Mulheres: A Luta Por Um Lugar na História


Na semana passada fez-se História no meu país, a Guiné-Bissau (VER). Pela primeira vez temos os mesmos números de mulheres e homens a ocuparem cargos ministeriais, isto é, oito por cada, superando assim a margem da recente lei de quota de 36% aprovada de forma unânime na Assembleia Nacional Popular (ALI) e (AQUI). Este extraordinário feito catapultou a Guiné-Bissau para os lugares cimeiros como sendo exemplo a seguir da boa integração das mulheres na acção governativa em África e no mundo em geral (contam-se pelos dedos de uma mão os países que respeitam, de facto, a paridade de géneros nos governos). 

Mesmo assim, com este gigantesco passo do meu país na emancipação feminina, não devemos ficar iludidos com sol de pouca dura. Há ainda muitas barreiras, preconceitos generalizados e descriminações infundadas para com as nossas inofensivas mulheres que devem ser extraídas. O país, para infelicidade nossa, continua ainda a ser governado exclusivamente pelos homens. Todos os órgãos da soberania estão sob alçada dos homens. A começar, desde logo, com o Presidente da República, o Presidente da Assembleia Nacional Popular, o Primeiro-Ministro, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Procurador Geral da República e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas. Como se tudo isto não bastasse é o mesmo país machista que condena deliberadamente muitas meninas e mulheres as flagrantes práticas da mutilação genital feminina, o casamento forçado, a violência doméstica e a elevada taxa da mortalidade materno-infantil, etc (LER)

Por isso, apesar de registamos com enorme satisfação o sinal bastante positivo da integração das mulheres neste novo elenco governativo, continuamos a entender que é preciso ir mais além na emancipação de “nô padiduris”. Por outras palavras, é preciso deixar as mulheres conquistarem o seu devido espaço e consequentemente eliminar muitos cancros humano-sociais que continuam ainda a bloquear o nosso desenvolvimento nacional.