A “Oração do Pai Nosso” é
uma das mais célebres passagens contidas nas Escrituras Sagradas. Tanto que,
por esta razão, ela tem sido sabiamente memorizada e cantada pelos milhões de
fiéis ao longo da História do Cristianismo. É uma Oração que deve servir de
bitola para todos os Cristãos de todos os tempos e épocas. Não somos obrigados
a adoptá-la literalmente em todas as preces que fazemos diariamente, uma vez
que o Senhor Jesus Cristo não a seguiu à risca na Sua afamada “Oração
Sacerdotal” (João 17:1-26) e, muito menos, quando estava angustiado no
Getsémani (Mateus
26:39-46; Marcos 14-32-42; Lucas 22:39-46), bem como os Santos Apóstolos e
os Pais da Igreja. E mais, somos posteriormente ensinados pelo próprio
Senhor Jesus a orar e pedir ao Pai em Seu Nome (João
14:13-14). Um importante pormenor que a “Oração do Pai Nosso” não
contem. Não sabemos por que razão o Senhor Jesus terá omitido este relevante
pormenor (será, porventura, por estar ainda na Sua humilde fase de encarnação
quando formalizou esta Oração? Eis o mistério que nos interpela). Uma coisa, no
entanto, temos a certeza absoluta: a “Oração
do Pai Nosso” deve ser sempre o modelo padrão para todas as nossas
orações.
O Senhor Jesus, antes de veicular esta
famosa e poderosa Oração, nos versículos 1 até 8 do Evangelho segundo Mateus 6,
exortou aos seus discípulos a adoptarem uma espiritualidade de descrição,
evitando o pecado da hipocrisia e ostentação somente para serem elogiados pelos
Homens. Tal postura não deve, em circunstância alguma, ser a de um devoto
Cristão, máxime quando damos a esmola ou estamos em momentos de contrição
perante DEUS. Caso contrário, a pessoa já recebeu a sua devida recompensa (qui
a palavra recompensa tem uma conotação pejorativa, uma vez que não tem qualquer
valoração espiritual). Além da advertência que o Senhor Jesus fez sobre o risco
da ostentação, que consubstancia o testemunho de falsidade e a sua nefasta
consequência espiritual (Mateus
6:1-4; 23:14; 33), aproveitou ainda a deixa para aconselhar os seus
discípulos sobre as vãs repetições que são feitas nas orações, como erradamente
fazem os gentios que se desdobram num infindável palavreado, julgando-se que é
por muito falarem que serão mais facilmente ouvidos. O Senhor Jesus corrigiu
esse equívoco doutrinário, com base na omnisciência de DEUS, realçando que o
nosso Pai Celestial sabe muito bem o que precisamos, antes de Lho pedirmos. E
de seguida, ensinou-lhes a forma mais correcta de orar.
Nesta famosa Oração, o Senhor Jesus
evidencia seis pertinentes verdades espirituais – das quais as três primeiras
relacionam-se exclusivamente com DEUS e as restantes com a realidade quotidiana
do ser humano. (I) Ele é o nosso Pai Celestial, que está assentado nos mais
altos dos céus, e o Seu nome deve e merece ser permanentemente Santificado;
(II) É benéfico para a Humanidade que o Seu Reino venha e domine plenamente
toda a Terra; (III) que a Sua perfeita vontade prevaleça no seio dos pecadores,
tal como acontece no Céu (a cidade de DEUS deve ser o espelho da cidade dos
Homens). Depois disso, as últimas três verdades centralizam-se nos desafios e
anseios que afectam o Homem no seu percurso normal de vida, nomeadamente (IV) a
concessão do pão diário; (V) o perdão dos seus pecados como também ele perdoa
aqueles que lhes insultam, magoam e querem a sua desgraça ou, porventura,
possam ter alguma dívida pecuniária com ele e não têm condições financeiras
suficientes para lhe saldar (Mateus
18:23-35); e, por fim, (VI) não lhe deixar cair em tentação, mas livrá-lo
de todo o perigo e mal que possam eventualmente surgir pelo caminho. Isto
porque, culminando o Senhor Jesus com a grande doxologia, do Todo-poderoso DEUS “é
o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”. Que assim seja.