Não
fiquei nada surpreendido com a estimativa avassaladora avançada hoje pela
Comissão Independente criada para averiguar os abusos sexuais cometidos na
igreja católica portuguesa. Estes números de abusos sexuais eram de esperar.
Eles retratam parcialmente aquilo que tem sido a obstrução deliberada a que a
Igreja Católica Romana tem sido negligentemente votada ao longo dos séculos.
Não se podia esperar outra coisa. É a realidade nua e crua da miséria
espiritual que reina no seio do Vaticano, repercutindo negativamente nas elites
da igreja católica espalhadas pelo mundo. A Igreja Católica Romana, para
tristeza nossa, é um antro de aglomeração de pedófilos, homossexuais, tarados
sexuais e abusadores. E tudo isto acaba por ter influências extremamente
nefastas na dinâmica ministerial da igreja e na forma como lida com os seus
membros, sobretudo com as crianças.
Não
comungo literalmente da opinião das pessoas que atribuem os abusos
sexuais cometidos pelos padres à imposição do celibato ao clero. Uma coisa não
tem nada a ver com a outra. Ser obrigado a viver em abstinência sexual não se
traduz literalmente em ser pedófilo ou tarado sexual e, muito menos, abusador.
Os padres que não têm o dom do celibato normalmente refreiam os seus ímpetos
sexuais com a masturbação ou, em determinados casos, recorrem às mulheres da má
vida. Há muitos padres assim, infelizmente, que vivem uma vida paralela, porque
não têm a permissão do Vaticano para desposarem, preferindo viver na
clandestinidade. Outra coisa, e bem diferente, são os padres pedófilos e
homossexuais que continuam secretamente no “armário”, usando depois a sua posição
privilegiada dentro da igreja para cometerem abusos sexuais contra os menores.
É
verdade que há também padres heterossexuais que acabam por enveredar
deliberadamente por caminhos de homossexualidade e pedofilia, molestando as
pessoas vulneráveis que estão à sua disposição. Só que, em abono da verdade,
estes casos são inferiores comparativamente com os padres que são pedófilos e
homossexuais. Mesmo assim, as duas flagrantes situações são comportamentos
aberrantes e de repudiar. O abuso sexual, a prática da pedofilia e da
homossexualidade são manifestamente condenadas e não têm qualquer tipo de
acolhimento nas Escrituras Sagradas, especialmente o hediondo abuso contra as
inofensivas criancinhas. Nenhum autêntico Cristão pode compactuar com tais hediondos
crimes, sob pena de ser cúmplice no pecado da promiscuidade sexual. E a Igreja
Católica Romana sabe muito bem desta grande verdade bíblica. Acontece que, por
vicissitudes várias e supervenientes, faz vista grossa para continuar a
perpetuar os abusos contra os menores.
Encontro,
a meu ver, duas explicações para a prática reiterada de abusos sexuais na
Igreja Católica Romana e o seu deliberado encobrimento pelas lideranças. A
primeira explicação prende-se com a afamada revolução sexual dos anos sessenta
do século passado (promiscuidade sexual, bem entendido), encabeçada
particularmente pelos jacobinos, que teve como apologia viver a sexualidade de
forma desapegada, descomprometida e despida de todo o pudor ou tradicionalismo
que, até então, estava profundamente enraizado nas sociedades. Em consequência
disso, nesta patente devassidão, começou-se a legitimar socialmente o uso
desenfreado de métodos contraceptivos, o consumo da pornografia, a defesa da
ideologia de género e da homossexualidade, a despenalização e legalização do
aborto, etc. Esta libertinagem, no que toca ao sexo e à sexualidade, acabou por
arrastar fortemente a Igreja Católica Romana, atraindo para o seu seio
seminaristas homossexuais, pedófilos e pessoas frigidas que não estavam de todo
comprometidas com a causa do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Essas pessoas
fizeram careira na igreja, passando posteriormente a ocupar posições de relevo
na hierarquia do Vaticano como oficiais, padres, bispos e cardeais. São estes
tarados que abusam impunemente de menores, contando com o beneplácito dos seus
superiores para o encobrir tais monstruosos crimes.
A segunda explicação tem a
ver com o Segredo Pontifício da Santa Sé – que só há três anos foi revogado
para os casos de abuso sexual pelo Papa Francisco (LER). O Segredo Pontifício,
segundo Vatican New, “é um segredo que é imposto aos destinatários em assuntos
de particular gravidade. O mesmo não surge por simples omissão ou negligencia,
pelo contrário, através do segredo se pretende proteger uma instituição,
respeitar a intimidade das pessoas, manter a autonomia da Igreja Católica,
facilitar o normal funcionamento das instituições ou o bem comum” (LER). E
a questão que se coloca é a seguinte: como é que se pode guardar um gravíssimo
pecado que destrói vidas e concomitantemente afecta a reputação da Igreja?
