O meu grandíssimo amigo
e irmão em Cristo Hugo Alexandre Pereira Mendes morreu no passado dia 28 de
Dezembro (LER).
Morreu de forma súbita contra qualquer tipo de previsão clínica ou sinal
convergente nesse sentido. Morreu para grande tristeza nossa que gostávamos
imenso dele. O Hugo não resistiu à surpreendente e maldita doença que lhe
ceifou a vida. Ele estava praticamente bem, na medida do possível, aos nossos
olhos, e de repente morreu. Morreu de forma inesperada e apressada,
deixando-nos completamente consternados com a sua prematura morte. Foi tudo
surpreendente, rápido, inacreditável e definitivo. Não há mais outra volta a
dar: o grande Hugo Mendes realmente morreu.
O Hugo foi
primeiramente amigo do meu irmão mais velho, o Evaristo Vieira. Ouvia falar
tanto do Hugo em Bissau, através do Evaristo, sem conhecê-lo pessoalmente.
Depois, com a minha vinda para Lisboa, acabou por ser também meu amigo e amigo
dos meus amigos mais próximos. Fazia parte do meu círculo restrito de amizade e
dos mais destacados amigos que tinha. O Hugo era mais do que um amigo. Era,
sim, um verdadeiro irmão em Cristo. O Hugo foi grande amigo do Evaristo. Também
foi meu grandíssimo amigo. Mais, o Hugo não ficou somente nestas dimensões. O
Hugo foi também amigo dos meus irmãos, da minha família e da parcela dos meus
bons e restritos amigos. Foi o Hugo que acompanhou o Evaristo para me buscar ao
aeroporto, aquando da minha vinda para Lisboa estudar, bem como posteriormente
as minhas cunhadas e os meus sobrinhos.
O Hugo foi bastante
importante e determinante na minha integração na Igreja Evangélica Baptista da
Amadora (não só a mim como também alguns estrangeiros que se filiaram na nossa
igreja). Estava sempre comigo para tudo o que é lado: nos convívios, nos aniversários,
na minha casa, nos almoços ou a jantar fora. Quando eu estava doente, nos casos
que inspirava cuidados redobrados, em que não conseguia deslocar-me sozinho,
era sempre o Hugo que me acompanhava para o hospital. Se precisasse de dinheiro
emprestado era sempre ao Hugo que pedia emprestado e dava-me sempre sem
reclamar ou cobrar. O Hugo era uma pessoa de confiança em quem eu inteiramente
confiava. Falávamos sobre as várias coisas. Era um irmão presente – tanto nos
maus como nos bons momentos. Estava sempre disponível para ajudar quem fosse.
Não tinha qualquer tipo de tiques de preconceito, arrogância, polémica ou
vaidade do mundo. Era uma pessoa bastante humilde, prestativa, agregadora,
apaziguadora, altruísta, solidária e amorosa. Dava-se bem com tudo e todos à
sua volta. Fazia ponte entre as pessoas, sobretudo de sensibilidades
diferentes. O Hugo era simultaneamente amigo dos portugueses, dos africanos,
dos brasileiros e de todos aqueles que cruzavam o seu caminho. Não fazia
acepções de pessoas e, muito menos, contribuía para discriminar ou
desqualificar quem fosse. Tratava todo o mundo por igual e com amor Cristão,
que a Palavra de DEUS nos insta a fazer, independentemente da condição da
pessoa em questão ou do seu merecimento.
O Hugo Mendes, a par de
todas estas qualidades e virtudes, era também uma pessoa de bastante fé e
inteiramente comprometido com a Causa do Evangelho do Senhor Jesus Cristo.
Tinha um conceito bem apurado de Missões e Evangelização. Tanto que, por esta
razão, esteve algum tempo na cidade de Chaves a fazer Missões a tempo integral,
encarnando assim na íntegra o pepel do "Missionário Itinerante".
Depois continuou a servir como professor da Escola Bíblica Dominical (EBD), na
nossa igreja, ao longo de mais de duas décadas. Foi, em tempos, um dos líderes
da Juventude da nossa Igreja. Actualmente, era professor da Escola Bíblica
Dominical (EBD) e membro da Comissão de Exame de Contas. Nunca recusou servir.
Correspondia sempre com o pedido para fazer parte dos ministérios da Igreja,
não obstante ter motivos suficientes para não assumir nenhumas
responsabilidades na Igreja. O Hugo era realmente uma pessoa de fé incrível e
devotada a DEUS, insisto. Viveu a fé no Senhor Jesus Cristo até ao fim da sua
brevíssima vida. Estava sempre presente na Igreja e permanentemente ligado à
Igreja. Não faltava à Escola Bíblica Dominical e aos cultos em geral. O seu
testemunho foi crucial na conversão do seu irmão Bruno Mendes e,
posteriormente, dos seus pais – irmão Florêncio Mendes e a irmã Joana Mendes.
O Hugo sempre foi
orgulhosamente da nossa Igreja, a Evangélica Baptista da Amadora. Quando
comecei a congregar também na referida Igreja, o Hugo já servia diligentemente
ao Senhor Jesus Cristo. Serviu sem pausas ou intervalos. Serviu sem
questionamentos ou lamúrias. Serviu de forma intensa e abnegada. Serviu
ininterruptamente até ao fim da sua vida. Esteve connosco no último culto
dominical, e também no culto de Natal das 11 horas, antes de morrer. Nas
conversas que mantivemos, no fim da Escola Bíblica Dominical (EBD) e do culto,
tal como era sempre costume, convidou-me para ir passar o Natal com eles.
