Grande Entrevista Com a “Dama de Ferro” Sali Mané


Dentro de algumas horas, isto é, logo às 21h00 de Portugal, estarei a participar num directo no Facebook com a minha estimada amiga Sali Mané Mané (LER). Estaremos juntos a debater sobre a preocupante situação política que se vive no nosso país. A Guiné-Bissau tem, desde que Umaro Sissoko Embaló assumiu pela força armada o poder no país, resvalado numa deriva autoritária sem precedentes, colocando em causa de forma substancial os ganhos democráticos que outrora o país conquistou com bastante dor e sacrifício. 

Há permanentes abusos, violações e violências contra os guineenses por parte deste ilegítimo, incompetente, corrupto e ditatorial regime instalado no país. Há uma completa instrumentalização dos órgãos da soberania em torno de uma pessoa que, contra todas as expectativas jurídico-legais, faz e desfaz a seu bel-prazer a nossa Res Publica. Há perseguição, silenciamento, despotismo e crime organizado, envolvendo directamente os titulares dos órgãos da soberania. 

Nós, como os filhos daquela terra, que queremos o seu bem-estar e desenvolvimento, não podemos ficar indiferentes e calados perante tamanhas atrocidades e desmandos. Não podemos refugiar-nos na confortável posição da injusta “imparcialidade”, ignorando deliberadamente os grilhões do nosso povo em sofrimento. Não podemos, em circunstância alguma, compactuar com a maldade a que o país foi votado por parte dos traidores da pátria. 

Por imperativo de consciência, e dever patriótico, vamos erguer a nossa voz bem alto para denunciar e combater com as armas da justiça esta ditadura do consenso. Vamos lutar, até ao fim, custe o que custar, para reverter este quadro funesto que encaminha paulatinamente o nosso país para o abismo e autodestruição. Vamos estar, acima de tudo, incansavelmente, ao lado do nosso povo e na defesa intransigente do primado da legalidade, do Estado de Direito Democrático e de Direitos Humanos. 

A Guerra Que Não Trouxe a Independência Nacional


Celebra-se hoje o dia da independência nacional da Guiné-Bissau. A autodeterminação do país, em 24 de Setembro de 1973, até à data presente, para grande infelicidade e tristeza nossa, foi um autêntico fracasso a todos os níveis. A Guiné-Bissau nunca chegou, em termos objectivo-práticos, de tomar a sua real independência. A independência só foi reduzida no papel, limitando-se apenas a uma mera formalidade Jus Internacional. O país continua dependente de tudo e mais alguma coisa. Dependente da ajuda externa e da boa vontade dos países aliados para continuar a sobreviver. 

Logo depois da tão propalada “independência nacional”, que não trouxe qualquer tipo de Independência, o país foi capturado pelos dirigentes medíocres, intriguistas, incompetentes, desqualificados, bandidos, sanguinários, corruptos, ladrões, traficantes de droga e de toda a sorte de criminosos que o submeteram a um esmagamento metódico, sem dó nem piedade, ao longo de várias décadas. Esta subversiva postura, dos nossos sucessivos dirigentes e governantes em geral, contraria flagrantemente com a premissa inicial do “programa maior”, delineado por Eng. Amílcar Lopes Cabral, na génesis da luta armada, para fazer definitivamente a Guiné-Bissau avançar. 

Em 23 de Janeiro de 1963 deu-se oficialmente o início da luta de libertação nacional, com a ofensiva militar contra as colunas portuguesas no sul do país, sob o comando do quartel do Titi. A partir desta data tudo mudou, para pior. A Guiné-Bissau mergulhou numa profunda crise de identidade, sem precedentes, ao longo da sua moderna história. Desde logo, a vindicta do Congresso de Cassacá, em Fevereiro de 1964, convocado para “atenuar” a cisão interna no seio do PAIGC, culminando naquilo que ficou conhecido como o “massacre dos insubordinados”, onde inúmeros camaradas foram barbaramente fuzilados por ordens expressas do partido. 

