O homem é um ser
gregário e, nesta convivência gregária, constrói profundos laços de
sociabilização, que se vão traduzindo na inteira dependência e interdependência
uns dos outros. Por isso, somos aconselhados pelos terceiros e também
aconselhamos aqueles que precisam da nossa ajuda. Damos constantemente
conselhos e, da mesma sorte, estamos sempre a receber conselhos. Não há nenhum
ser humano neste “vale de lágrimas” que não vive dos conselhos – quer dando
quer recebendo. Todos nós, sem excepção, na generalidade das situações,
fundamentamos as nossas decisões com base nos conselhos que vamos recebendo
daqueles que nos são mais queridos ou que, de alguma certa forma, reconhecemos
autoridade na matéria em que precisamos de orientação.
Não há ninguém que
possa prescindir dos bons conselhos e ser bem-sucedido na vida. Os conselhos
tocam tudo e todos: envolvem todos os estratos sociais. Todas as idades. Todos
os géneros. Todas as classes de pessoas e todas as pessoas no geral. Precisam
deles os ricos e os pobres. Os doutos e indoutos. Os velhos e as crianças. Os
detentores da autoridade e os subalternos. Os homens e as mulheres. Tanto que,
por esta razão, o aconselhamento reveste-se de carácter importantíssimo na
nossa civilização ao longo dos séculos, permanecendo esta inquestionável
verdade até aos nossos dias pós-modernos.
No entanto, por
preconceito doentio e soberba perniciosa, sabemos que nem todas as pessoas são
predispostas a ouvir conselhos de terceiros e, muito menos, a pedi-los, tendo
em conta o orgulho exacerbado e a falsa percepção da realidade que tais pessoas
têm de si mesmas, julgando-se superiores aos outros. Em consequência disso,
fecham-se completamente a qualquer tipo de conselhos, optando meramente por se
refugiarem nas suas próprias ideias e opções de escolha. A idade, o estatuto
social, a origem social, o poder, a fama, o dinheiro e a qualificação não devem
ser causas impeditivas para não recebermos os conselhos daqueles que,
porventura, podemos achar objectivamente que estamos numa posição superior. Os
pais devem estar abertos a ouvir conselhos dos seus filhos e vice-versa. Os
pastores devem aceitar ser admoestados pelos membros da igreja, tal como fazem
com eles. Da mesma forma, os patronos devem ter a humildade suficiente para
ouvir os seus empregados; os governantes para com os governados, etc.
Ora, isto não quer
dizer que temos imperativamente de acatar todos os conselhos que vamos
recebendo, uma vez que nem todos os conselhos são realistas e justos. Há muitos
conselhos adulterados, injustos e maléficos. O objectivo é, acima e tudo,
termos a humildade de saber solicitar ou ouvir oportunamente os conselhos e,
com base nesta audição, examinar tudo e reter o que é mais correcto para a
nossa vida. Já é um grande passo estar inteiramente disponível para ouvir
conselhos, chamadas de atenção e advertências, independentemente da sua
proveniência e do seu interlocutor. É sinal de grande abertura, maturidade,
humildade e sabedoria da nossa parte.
O rei Salomão, um dos
homens mais sábios da história da Humanidade, considerava peremptoriamente
“insensato” o velho que não sabe ouvir conselhos (v.13), julgando-os
inconvenientes por causa da sua idade, diferentemente das pessoas prudentes que
estão sempre abertas aos conselhos, sobretudo os conselhos sábios e valiosos. É
sobre esta verdade soteriológica que procurei explorar aqui nesta lição da
Escola Bíblica Dominical (EBD).
Que o Todo-Poderoso DEUS nos abençoe e nos ajude a procurar os conselhos
da Sua Santa Palavra para, deste modo, podermos tomar decisões correctas,
sensatas e irrepreensíveis neste perverso mundo em que estamos submergidos. Que
assim seja. E assim sempre será pela fé no Senhor Jesus Cristo.