Não há
dúvidas que os demónios proliferam abundantemente neste maldito mundo em que
estamos submergidos. Apoderam-se das criaturas e das pessoas a seu bel-prazer
com a finalidade última de arruiná-las. Tornam as pessoas cativas do pecado,
fazendo-as mergulhar em todo o tipo de vícios perniciosos, malefícios e malignidade.
Os demónios são seres decadentes que estão às ordens de Satanás, o príncipe dos
demónios (Mateus 9:34; 12:24), para subverter os planos salvíficos de DEUS com
a Humanidade (LER). São muitos no mundo e conspiram
articuladamente em várias frentes para destruir o ser humano, não obstante
reiteradamente aliciarem-no com aparente bem-estar. Muitas pessoas, ludibriadas
neste efémero e mundano sucesso, vendem deliberadamente a alma ao Diabo,
mediante pactos satânicos que vão firmando com ele para singrarem rapidamente
na vida e, consequentemente, terem o conhecimento, o reconhecimento, a fama, o
poder e a riqueza (veja-se, por todos os exemplos, a tragédia do Doutor Fausto
com o Mefistófeles de Goethe (LER).
Os demónios
estão de forma camuflada em todos os domínios da nossa civilização, sociedade e
socialização, através da encarnação real nos “filhos da desobediência” (Ef. 2:2),
para promoverem as suas agendas maléficas em todas as dimensões da convivência
humana. Os demónios, através dos seus ímpios agentes, estão na política, na
governação, nos negócios, no desporto, na academia, nas igrejas, na cultura, no
mercado laboral, na moda, nas instituições e nas famílias, etc., razão pela
qual são muitos e trabalham unanimemente para promoverem o mal e fazê-lo
triunfar na vida das pessoas e no mundo. Mesmo assim, sabemos que somos filhos de
DEUS e que o mundo inteiro está sujeito ao poder do maligno (1 João 5:19). Aliás,
o Diabo é o príncipe deste mundo e já está condenado pelo poder do
Todo-Poderoso DEUS (João 16:11).
O exemplo
manifesto desta afirmação prende-se com o encontro do Senhor Jesus Cristo com o
endemoninhado de gadarenos, que “vivia nos sepulcros e ninguém conseguia
prendê-lo, nem mesmo com correntes. Já muitas vezes o tinham apanhado e ligado
com cadeias de ferro nos pés e nas mãos, mas ele rebentava tudo e ninguém
conseguia dominá-lo” (Mc 5:1-4). A situação desastrosa e infeliz deste homem,
que era completamente possuído pelo espírito imundo, instrumentando-o com
comportamentos extremamente violentos contra si e terceiros, com o objectivo
final de destruí-lo. Ele estava louco pela acção intencional do Diabo para
acabar com ele. Tanto que, por esta razão, estava em constante sobressalto
interior e revoltava-se contra tudo e todos à sua volta, fazendo com que tivesse
isoladamente a sua morada nos sepulcros. Vivia desnorteadamente no meio dos
defuntos. O espírito mau atormentava-o “continuamente, dia e noite, gritava
pelos montes e por entre os túmulos, ferindo-se com pedras” (Mc 5:6). Estava fora de si e sob inteira dependência da
legião de demónios que se apoderavam dele. A força sobrenatural que ostentava, capaz
de rebentar correntes de ferro e tudo o que lhe prendia, a fixação da sua
morada no lugar dos mortos e gritos reiterados que dava de dia e noite sem
sossego, demonstravam claramente a possessão demoníaca de que este pobre homem
tinha sido objecto.
No entanto,
o autor sagrado relata-nos que, quando o endemoninhado “viu Jesus ao longe,
correu e adorou-o. E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo,
Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes” (Marcos
5:6-7). Normalmente ele corria para os outros com fúria, escrevia o teólogo Matthey
Henry, “mas ele correu para Cristo com reverência. Aquilo que não pôde ser
feito com cadeias e grilhões, foi feito pela mão invisível de Cristo. A fúria
dele foi subitamente contida. Até mesmo
o diabo, nessa pobre criatura, foi forçado a tremer diante de Cristo, e
curvar-se a Ele”, sintetizava o insigne biblista. O indomável e possesso homem
suplicou encarecidamente ao Senhor Jesus para não lhe atormentar, somando ao
facto de reconhecê-Lo como Filho de DEUS (Obviamente, que era o demónio que
estava a falar e a actuar nele). O Diabo e os seus demónios assustam-se com a
presença gloriosa do Senhor Jesus Cristo e sabem perfeitamente que devem-Lhe temor
reverencial e acto de adoração, tal como ficou manifestamente patente na
passagem bíblica em apreço.
