A Importância de Orar de Joelhos


Orar é uma marca indelével na vida dos Cristãos. É uma das formas solenes e especiais que dispomos para interagirmos com o nosso Pai Celestial. Somos chamados a orar sem cessar (1 Ts 5:17), tendo em conta os grandes desafios que a vida espiritual comporta a todos os níveis. Devemos orar com a postura adequada e com o temor reverencial que se espera dos filhos do Todo-Poderoso DEUS, sobretudo de joelhos. Orar de joelhos traduz, em última instância, a postura mais correcta de se apresentar diante do nosso Magnífico DEUS. Também diz muito sobre o grau da reverência que demonstramos para com ELE. É uma boa prática religiosa que já vinha desde a mais antiga tradição judaica. Os profetas do Antigo Testamento comummente oravam de joelhos. O Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigénito de DEUS, subscreveu na íntegra este modelo de espiritualidade e orava de joelhos. Os seus discípulos, da mesma sorte, oravam de joelhos, bem como a Igreja primitiva. 

No entanto, por vicissitudes várias e supervenientes, orar de joelhos é uma boa prática que a ala tradicional do protestantismo postergou na sua liturgia pública e privada. Praticamente não se ensina na Escola Bíblica Dominical (EBD) e nos cultos congregacionais, fazendo com que a generalidade dos fiéis não o coloque em prática nas suas orações devocionais e espiritualidade em geral. Somente se verifica esporadicamente nos cultos da ordenação pastoral e de casamento, tendo em conta a imposição das mãos do presbitério perante os consagrados. Mesmo nos círculos pentecostais ou neo-pentecostais, onde se costuma enfatizar efusivamente o conceito de oração, acabam sempre por esvaziar este importantíssimo pressuposto espiritual e ficar bastante aquém na postura mais correcta que se deve seguir diante do SENHOR para orar. 

Orar de joelhos, tal como sustenta sabiamente Joseph Ratzinger, “é a posição de oração que exprime a extrema submissão à vontade de Deus, o abandono mais radical a Ele; uma posição que a liturgia ocidental prevê ainda na Sexta-Feira Santa, na Profissão Monástica e também na Ordenação Diaconal e nas Ordenações Presbiteral e Episcopal”. O Senhor Jesus ora de joelhos no Monte das Oliveiras– momentos antes de enfrentar a dolorosa Cruz (Lc 22.41). Hernandes Dias Lopes, na mesma esteira do pensamento, escreve que “o Deus eterno, criador do universo, sustentador da vida está de joelhos, com o rosto em terra. O Rei da glória está prostrado em humílima posição”. O Evangelista Mateus regista que o Senhor Jesus “prostrou-se sobre o seu rosto, orando” (Mt 26:39). Marcos narra que ele “prostrou-se em Terra” (Mc 14:35). Lucas, diferentemente dos dois evangelistas, descreve que o Senhor Jesus “pondo-se de joelhos, orava” (Lc 22:41). No chão duro, e sem qualquer tipo de suporte ou comodidade, o Senhor Jesus orava de joelhos, renunciando assim qualquer tipo de conforto na Sua intercessão. 

A Bíblia Sagrada ensina-nos várias formas de oração e/ou postura a adoptar. Com efeito, orar de joelhos ou deitar-se no chão para orar normalmente envolve casos de grandes contradições, intensas lutas espirituais, perigos iminentes, situações de ruptura e pedidos de urgência. Tanto que, por esta razão, antevendo a Sua morte horas depois, o Senhor Jesus Cristo colocou-Se de joelhos a orar, trançando assim uma bitola para os seus discípulos nos momentos cruciais e determinantes da batalha espiritual. Tomando por base a posição de oração, sustenta ainda Joseph Ratzinger, “insere esta luta nocturna de Jesus no contexto da história da oração cristã: Estevão, durante a lapidação, dobra os joelhos e reza. (cf. Act 7, 60); Pedro ajoelha-se antes de ressuscitar Tábita da morte (cf. Act 9, 40); Paulo ajoelha-se quando se se despede dos anciãos de Éfeso (cf. Act 20, 36), e outra vez quando os discípulos lhe dizem para não subir a Jerusalém (cf. Act 21, 5). A propósito, diz A. Stoer: «Todos eles, perante a morte, rezam de joelhos; o martírio não pode ser superado senão através da oração. Jesus é o modelo dos mártires” (LER)

Perante a verdade exposta, precisamos urgentemente de despertar e readoptar esta posição de oração de forma regular nos nossos cultos público-congregacionais e, deste modo, estimular os crentes a seguir o mesmo nas suas rotineiras orações em casa. A Igreja deve servir de exemplo neste sentido. E para isso impõe-se libertar humildemente de perniciosos comodismos, conformismos, complexidades, atrofiamentos, resignações e marasmos obstrutivos, que em nada contribuem para o verdadeiro crescimento e fortalecimento da nossa adoração. Que DEUS nos perdoe e nos ajude a superar estes importantes desafios espirituais no nome Bendito de Jesus Cristo. Que assim seja.