Passados os dez anos da chacina armada da “guerra do povo, pelo povo e para o povo”, o país proclamou unilateralmente a sua independência, em 24 de Setembro de 1973, cumprindo assim o desígnio inicial do “programa mínimo” traçado na génese da sublevação armada. Existiam, nos anos subsequentes, todas as condições propícias e exequíveis para criar uma “nova sociedade” e um “novo homem africano”, capaz de trilhar, com bastante sucesso, “o programa maior” visceralmente ligado ao desenvolvimento sustentável e sustentado da Guiné-Bissau. Não foi, no entanto, o que aconteceu para desgraça nossa. O primeiro Presidente da República, Luís Cabral, conduziu o país para um modelo absolutista de estado que se traduzia em tremendas perseguições, ajustes de contas e execuções sumárias de opositores do regime considerados “traidores da pátria”

Foi neste horrível cenário politico-governativo, em 1980, que surgiu o afamado “Movimento Reajustador” de 14 de Novembro liderado pelo General João Bernardo Vieira, que usurpou o poder por via de um golpe de estado, afastando assim o seu amicíssimo e correligionário de partido, Luís Cabral, da presidência da república. Acontece que, por vicissitudes várias e supervenientes, esta mudança de poder não foi bem acolhida pelos dirigentes cabo-verdianos que, como represália ao novo regime Bissau-guineense, desvincularam-se completamente do PAIGC e fundaram o partido PAICV, em 1981, rompendo assim definitivamente com o vínculo umbilical que ligava os dois povos irmãos, idealizado pelo Eng. Amílcar Lopes Cabral. 

Com o governo de Nino Vieira, a Guiné-Bissau conheceu uma das facetas mais tristes e bárbaras da sua autodeterminação. Tudo aquilo de que acusava Luís Cabral acabaria por fazer ainda pior. Nos seus 23 anos no poder, de 1980 a 1999 e depois em 2005-2009, respectivamente, não se melhorou praticamente nada, excepto uma aparente abertura do país para a democracia pluralista, em 1994, que, em termos objectivos, tinha mais a ver com o autoritarismo do que propriamente com o estado de direito democrático. Tal como diria depois Luís Cabral, e bem observado, “o Movimento Reajustador não Reajustou nada”. Em consequência disso, o país passou por enormes sobressaltos político-sociais e sucessivos golpes de Estado e contra-golpes até Dezembro do ano passado, culminando sempre em assassinatos de personalidades e altas figuras da república, somando à fratricida guerra civil de 7 de Junho de 1998, com repercussões negativas que ainda hoje se fazem drasticamente sentir na vida de inúmeros guineenses. 

Todos os Presidentes da República que a Guiné-Bissau teve desde a sua autodeterminação até aos dias de hoje, coadjuvados com os seus primeiros-ministros, poder judicial, chefias militares e governantes em geral, só trouxeram prejuízos avassaladores à Guiné-Bissau. Não conseguiram deixar um legado positivo em prol do progresso nacional que tanto apregoa(ra)m defender. Foram todos incongruentes nas suas obscuras e egoístas agendas políticas – o que demonstra manifestamente a crise de liderança que tem caracterizado o país ao longo dos anos até à data presente. 

A raiz de todos os males que assolam impotentemente o nosso povo é, sem dúvida, a preterição deliberada do “programa maior” na dinamização e consolidação do progresso do país, razão pela qual os custos e os benefícios que advêm da luta de libertação nacional foram completamente desproporcionais, com a supremacia abismal daqueles em detrimento destes. Não houve, infelizmente, progressos assinaláveis do ponto de vista humano-social. 

A Guiné-Bissau, desde o período do pós-independência, foi capturada pelos urubus que não compreendem nada da governação e pelos pacóvios militares que apenas a humilharam, através do esmagamento metódico a que foi reiteradamente submetida ao longo dos tempos. A começar, desde logo, com os intelectuais sabujos e desonestos, políticos trapaceiros e corruptos, magistrados incompetentes e fraldiqueiros, partidos políticos ignorantes e inabilitados, sociedade civil moribunda e inoperante, que obstam ao desenvolvimento do país. Se isso é a “nação” ou a “independência nacional”, tal como muitos dos nossos patrícios orgulhosamente enaltecem, não contem comigo. Estou fora deste delírio nacionalista. Estou mesmo fora. Roubem-me o esforço e a tranquilidade; a consciência e a razoabilidade é que não! 

