Ponho hoje um ponto final na série de
publicações “A
Mulher e os Livros” – depois de longos e ininterruptos
cinco anos a retratar as várias facetas, origens e faixas etárias de “nô
padiduris” (VER). Escolhi deliberadamente as mulheres
para retratar, tendo em conta o meu intrínseco “lado
feminino” – poderá, porventura, esperar-se algo diferente de um homem
com quatro irmãs consanguíneas? A resposta é obviamente negativa (LER). O livro deve ao facto de ser uma
das ferramentas imprescindíveis e irrenunciáveis para uma genuína emancipação
de qualquer ser humano, máxime das inofensivas mulheres do jugo opressor que,
infelizmente, nos dias pós-modernos, a sociedade continua insensivelmente a
reduzi-las. A instrução, a cultura, a civilização, a sabedoria, a autonomia e a
autodeterminação são valores que se adquirem facilmente nos livros de vários
saberes humanos. Uma mulher com boa bagagem literária (boa formação, bem
entendido) certamente que tem mais antídotos necessários para, de forma sábia e
eficaz, fazer face aos abusos da sociedade machista e injusta a que estamos
circunscritos. Dito por outras palavras, está mais habilitada a viver
condignamente no mundo dos homens.
Sem entrar mais em prolegómenos,
retratar a Mulher não é tarefa fácil, uma vez que ela não pode ser delimitada
por apenas uma única formulação. Por isso, na mesma esteira do
pensamento, “os
poetas exaltaram as qualidades, os moralistas colocaram a nu os defeitos, os
publicistas discutiram os direitos, os médicos descreveram as doenças, os
fisiologistas mostraram os mais íntimos segredos da sua organização”,
escrevia peremptoriamente Cérise. Mesmo assim, a mulher será sempre mulher
independentemente do estudo realizado e do juízo formado a seu respeito no
contexto em que esteja inserida. Ela será sempre o mistério vivente, por
virtude do qual o homem nasce, vive e morre. Eis, em última instância, a
verdadeira definição e encarnação da Mulher na sua multiforme configuração
antropológica.