Perante
esta situação dramática de desespero, o Senhor Jesus perguntou ao endemoninhado:
Como te chamas? Ele respondeu: Chamo-me multidão, porque somos muitos. Os
demónios são muitos e eram muitos os que tinham ocupado indevidamente a vida
deste miserável homem, desgraçando-lhe a todos os níveis. Os espíritos maus
pediram ao Senhor Jesus: “«Manda-nos passar para aqueles porcos.» Jesus
consentiu e os espíritos maus saíram do homem e entraram nos porcos, que eram
cerca de dois mil. Puseram-se todos a correr pelo monte abaixo até ao lago e lá
se afogaram” (Mc 12-13). Os porcos suicidaram-se, ilustrando o triunfo do bem e
o trânsito do mal para uma natureza inferior e conspurcada, em direcção à sua
derrota e eliminação. Por outras palavras, o triunfo definitivo do Senhor Jesus
Cristo sobre os demónios e Diabo.
Ao longo
dos séculos tem-se especulado de forma sistemática sobre a figura dos porcos
nesta milagrosa história, procurando extrair o seu significado teológico e
teleológico, sobretudo por que razão os demónios imploraram ao Senhor Jesus para
deixá-los entrar exclusivamente nos porcos e Este, por sua vez, consentiu. Na
sua homilia vigésima-oitava sobre o Evangelho segundo São Mateus, São João
Crisóstomo, citado pelo Jansenista, “esclarecerá que se trata de uma metáfora
sobre a dupla natureza humana, representando os porcos a natureza bestial do
homem, na qual o Diabo se insinua para nela plantar as sementes do fim da
espécie. Em contraponto, Tertuliano (em Adversus Marcionem) e São Jerónimo (nos
seus Comentários sobre o Evangelho segundo São Mateus) enaltecem o poder
redentor de Cristo sobre as Legiões do Mal”. O Teólogo Protestante Matthey
Henry, na mesma esteira do pensamento, sustentava que “imediatamente os
espíritos imundos entraram nos porcos, que segundo a lei mosaica eram criaturas
impuras, e gostam muito de atolar-se na lama, que era o melhor lugar para eles.
Aqueles que, como os porcos, se atolam na lama dos desejos sensuais, são moradas
de demônios, e abrigo de todo o espírito imundo, e refúgio de toda a ave imunda
e aborrecível (Ap 18:2), assim como as almas puras são a morada do Espírito
Santo”.
É assim que
o Diabo actua na vida de todos aqueles que firmam acordos satânicos com ele ou
estão sujeitos ao seu reino de trevas, tornando-os inteiramente dependentes do
sincretismo, ocultismo, secularismo, relativismo, materialismo, sensualismo,
ateísmo e de toda a sorte do pecado contra DEUS, o seu corpo e terceiros, bem
como reduzindo-os completamente a uma degradação ético-moral e miséria
espiritual aviltante. Esta rampa deslizante, no mundo das trevas, tem como
objectivo final a aniquilação total dos próprios indivíduos ímpios para a
perdição eterna.
É verdade
que há muitos demónios no mundo e que não se cansam de promover o mal dia e
noite. É verdade que os demónios procuram todos os meios para desgraçarem a
vida dos seres humanos, especialmente dos filhos de DEUS. Também é verdade que
muitas pessoas ímpias firmam acordos satânicos com eles para integrarem os seus
reinos diabólicos e, desta forma, tentarem fazer oposição ao Reino da Luz do
nosso Salvador Jesus Cristo. No entanto, tal como bem sabemos pela revelação
bíblica, O Diabo, os seus demónios e todo o mal foram definitivamente derrotados
pelo Poder Divino do nosso Todo-Poderoso DEUS. O reino das trevas, em
circunstância alguma, poderá resistir ao Reino da Luz (João 1:5). As portas do
inferno jamais prevalecerão contra a Igreja do Senhor Jesus Cristo (Mateus
16:18), assim como as trevas não podem resistir à Luz Divina (João 1:12).
São muitos
demónios no mundo, guiados pelo Diabo para praticarem o mal, insisto. Por isso,
“não é contra seres humanos que temos de combater, mas contra poderes e
autoridades, que dominam este mundo de escuridão, e contra os espíritos do mal,
que não se veem” (Ef. 6:12). A nossa luta é contra o Diabo, os demónios e todos
os seus agentes neste perverso e decadente mundo para libertar as almas
perdidas, tal como o Senhor Jesus salvou milagrosamente este endemoninhado de
gadarenos (Mc 5: 15-20). Aquele que vive em nós é mais forte do que aquele que
está nos que são do mundo. O mal nunca vencerá o bem, antes pelo contrário, o
bem já venceu o mal, através do sangue expiatório do Senhor Jesus Cristo na Cruz
do Calvário. Tem mais poder o Espírito Santo que vive em nós, filhos de DEUS,
do que todos os demónios do mundo, o Diabo e os seus agentes terrenos (1 João
4:4). O Senhor Jesus venceu-os a todos e deixou-nos também a promessa de os
vencer na força do Seu eterno poder. Que assim seja. E assim sempre será.