Estátua da Democracia Vai Cair?

Este foi o tema da capa da reputada revista Courrier Internacional há quatro anos, denunciando que os sinais da intolerância política avolumam-se, a uma velocidade impressionante, nos últimos tempos: eleições dominadas pelo sentimento de raiva dos votantes, chegada ao poder, em diversas nações, de líderes autoritários e anti-sistema, regresso dos populismos e dos discursos nacionalistas e de ódio, etc. E, por fim, questionava: o que significam estes acontecimentos para o futuro das democracias representativas? Qual a razão da cada vez maior desconexão entre as elites e as populações? Porque cresce o discurso de ódio e o sentimento de intolerância? 

Celebra-se hoje o “Dia Internacional da Democracia”. Um dia especial para pensarmos sobre o papel da Democracia no progresso dos países e povos em especial. Na democracia participativa não existe o inexorável “estado leviathan”, tal como concebido por Thomas Hobbes, nem a despótica “razão do estado” preconizado por Nicolau Maquiavel e, muito menos, o discricionário “estado de obediência” formulado por Martinho Lutero. Existe, sim, sem dúvida, o estado de direito democrático onde as liberdades e os direitos fundamentais são realidades concretizáveis na esfera jurídica dos particulares, sobretudo o triunfo da maioria sobre a minoria. 

Nunca é tão urgente reflectirmos o papel amiúde importante e determinante da Democracia nas sociedades abertas. Nunca é tão indispensável defender a Democracia liberal com “unhas e dentes” como nos tenebrosos e assustadores dias em que vivemos. Nunca a Democracia foi tão ignorada e ameaçada como nos dias de hoje. A Democracia Representativa não é uma forma plena e garantida, antes comporta inimigos personificados no nacionalismo, radicalismo, autoritarismo, racismo, fanatismo religioso e toda a sorte de intolerância. 

O turbilhão político-governativo que o nosso mundo vive, e com implicações avassaladoras sem precedentes na vida de milhões de pessoas, é o reflexo notório de todas essas perigosas ameaças à Democracia por autoritarismo dos déspotas. Cabe-nos, por isso, todos os homens e mulheres de “boa vontade”, defender afincadamente os grandes princípios e valores da democracia participativa para, desta forma, construir um mundo mais justo, fraterno, igualitário e progressista.