A Mesma Saudade de Sempre, Mãe!


Faz hoje 26 anos que a minha queridíssima mãe Anjeipo Có morreu. Partiu repentina e prematuramente para surpresa de todos nós. A partir dessa funesta data eu e os meus irmãos ficámos definitivamente órfãos, pobres, desventurados e desamparados no mundo. Perdemos, com o desaparecimento físico dela, o núcleo fundamental e suporte insubstituível e irreparável da nossa família. Nada nesta transitória vida poderá preencher o incomensurável vazio e a falta que ela vai sempre fazendo durante toda a nossa peregrinação neste “vale de lágrimas”. Perdemos tudo e estamos sozinhos no mundo. Não temos, desde muito cedo, a legítima protecção dos nossos progenitores e com as profundas mazelas que tudo isto representa no nosso crescimento e equilíbrio humano-emocional. Tivemos de crescer “fora do tempo”. Ganhar cedo o juízo e noção de responsabilidade. Aprender, acima de tudo, a conviver com as injustiças, o abuso, a discriminação e toda a sorte de arbitrariedades que somente uma pessoa órfã conhece tão perfeitamente. 

Por isso diz o ditado popular, para vincar esta grande verdade antropológica, “quem tem uma mãe tem tudo, quem não tem mãe não tem nada”. E de facto eu e os meus irmãos já não temos uma das maiores e melhores preciosidades que um ser humano possa ter nesta madrasta vida. Mesmo assim, temos connosco o Todo-Poderoso DEUS que defende a nossa causa, orientando-nos e suprindo todas as nossas necessidades (Deuteronómio 10:18; Salmo 146:9), bem como o resquício da família que ainda nos resta (ALI) (AQUI)

Cientes da nossa limitada condição de orfandade, continuaremos a ornamentarmo-nos com a herança que recebemos dos nossos progenitores. Procurar ser coerentes com a nobre educação que humildemente nos confiaram, isto é, de nunca renegarmos aquilo que é o nosso substrato identitário e afirmar-se na sociedade como homens e mulheres de bem. Só assim poderemos, de forma vigorosa, perpetuar a memória dos nossos queridos pais. 

A minha querida mãe Anjeipo Có partiu, desapareceu e morreu precocemente para tamanha infelicidade de todos nós. “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Job 1:21). Resta-nos, agora, apenas, recordá-la com a mesma saudade de sempre. Até sempre, mãe!