervor missionário. Há um alheamento galopante dos
crentes com a espiritualidade e tudo o que toca à santidade da vida Cristã. Uma
alienação, de forma subsumida, com a obra de DEUS, dando mais primazia às coisas deste corruptível mundo,
vivendo uma vida azáfama, saturada e depauperada. Uma postura que entra flagrantemente em
contradição com o ideal da vida Cristã e o gozo da salvação.
Perante
todas estas manifestas incongruências espirituais, podemos questionar: será que
os evangélicos tradicionais são realmente guardiões da sã Doutrina, tal como
fazem questão de se auto-proclamar? Em caso afirmativo, porque que denotam mais alienação
com as coisas sagradas? Podemos separar a Doutrina com o decoro Cristão? Até
que ponto a maturidade Cristã pode reflectir a nossa absorção doutrinária? É
possível conhecer autenticamente as Escrituras Sagradas e mesmo assim
negligenciar deliberadamente as suas impolutas prescrições? Ou, inversamente,
esta conduta consubstancia meramente falta do conhecimento delas? Pode haver incongruência entre o conhecimento doutrinário com a vivência prática do
Cristianismo? São pertinentes questões que nos poderão ajudar a compreender
melhor o deliberado desfasamento, esvaziamento, desacerto, desconexão e ignorância espiritual por parte daqueles
que julgam ser detentores das verdades salvíficas e, mesmo assim, ostenta(re)m
uma postura de vida manifestamente contraditória com elas.
Da nossa
parte, julgamos convictamente que a sã Doutrina é a única ferramenta que nos
habilita a ter uma vida espiritual regrada, sacrossanta, bem-sucedida e feliz.
É a Doutrina, tal como formalizava inspiradamente o Reformador Protestante Menno Simons, que revela o carácter
do Homem. Por isso, não temos motivos para concluir que uma pessoa pode
conhecer a Doutrina da salvação e mesmo assim ter uma conduta não conducente
com ela. Uma coisa é o conhecimento teórico, que não tem qualquer tipo de
expressividade na vida da pessoa, limitando-se apenas a saciar o seu ego
intelectual. Outra coisa, e bem diferente, é o conhecimento com repercussões
práticas. Aquele não tem qualquer tipo de valor espiritual, razão pela qual as pessoas
que ficam somente nesse domínio redutor são consideradas “insensatas”. Ao passo que este, o conhecimento prático, é o conhecimento que conduz à vida
eterna, uma vez que todo aquele que ouve as palavras do Senhor Jesus e as
pratica será comparado a um homem sábio, que construiu a sua casa sobre a rocha
da salvação (Mateus 7:24). A Doutrina, sem obras dignas do arrependimento, é morta. Não tem qualquer beneficio espiritual.
A sã
Doutrina, por conseguinte, é a única ferramenta indispensável e exequível que a Igreja
Vitoriosa dispõe ao seu alcance para dinamizar a sua acção missionária para com
o mundo perdido, habilitando-a incansavelmente no poderoso testemunho da fé e
na proclamação do Evangelho. E este pressuposto só se alcança mediante o ensino
aprofundado da Palavra de DEUS (Educação Cristã, bem entendido). Por isso, todo
o triunfo espiritual passa indubitavelmente em conferir importância cimeira à
Educação no seio das Igrejas, bem como em todos os ministérios que lhes são subjacentes,
para um maior e melhor sucesso religioso-espiritual. Que assim seja.