O Meu Coração Está Com o Sofrido Povo Palestiniano

Eu, Térsio Vieira, e mais duas crianças palestinianas na cidade de Hebrom, Cisjordânia, em Março de 2013.       


É com o coração dilacerado que tenho estado a acompanhar os bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza pelas tropas israelitas, vitimando milhares dos inocentes, sob pretexto de “eliminar” completamente os terroristas do Hamas. O mal não se combate praticando um outro mal. O mal combate-se com o bem. 

É verdade que nada justificava os atentados macabros do Hamas perpetuado no dia 07 de Outubro do ano passado no território israelita, que ceifou vidas de inúmeros inofensivos judeus e de outras nacionalidades (LER). É verdade que este acto ignóbil, bárbaro e deliberado do Hamas configura um flagrante desrespeito pela vida humana (LER). É verdade ainda que Israel, à luz do Direito Internacional, tinha todo o direito de se defender por legítima defesa pelo traiçoeiro e sanguinário ataque que sofreu por parte dos terroristas do Hamas (LER)

No entanto, esta legítima defesa não pode esvaziar o Direito Internacional Humanitário contemplado na Convenção de Genebra e, muito menos, a legitima defesa ser manifestamente desproporcional com a agressão sofrida. A verdade é que, desde início da invasão da Faixa de Gaza, as autoridades israelitas não têm respeitado estes postulados axiológicos da Carta das Nações Unidas, optando por via de confrontação da Comunidade Internacional, não obstante os reiterados apelos e pressões constantes dos países para que Israel protegesse os civis palestinianos, sobretudo que cessasse o conflito armado, e negociasse a libertação dos seus reféns que estão ainda nas mãos dos terroristas do Hamas. 

Da mesma forma que não hesitei em condenar o hediondo acto do Hamas para com Israel, também não deixarei de condenar a mortandade promovida pelas autoridades israelitas nos territórios palestinianos. Estão a matar, de forma indiscriminada e sem piedade, os palestinianos. Não podemos fechar os olhos com as chocantes imagens que nos chegam todos os dias da Faixa de Gaza. Estão a morrer civis inocentes que não mereciam morrer. A começar, desde logo, por bebés, doentes, mulheres, idosos, mulheres e homens. São seres humanos como nós, independentemente das suas origens e crenças. É imprescindível, com carácter de urgência, terminar com este desumano derramamento de sangue, libertar os reféns israelitas e negociar a paz para o bem-estar de todos. Todo o povo palestiniano não pode ser esmagado pela barbaridade do Hamas. É uma questão de bom senso e da razoabilidade, ou melhor, é uma questão do humanismo e humanidade. 

Sou, tal como oportunamente manifestei aqui publicamente, um convicto sionista (LER). Rejeito qualquer tipo de antissemitismo. Julgo que Israel merece ser protegido contra os hostis países do Médio Oriente que, a todo o custo, querem a sua aniquilação total. Há um ódio declarado dos países circunvizinhos para com Israel o que, em circunstância nenhuma, não posso subscrever. Agora, uma coisa é ser pró-Israel. Outra coisa, e bem diferente, é apoiar cegamente Israel, mesmo quando não está certo. Sim, sou defensor acérrimo de Israel, mas muito mais defensor da Verdade, pois só a Verdade libertar-nos-á, já dizia o Senhor Jesus Cristo (Jo 8:32). E a única e exequível verdade neste momento é a de Israel cessar a guerra e negociar um cordo de paz, com vista a formação do estado palestiniano.  Sou apologista da existência do estado palestiniano, sobretudo no que toca à sua coexistência pacífica com o estado hebreu, sem este contudo abdicar da parte dos territórios que actualmente ocupa, especialmente na cidade de Jerusalém. 

Visitei Israel e Palestina alguns anos atrás onde constatei in loco as tremendas rivalidades existentes e existenciais entre ambos, mormente o manifesto ódio que os dois povos nutrem um pelo outro (LER). Marcou-me profundamente a mundividência e idiossincrasias tanto dos judeus como dos palestinianos (LER). Estes estão completamente desprovidos dos elementos básicos de sobrevivência, vivendo num limiar da pobreza aviltante que não deixa qualquer pessoa indiferente. Foi neste contexto humilde que conheci pessoas fantásticas que abençoaram a minha vida e das pessoas que estavam comigo na viagem. Lembro-me, particularmente, da família Cristã Abu Sa'id que foi muito acolhedor, cordial e simpático connosco durante a nossa estadia na Cisjordânia. 

Há ainda, tal como a família Abu Sa'id, milhares de Cristãos palestinianos que estão neste momento a sofrer com efeitos colaterais e nefastos da guerra na Faixa de Gaza. O meu coração está com o sofrido povo palestiniano em geral, especialmente com estes nossos irmãos na fé Cristã que certamente alguns já perderam a vida e outros os seus ente-queridos. Que o nosso Todo-Poderoso DEUS console as almas destas pessoas e renove as suas esperanças unicamente Nele, principalmente que faça terminar a guerra e restaure definitivamente a paz para o bem-estar dos dois povos vizinhos. Que assim seja.