O Valor Sagrado da Vida Humana

A vida humana é sagrada em todas as suas várias configurações antropológicas. Uma premissa que recebeu primeiramente um amplo acolhimento no pensamento Judaico-Cristão, acabando posteriormente por influenciar decisivamente a Magna Carta Inglesa do século XIII, a Revolução Francesa do século XVIII e todas as outras civilizações mundiais. Um valor sagrado que é intrinsecamente indissociável da dignidade, da liberdade, da segurança e da auto-determinação. A todos os seres humanos, sem excepção, são garantidos os Direitos Fundamentais para se auto-realizarem na sociedade, aliás, este também é o entendimento abraçado na disposição da Declaração Universal dos Direitos Humanos e na generalidade das constituições dos países. 

Este valor sagrado da vida não é compatível com as discriminações negativas, independentemente das condições biológico-naturais de cada cidadão no seu círculo de convivência diária ou estatuto social. Ele assegura a todos os cidadãos o princípio da igualdade e das oportunidades. A partir da concepção, período em que começa a vida, até à morte, todos devem beneficiar destes importantíssimos direitos e serem protegidos pela sociedade e o Estado em particular. A começar, desde logo, pelos nascituros, as crianças, os adultos, as mulheres, os homens, os doutos e indoutos, pessoas portadoras de deficiências, nomeadamente os inabilitados e interditos. Em suma, pessoas capacitadas e incapacitadas. Não podemos, em circunstância alguma, beneficiar uns em detrimento dos outros. Todas estas pessoas têm direito à vida, à dignidade, à segurança, à protecção e ao usufruto dos Direitos Fundamentais. 

Por comungar holisticamente com estes postulados axiológicos, razão pela qual sou inteira e manifestamente contra a hedionda prática do aborto (LER), da eutanásia (LER), da barriga de aluguer (LER), da manipulação de células estaminais, da pena de morte, da escravatura, da xenofobia e do racismo (LER), porque não condizem minimamente com os nobres valores da vida e da dignidade da pessoa humana. Sabemos que a “ditadura do relativismo” em que estamos infelizmente mergulhados, sob a capa da modernidade, não valoriza a vida humana na sua verdadeira acepção, não obstante passar inutilmente a ideia de se preocupar com ela. É um relativismo que nada reconhece como absoluto e que deixa como última medida apenas o próprio eu, as suas vontades e libertinagens. 

Os mesmos países que estão hoje empenhados em proteger as pessoas contra a pandemia do coronavírus, são os mesmos países que não medem esforços para promover a “cultura da morte”, através da legalização da prática do aborto, da eutanásia, da pena de morte e infindáveis guerras que ceifam diariamente a vida de milhares e milhões de pessoas em todo o mundo. São, da mesma sorte, países que criam barreiras entre as pessoas e raças, mediante políticas deliberadas de discriminação, exploração, segregação, racismo. Onde está o valor sagrado da vida e da dignidade da pessoa humana com tudo isto? Um autêntico paradoxo.