O sexo e a sexualidade
são temas completamente tabu no meio Cristão, especialmente nos círculos
evangélico-tradicionais. Praticamente não se fala do sexo do ponto de vista
eclesiástico, excepto estrita e esporadicamente nos encontros de casais. Esta
posição ultraconservadora sobre o sexo no seio dos evangélicos é altamente
influenciada pela Igreja Católica Romana que, tal como sabemos, tem uma posição
sui generis nesta matéria.
Santo Agostinho, um dos
maiores teólogos Cristãos de todos os tempos, formulou na sua magistral obra
“Confissões” o conceito do “pecado original”, que posteriormente desenvolveu na
“Cidade de Deus”. O Pecado original,
segundo o insigne Doutor da Igreja, entrou no mundo por via do sexo. A libido e
os cuidados redobrados que o ser humano normalmente tem com as regiões pudendas
são as manifestações visíveis da vergonha que procedem do castigo (LER), defendia peremptoriamente o reputado
teólogo. E toda esta construção doutrinária vai tendo fortes implicações
práticas na forma peculiar como a Igreja Católica encara e aborda o sexo,
sobretudo negando implicitamente o seu carácter de fruição, reduzindo-o lato
sensu à procriação. Por isso, a problemática sobre a intransigente oposição do
Vaticano ao uso de métodos contraceptivos entre os casais no âmbito matrimonial
só poderá ser holisticamente compreendida no “pecado original” de Santo
Agostinho.
Este
ultraconservadorismo sexual da Igreja Católica Romana, embora com algumas
nuances, vai ganhado um amplo acolhimento no protestantismo tradicional,
arrastando concomitantemente os movimentos pentecostais e neopentecostais.
Obviamente, não se pode banalizar o sexo. É um facto. Da mesma sorte, não se
pode torná-lo um tema tabu, particularmente no nosso mundo pós-moderno onde se
explora o sexo até à exaustão em todas as dimensões da convivência social.
E mais, tal como
sustenta correctamente a Declaração da Fé Baptistas Portuguesa, “Deus não
condena o ato sexual em si, mas a prática sexual desgovernada, sem limites e
sem princípios divinos. Deus não deixa a
sexualidade ao critério de cada um, até mesmo aos casados lhes adverte e
aconselha para que nenhum dos cônjuges negue o sexo, antes procedam com
consentimento mútuo. A atração física, emocional e o verdadeiro amor no
casamento são condições indispensáveis para uma sexualidade abençoada. Todas as
práticas sexuais desviadas dos padrões das Escrituras se inscrevem no mundo do
abrasamento e das perversões (parafilias), degradantes da vida e da sua
dignidade, a saber: prostituição, homossexualidade, pedofilia, pornografia,
incesto, violação e bestialidade»” (LER).
É preciso reforçar,
cada vez mais, nas nossas igrejas, um ensino doutrinário consistente sobre o
sexo e a sexualidade saudável para, deste modo, poder munir os nossos
adolescentes, jovens e adultos a responderem satisfatoriamente aos presentes e
exigentes desafios a esse nível. Só assim, deixaremos de ser presas fáceis da
fornicação, pornografia, adultério e todo o tipo de imoralidade sexual. E tudo
isto, em última instância, só se alcança vivendo na pureza sexual.
Ora, é esta verdade
salvífica que procurei abreviadamente desenvolver nesta lição da Escola Bíblica
Dominical (EBD). Tenha um bom proveito na sua auscultação.