Contou-me que ele e a família iriam passar a consoada em Campo de Ourique, em
Lisboa, no entanto, no dia 25, estariam em casa e podia estar perfeitamente com
eles na celebração. Disse-lhe que, por outras razões, não me seria conveniente,
agradecendo-lhe na mesma pelo honroso convite.
Já no culto do dia de
Natal perguntei-lhe como é que tinha corrido a ceia do dia anterior, brincando
com ele se “esteve ou não à altura do grande desafio” da noite, isto é, se
comeu muito ou não. Disse-me que não comeu assim grande coisa. E achei estranho
o facto de ele não comer tanto, ainda por cima no Natal, uma vez que o Hugo
gostava de comer bem. No dia anterior tinha-me confessado que estava a ter
agora algumas precauções nas coisas que comia – por causa de recomendação
médica, etc. Concordei com ele e encorajei-o ainda a adoptar mesmo uma postura
de austeridade com a alimentação, evitando alimentos que não são benéficos à
saúde. E ele, por sua vez, como sempre, concordou plenamente comigo neste
sentido. Perguntei-lhe ainda a que horas saíram de Campo de Ourique para casa.
Respondeu-me que só chegaram a casa por voltas das 6 e tal da manhã. Às 11h00,
ele e os pais, já estavam novamente na Igreja para assistirem ao culto
natalício. Dei-lhe os parabéns pelo facto de praticamente fazerem “directa”
para estarem presentes no culto do dia de Natal que, por vicissitudes várias e
supervenientes, muitos Cristãos não dão a devida importância. Convergimos no
mesmo parecer sobre a importância cimeira do culto no dia 25 de Dezembro e
falámos ainda sobre as demais coisas e, desta forma, despedimo-nos um do outro
com votos de um feliz Natal – na certeza de que nos encontraríamos nos próximos
dias que se avizinhavam. Mal sabíamos que era o nosso último encontro. Trocámos
ainda mensagem pelo whatsapp na quarta-feira e na quinta-feira de manhã recebi
a inesperada mensagem de que o Hugo morreu. É isso mesmo: o Hugo realmente
morreu contra todas as previsões e expectativas. Já não está mais connosco no
mundo dos vivos. Não está e jamais estará connosco neste sofrido e pecaminoso
mundo, mas estará sempre nos nossos corações e lembrá-lo-emos pela sua
maravilhosa passagem nesta vida. Cedo ou tarde, encontrá-lo-emos no céu e
juntos estaremos a adorar o nosso Altíssimo DEUS, o dono da vida, para toda a
eternidade. Amém.
O Hugo morreu a servir
ao nosso Todo-poderoso DEUS. Morreu estando sempre na Casa do Senhor e,
concomitantemente, a servir. Sentia-se bem em estar na Igreja. A Igreja era
tudo para ele. É na Igreja que o Hugo mais se movimentava desde quando abraçou
a fé Cristã. A morte prematura do Hugo vem nos lembrar, mais uma vez, que a
vida é precária, limitada e passageira. Passa tão rápido que nos ultrapassa.
Hoje estamos aqui e amanhã já não estamos. Por isso, devemos investir naquilo
que realmente importa. Investir os nossos dons e talentos na Causa do Reino de
DEUS. Investir nas pessoas através dos valores do humanismo e humanidade.
Investir na vida do compromisso, entrega, serviço, santidade e santificação.
Investir, acima de tudo, no nosso relacionamento com o Senhor Jesus Cristo, a
Sua amada Igreja e com o próximo à nossa volta. O nosso estimado amigo e irmão
Hugo Mendes correspondeu a estas expectativas espirituais durante a sua curta
peregrinação aqui na Terra, dando o testemunho poderoso do Senhor Jesus Cristo
na sua vida. Apesar de, cada vez mais, se acentuarem as suas limitações físicas
e debilidades a nível de saúde, o Hugo nunca se resignou a prosseguir em frente
com fé e alegria no coração. Não andava murmurado, carrancudo, mal-humorado,
revoltado com a sua condição e, tão pouco, questionava DEUS pelas provações que
estava a enfrentar. Sempre estava bem-disposto, humorado, satisfeito, alegre,
feliz e grato a DEUS pela vida que vivia. Aceitava de bom grado a vontade de
DEUS na sua vida e encarava tudo o que lhe acontecia como um desafio e processo
de aperfeiçoamento espiritual. Nas longas conversas que tínhamos inúmeras
vezes, vislumbrei nele sempre bastante fé e esperança em DEUS. O Hugo, tal como
o Apóstolo Paulo, combateu o bom combate, acabou a carreira, guardou a fé. (2
Tm 4:7), razão pela qual voltou muito cedo para a Casa do Pai, o nosso DEUS, e
de todos aqueles que abraça(r)am a fé no Senhor Jesus Cristo como único
Salvador das suas vidas. O Hugo Mendes já ouviu as promovidas palavras de
glória ditas pelo nosso Senhor Jesus Cristo: “muito bem, servo bom e fiel;
sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu
senhor” (Mt 25:21).
Em suma, temos somente
de agradecer profundamente a DEUS pelo facto de dar-nos a grata oportunidade de
cruzar o caminho do Hugo Mendes, convivendo com ele e sermos sobremaneira
abençoados por ele. Fomos todos abençoados pelo seu belo e rico testemunho de
vida. Por isso, temos de agradecer a soberania de DEUS sobre a vida do nosso
estimado irmão Hugo Mendes e reafirmar com fé e esperança a salvífica verdade
bíblica sobre o quão “preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl
116:15). E assim, desta forma, reconhecer humildemente que “o Senhor o deu, e o
Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Amém.