Quem Vai Morar no Céu com DEUS?



Este foi o título da minha pregação no domingo passado na Igreja Evangélica Baptista da Amadora (IEBA), baseado no texto bíblico do Salmo 15:1-5. Não é um tema nada consensual no seio do Cristianismo, razão pela qual ele tem sido exaustivamente objecto de infindáveis querelas doutrinárias ao longo dos séculos. A começar, desde logo, com as teses deterministas do Monergismo e o voluntarismo do Sinergismo que se vão desdobrando dentro delas em muitas outras concepções dogmáticas sobre os pressupostos axiológico-teológicos que caracterizam e encerram o processo da salvação. Aquela com um amplo acolhimento nas igrejas tradicionais Protestantes, máxime no Calvinismo e no Jansenismo Católico. Esta, o Sinergismo, por sua vez, é maioritariamente defendida pelos movimentos Carismático-pentecostais e Neopentecostais, bem como por Pelagianos, Semipelagianos, Ortodoxos Orientais, adeptos do Teísmo Aberto e outros. Ela é encabeçada, acima de tudo, pelo Arminianismo. O primeiro entendimento nega peremptoriamente a faculdade do livre-arbítrio na salvação do Homem, tendo em conta a sua “depravação total” resultante do pecado original, ensinando que a salvação é toda ela fruto do trabalho exclusivo do nosso Bom DEUS. Ninguém é salvo por alguma obra ou espontânea decisão sua, mas tão-somente pela imerecida graça de DEUS. O Todo-poderoso DEUS escolhe quem ele quer salvar e os salva, deixando à mercê aqueles que predestinadamente vão para o inferno. Por outras palavras, a graça soteriológica é irresistível para com os eleitos de DEUS. Ao passo que o segundo refuta o Monergismo, defendendo que o Homem coopera na obra da sua salvação. Isso significa que a regeneração não depende exclusivamente da obra soberana de Deus, mas também está interligada com a vontade humana. Ou seja, diferentemente do Monergismo, na formulação Sinergista a fé precede a regeneração, visto que DEUS espera pela vontade humana para responder positivamente ao convite da salvação. DEUS não condiciona o Homem no seu livre-arbítrio e, tão pouco, impinge-lhe a salvação contra a sua vontade. A graça de DEUS é oferecida a todos os Homens, contando que cada um queira beneficiar-se dela. As pessoas que são ou serão salvas é porque optaram por escolher a salvação. Os que, infelizmente, vão para o inferno são pessoas que deliberadamente declinaram a graça salvífica de DEUS, sustenta o Sinergismo. 

Da minha parte, não obstante fazer este enquadramento doutrinário para dilatar melhor o alcance dos irmãos na assimilação do sermão, não tomei nenhuma posição em concreto sobre o debate em apreço. Limitei-me apenas a salientar que, independentemente da posição de cada um sobre esta complexa temática, quem vai morar no céu deve notoriamente encarnar e concomitantemente ostentar as impolutas virtudes humano-espirituais explanadas nas Escrituras Sagradas, sob pena de ver as suas irrealistas expectativas teológicas frustradas no dia do Juízo Final, aliás, tal como ensinou o Senhor Jesus (Mateus 25:41-46). Portanto, os que vão entrar realmente no Reino de DEUS são aquelas pessoas que fazem mesmo a vontade de DEUS e não as que se autoproclamam falsamente serem salvas (Mateus 7:21-29). Foi na mesma esteira do pensamento que o salmista David seguiu no Salmo 15:1-5, isto é, quem vai morar no céu tem de ser uma pessoa manifestamente íntegra, justa e verdadeira em todos os aspectos da sua vida e actuação. Não deve ser maldizente, bisbilhoteira ou mentirosa, bem como deve ter a capacidade suficiente para desprezar tudo aquilo que é contrário aos imaculados Princípios e Valores Cristãos. Aquele que não é individualista, egoísta, interesseiro ou de mau carácter e, tão pouco, mau pagador ao ponto de prejudicar o seu próximo com as suas astúcias. Deve, antes pelo contrário, ser uma pessoa que evidencia os frutos do Espírito na sua vivência diária (Gálatas 5:22) e, desta forma, confirmar pelo seu procedimento que é um autêntico regenerado pelo sangue do Senhor Jesus. Todo o que assim proceder, tal como encerrava o salmista, jamais será abalado. Jamais sucumbirá. Jamais, em circunstância alguma, ficará decepcionado. Terá graciosamente a promessa da vida eterna com ele. Que assim seja.