Obviamente que não se pode encobrir pecados que poem em causa o bom nome da
Igreja e a incorruptibilidade da mensagem do Evangelho.
Desde
o antigo Direito Romano que havia um entendimento assente que qualquer sigilo
cessava automaticamente quando envolvia a prática de um crime, sob pena de se
ser cúmplice com o criminoso. O referido postulado recebeu um acolhimento
amplamente favorável nas Escrituras Sagradas, com ênfase mais acentuado no Novo
Testamento e nas sociedades democráticas. O Vaticano, para ocultar muitas das
suas misérias espirituais, refugia-se no Direito Canónico para esconder os
incontáveis abusos sexuais a que as inofensivas crianças e mulheres são
submetidos nos orfanatos católicos ao longo dos anos. Os pedófilos ditos
Cristãos e abusadores em geral não devem apenas ser julgados pela Igreja, mas
também pelos tribunais civis. Este entendimento não entra em contradição com a
orientação bíblica. Acredito piamente que há muita boa gente que oculta os abusos
sexuais com o intuito de “proteger” a Igreja das bocas do mundo. Só que essas
pessoas inocentemente estão mais a prejudicar a Igreja com o seu encobrimento do
que propriamente a defendê-la, visto que “nada há de oculto que não venha a ser
revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia”, exortava
peremptoriamente o Senhor Jesus Cristo (Mc 4:22).
Os
abusos são completamente condenados na Bíblia Sagrada. Toda a doutrina bíblica
é manifestamente contra os abusos. Nenhum tipo de abuso tem amparo na Palavra
de DEUS. A coação, o abuso, a violência, o suicídio e homicídio são do Diabo e
dos seus agentes espalhados pelo mundo fora. O nosso Todo-Poderoso não coage
ninguém a fazer nada contra a sua livre vontade. Por isso, nenhum cristão pode
ser abusador ou compactuar com o abuso seja de criança ou adulto. Todo o
abuso é profundamente contrário aos postulados Cristãos: há uma
incompatibilidade axiológica e teológica entre Cristianismo e abuso – nenhum
cristão pode ser abusador e nenhum abusador se pode dizer cristão. O mais grave
ainda é abusar das pobres e inofensivas criancinhas, submetendo-lhes
forçosamente a prática sexual. Isto é um cúmulo de depravação que ultrapassa o
limite do bom senso e da razoabilidade. Ultrapassa a decência e a dignidade.
Ultrapassa a moral e os bons costumes. Ultrapassa, acima de tudo, os valores do
humanismo e da humanidade. É estragar a vida da criança que ainda não viveu,
condicionando significativamente a sua forma de encarar o sexo e a sexualidade
na idade adulta. O abuso sexual desconfigura, atrofia a personalidade, deixa
marcas indeléveis na alma, retira a felicidade e, em última instância, mata a
vítima. É um dos cancros da pós-modernidade, abarcando todas as esferas da
nossa moribunda sociedade.
No
entanto, o abuso sexual não deveria existir no seio da Igreja ou ser perpetrado
contra as criancinhas, principalmente por pessoas que têm o dever moral e
espiritual de cuidar de vidas que procuram o refúgio na Igreja. As crianças são
parte integrante do Reino de DEUS. Por esta razão, o Reino de DEUS é dos que
são como crianças, enfatizava o Senhor Jesus Cristo (Mt 19:14-15. Abusar de uma
criança na Igreja é declarar abertamente guerra ao Senhor Jesus Cristo, o dono
da Igreja, e com todas as implicações espirituais que isto representa para o
infractor. E a liderança da Igreja Católica sabe muito bem deste primado
bíblico. Com efeito, não o toma em consideração porque está comprometida com
uma outra agenda que não a da Palavra de DEUS. Infelizmente.
Em suma, sabemos de acordo com o ensino do Senhor Jesus Cristo que não se pode evitar que haja ocasiões de pecado, “mas ai de quem for
responsável por elas! Seria melhor para essa pessoa ser atirada ao mar com uma
pedra de moinho amarrada ao pescoço, do que ela fazer cair em pecado um destes
pequeninos” (Lc 17:1-2). Que DEUS nos perdoe e nos livre de infringir este
preceito sagrado. Que assim seja.