Este foi o
tema da capa da reputada revista Courrier Internacional há ano, denunciando que
os sinais da intolerância política avolumam-se, a uma velocidade
impressionante, nos últimos tempos: eleições dominadas pelo sentimento de raiva
dos votantes, chegada ao poder, em diversas nações, de líderes autoritários e
antissistema, regresso dos populismos e dos discursos nacionalistas e de ódio, etc(LER). O turbilhão político que se vive nos
últimos tempos nos Estados Unidos da América (EUA), especialmente com a tomada
do Capitólio ontem pelos manifestantes pró Trump é o manifesto reflexo do
descarrilamento sem precedentes da Democracia aqui no Ocidente.
É triste
ver no país que é considerado como sendo a maior Democracia do mundo,
modelo para muitos países, a resvalar na obstrução democrática. É triste ainda
vislumbrar o espetáculo degradante de um Presidente da República que está no
fim do seu mandato, mesmo assim tentando a todo o custo colocar em causa a unidade e coesão
dos EUA. É triste, da mesma sorte, constatar que há crentes no Senhor Jesus
Cristo que estão plenamente sintonizados com a sua autoritária ideologia,
inclusive usando de forma descontextualizada os impolutos Princípios e Valores do
Cristianismo para defendê-lo acerrimamente. A Democracia Americana não merece
nada disto. O povo americano também não merece o demagogo Presidente que
actualmente tem. O idealismo político-liberal americano fervorosamente defendido
por Thomas Paine, Alexis de Tocqueville e Thomas Jefferson ficou claramente manchado nos
próximos tempos, com o não reconhecimento dos resultados eleitorais pela actual administração e a capitulação do capitólio perante a multidão ululante
pró Trump. Desde ontem a democracia americana não será mais a mesma coisa. Não será mais a mesma coisa, infelizmente (LER).