A outra
questão pertinente é a de saber se, de facto, um Cristão baptizado poderá deliberadamente
privar-se da Ceia do Senhor? Entendemos obviamente que
não. Jamais um crente poderá abdicar de comungar da Ceia do Senhor, uma vez que
é uma ordenança bíblica que transcende o seu livre-arbítrio. Uma ordenança é
uma ordem, mandado, lei e, portanto, revestido de força obrigatória geral. Não
está à disposição do particular, neste caso do Cristão, razão pela qual tem
imperiosamente de ser reverenciada e escrupulosamente cumprida. Ademais, ela
retrata a comunhão visível do crente com o Senhor Jesus e a sua Santa Igreja. E
todo o redimido no Senhor Jesus não está autorizado a furtar-se a tão sagrada
comunhão eclesiástica, mesmo que seja temporária. O vínculo
com DEUS é permanente e eterno.
No entanto, tendo em
atenção tais importantes observações, importa ainda salientar que o crente
também não pode tomar a Ceia de forma indigna, sob pena de ser culpado do corpo e do sangue do
Senhor Jesus (1 Coríntios 11:27). Por outras palavras, o crente não pode
tomar a Ceia do Senhor em condições de pecado. Precisa esclarecidamente estar consciente
da sua condição espiritual, no sentido de não ter qualquer tipo de diferendo
com DEUS ou com o seu próximo, para assim poder comungar da Ceia[1].
Por isso, zelar diariamente pela nossa santidade é condição indispensável para
a vitória espiritual. Infelizmente, na
generalidade das situações, não é isso que acontece. Mesmo assim, não é
desculpa para não estar em devida comunhão com DEUS. Podemos sempre pedir-Lhe
perdão dos nossos pecados, bem como reconciliar-se oportunamente com Ele e com
o nosso próximo o mais rápido possível.
Se for possível, quanto depender de nós, exortava inspiradamente o
Apóstolo Paulo, “tende paz com todos os homens” (Romanos 12:18). Assim
sendo, nesta linha de orientação, de acordo ainda com a revelação da Palavra de
DEUS, “se trouxeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa ali mesmo diante do altar a tua oferta, e
primeiro vai reconciliar-te com teu irmão, e depois volta e apresenta a tua
oferta” (Mateus 5:23-24). O mesmo critério se aplica no tocante a Ceia do
Senhor. Se tivermos algum pecado temos a total liberdade de confessá-lo a DEUS
e consequentemente tomar a Ceia, contando que a confissão seja realmente
genuína. Não há pecado que DEUS não perdoe, excepto a blasfémia contra o
Espírito Santo que não será perdoada aos homens, nem neste século nem no futuro
(Mateus 12:31-32). Cremos que um autêntico Cristão jamais cometeria este
pecado, tendo em conta a sua natureza abominável. O crente jamais poderá
abdicar de tomar a Ceia do Senhor, insistimos, da mesma forma não pode tomá-la
em condição de pecado. Por isso, como advertia o Apóstolo Paulo, “examine-se,
pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o
que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do Senhor”. Por causa disto, prosseguia ainda, “há
entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” (1 Coríntios 11:28-30).
Esta é uma das consequências inevitáveis de tomar a Ceia do Senhor
indignamente, sem previamente examinar-se a verdadeira condição espiritual. Acreditamos,
da mesma sorte, que todos aqueles crentes que deliberadamente privam-se da Ceia
do Senhor incorre exactamente nas mesmas penalidades acabadas de se mencionar,
isto é, fraqueza espiritual, doença e, por fim, morte física, não obstante
continuarem a ser salvos e assegurados a promessa da vida eterna em Cristo Jesus.
A finalidade última de serem infringidos estas “penalidades” por Omnisciente
Jeová, segundo ainda o Apóstolo Paulo, é para não serem condenados com o mundo (1
Coríntios 11:32). A condenação do mundo é para a perdição eterna. Ao passo
que esta condenação dos Cristãos do versículo trinta e dois do capítulo onze de
primeira Coríntios visa meramente poupar os Cristãos infractores da Ceia do
Senhor a serem condenados com o mundo incrédulo.
É sempre conveniente
pedir sistematicamente perdão a DEUS, especialmente nos momentos antecedentes à
Ceia, e não se furtar dela, como alguns crentes fazem como “antídoto”.
Isto porque, como diziam alguns conceituados teólogos, o Diabo tem usado de
forma distorcida os versículos 28 até 30 do capítulo 11 de 1 Coríntios para
afastar os crentes da comunhão da Ceia. O objectivo das referidas passagens
bíblicas não é para os crentes ficarem assustados ou temorosos em não tomar a
Ceia do Senhor. Apenas servem para despertar ainda mais a nossa consciência e
permanente vigilância espiritual sobre o temor reverencial perante tão grandiosa
ordenança – de modo que a postura correcta do crente não é fugir da Ceia, mas
sim fugir do pecado e, deste modo, comungar da Ceia. O segredo é
sempre pedir perdão a DEUS e procurar ter uma vida espiritual regrada, comprometida,
santa e irrepreensível.
[1] Mais uma vez, chamamos a atenção
que este vídeo é bastante curto, tendo em conta a problemática doutrinária que
encerra no juízo do Cristão tomar ou não a Ceia do Senhor, razão pela qual,
para não induzir ninguém a cair no erro teológico, recomendamos também a
leitura na íntegra do artigo incorporado ao nosso vídeo para ficar mais bem
esclarecido.
Desde
logo, sem quaisquer tipos de reservas, entendemos que nenhum Cristão Baptizado
poderá abdicar de tomar a Ceia do Senhor, da mesma forma não pode tomá-la em
condição de pecado, sob pena de cair nas penalidades dos versículos 28 até 30
do capítulo 11 de 1Coríntios. Entendemos ainda que o crente tanto caí nestas
penalidades, tomando indevidamente a Ceia do Senhor, bem como recusando
deliberadamente comungar dela. A Ceia do Senhor é uma ordenança com força
obrigatória geral para todos os Cristãos “nascidos de novo”.