O Dever de Trabalhar, na Doutrina Social da Igreja


“A consciência da transitoriedade da «figura deste mundo» (cf. 1Cor 7, 31) não isenta de nenhum empenho histórico, muito menos do trabalho (cf. 2Ts3, 7-15), que é parte integrante da condição humana, mesmo não sendo a única razão de vida. Nenhum cristão, pelo facto de pertencer a uma comunidade solidária e fraterna, deve sentir-se no direito de não trabalhar e de viver à custa dos outros (cf. 2Ts 3, 6-12); todos, antes, são exortados pelo apóstolo Paulo a tomar como um ponto de honra o trabalhar com as próprias mãos, de modo a não serem «pesados a ninguém» (1 Ts 4, 11-12) e a praticar uma solidariedade também material, compartilhando os frutos do trabalho com «necessitado» (Ef 4, 28) (…) Os crentes devem viver o trabalho ao estilo Cristo e torná-lo ocasião de testemunho cristão em presença dos «de fora» (1 Ts 4, 12). (…) Mediante o trabalho, o homem governa com Deus o mundo, juntamente com Ele é sempre seu senhor, e realiza coisas boas para si e para os outros. O ócio é nocivo ao ser do homem, enquanto a actividade favorece o seu corpo e o seu espírito. O cristão é chamado a trabalhar não só para conseguir o pão, mas também por solicitude para com o próximo mais pobre, a qual o Senhor ordena dar de comer, de beber, de vestir, acolhimento, atenção e companhia (cf. Mt 25, 35-36). Cada trabalhador, afirma Santo Ambrósio, é a mão de Cristo que continua a criar e a fazer o bem.[1]



[1] Extraído no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, p. 179-180, Principia, 2005