Logo que chegou ao píncaro do Vaticano Jorge Mario
Bergoglio despertou-me uma atenção muito especial, por causa do seu
desprendimento materialista e indiscutível sensibilidade humano-social, somando
a inexcedível postura de simplicidade que ostenta como pessoa. Apesar da minha
rígida concepção Evangélico-protestante passei benevolentemente a olhar à
Igreja Católica com elevada expectativa, no sentido que a nova liderança
expurgasse a série de heresias que foram desnecessariamente introduzidas no seu
seio ao longo dos séculos, tal como oportunamente manifestei na altura (LER).
Afinal de contas tinha resvalado, sem dar conta disso, numa fanfarra de ilusão.
Rapidamente o Papa Francisco passou para um figurino de imprevisibilidade, numa
debalde tentativa soteriológica de atrair a ala outrora proscrita da koinonia da
igreja, pregando subtilmente o ecumenismo bíblico. Em consequência disso, a sã
doutrina foi manifestamente postergada em detrimento dos interesses
e lobbies poderosos. O recente sínodo dos bispos no Vaticano, máxime o ponto concernente à comunhão dos homossexuais na igreja (LER),
a interpretação lato sensu sobre a inerrância da revelação
bíblica (LER) são
alguns exemplos ilustrativos das manobras perigosas que este papa tem vindo a
enveredar sorrateiramente.
Com o pontificado de Joseph Ratzinger sabíamos perfeitamente
com o que podíamos contar, diferentemente do Papa Francisco que é ambivalente e
imprevisível em tudo quanto faz. Aquele jamais teria hesitado ao ponto de abrir
um debate sobre a homossexualidade no Vaticano e, muito menos, desdobrar-se em
desvelos alimentados por uma mercenária ânsia de legitimação secular. O
velho intelectual bávaro personificava tudo de bom que o papado representa em
termos dogmáticos, inclusive na sua peculiar forma de estar e relacionar com os
fiéis. Um homem invulgarmente articulado e irredutível nas suas convicções
doutrinárias: humilde, discreto, intrépido, verve e carismático. Teólogo de
reconhecido mérito internacional, que não se verga às pressões e expectativas
mundanas. Aversivo à corrente do racionalismo e liberalismo teológico que mina,
de forma galopante, o catolicismo. Debatia intransigentemente na defesa dos
grandes Princípios e Valores Cristãos, que fez dele um papa controverso (LER). Manteve-se
neste registo "polémico" até à sua abrupta e
incompreensível resignação no ano passado (LER) e (AQUI). Refugia-se,
agora, numa austeridade espiritual, aguardando, com sentido do dever cumprido,
a sua hora de partida para o além.
O Papa Francisco além de ser um fervoroso irenista
é também demasiado amigo do mundo, ignorando o preceito sagrado que se alguém
quer ser amigo do mundo torna-se automaticamente inimigo de Deus (Tiago
4:4). Por ser tanto amigo do mundo despoletou a simpatia e o consenso
generalizado em torno da sua pessoa ao ponto de lhe ser outorgado, no ano passado,
o prémio da figura do ano pela revista Time (LER) e revista gay
The Advocate (LER).
Ora, sabemos que nada disto coaduna com a Palavra de
DEUS, mormente para um arauto do Evangelho. "Ai de vós, quando
todos vos louvarem”, advertia peremptoriamente o Senhor Jesus no
Sermão do Monte (Lucas 6:26). Tanto os Profetas do Antigo
Testamento, os grandes Heróis da Fé, o próprio Senhor Jesus Cristo, os santos
Apóstolos e demais servos de DEUS ao longo da História, nunca tiveram aceitação.
As suas pregações não geraram anuência perante os seus ouvintes, antes pelo
contrário, foram motivos de hostilidade e chacota. É justamente por esta razão,
que alguns deles sofreram escárnio, foram vergastados, atados e postos na
cadeia, apedrejados, serrados ao meio e mortos à espada. O mundo não era digno
deles (Hebreus 11:33-39). Isto para concluir de forma
categórica que a mensagem do Evangelho não é de consenso, mas sim de completa
ruptura; ruptura com a velha natureza, com o pecado e com tudo que obsta à
genuína conversão.
Ademais os Cristãos não foram chamados a conformar com o
curso tenebroso deste "presente século mau", porém transformá-lo com a
renovação viva da Palavra de Deus (Romanos 12:2). Quando estes
imperativos bíblicos são postos em causa, consubstancia abertamente uma fraude
espiritual e um péssimo augúrio para aqueles que se auto-intitulam filhos de
DEUS. Por isso, urge o papa Francisco reconsiderar seriamente a sua posição
doutrinária e ajustá-la aos impolutos cânones sagrados com vista a salvar a si
próprio e consequentemente a Igreja Católica.