O Sistema da Educação na Guiné-Bissau


Começou hoje oficialmente o início do novo ano lectivo na Guiné-Bissau (LER). Partilho aqui a parcela do live informal que tive há seis anos, concretamente em 27 Fevereiro de 2018, com a nossa famosa e Activista “Dama de Ferro” Sali Mané, sob o tema: “O Sistema da Educação na Guiné-Bissau” (VER).  A minha intervenção em crioulo foi congruente com aquilo que já havia defendido há doze anos num prolixo ensaio intitulado “Em Defesa do Futuro da Guiné-Bissau” (LER).  

Entendo que é preciso fazer reformas profundíssimas neste tão importante e estratégico sector do país, que incorpora o âmago do progresso de qualquer nação, sobretudo no que toca à qualificação dos nossos quadros professores, proporcionando-lhes diversas oportunidades de formação, com vista a poderem responder satisfatoriamente os exigentes desafios pós-modernos a nível da formação. Fazer alteração nos modelos programáticos e didácticos dos cursos que, até então, têm sido cegamente seguidos e que não se ajustam à realidade do país, através da restruturação de planos curriculares, melhorando significativamente a pedagogia do ensino, pautando, acima de tudo, pelo rigor, exigência e excelência do mesmo. Construir mais escolas em todas as regiões e aldeias do país (e não venham cá dizer-me que não há dinheiro para tal), para assim dispor da cobertura do ensino em todo o território nacional e, consequentemente, nesta primeira fase, impor o 9ºano de escolaridade obrigatória para todos os guineenses. 

Estas impreteríveis reformas estruturais devem abranger todos os ciclos de ensino do país. Infelizmente, por incompetência e falta de visão dos nossos sucessivos governantes, actualmente, na Guiné-Bissau, não existe praticamente nenhuma escola técnico-profissionalizante, com a excepção do CIFAP que foi fundado e continua a ser patrocinado pela Dioceses das Igrejas Católica de Bissau, operando com bastante sucesso. É um erro crasso. A nosso ver, o Estado deveria igualmente pensar seriamente em investir nesse modelo de qualificação para os nossos homens e mulheres, minimizando as graves carências que há em múltiplas áreas profissionais do país. 

É preciso também encetar os contactos a nível externo, procurando fazer parcerias com outros países no mesmo sector, não somente para servir de intercâmbio ao nosso pessoal docente e os educadores em geral, assim como melhorar a formação dos nossos jovens, através de bolsas de estudo para os referidos países, a fim de completarem os seus planos de estudos, nomeadamente a nível da Licenciatura, Mestrado, Doutoramento e Pós-Doutoramento, se assim for o seu desejo. 

A Educação é o único antídoto indispensável para a Guiné-Bissau eliminar cabalmente os flagelos humano-sociais, que a têm ameaçado de forma reiterada e galopante, nomeadamente à questão da instabilidade governativa, a corrupção e a fome, a propagação do vírus de HIV, as gravidezes precoces, o casamento forçado, a hedionda mutilação genital feminina, a violência doméstica, o elevado índice da mortalidade materno-infantil, a curta esperança média de vida dos cidadãos, etc. É através da educação que o Homem consegue dispor de ferramentas necessárias ao seu alcance para responder eficientemente os sérios desafios que vão surgindo ao longo da sua vida e, deste modo, realizar-se como pessoa de bem no círculo em que está inserido. Tudo isto acaba por ter reflexos bastantes positivos à sociedade em geral. 

Não sem razão que um dos grandes e proeminentes pedagogos de todos os tempos Coménio, na sua célebre obra “Didáctica Magna”, falava na necessidade de formação de todas as pessoas, independentemente do sexo, raça, religião e estrato social. Todas as pessoas, sustentavam peremptoriamente, devem ser enviadas às escolas, com vista a contribuírem para uma sociedade mais ordeira, integrativa, equilibrada, justa e progressista. E este imperativo não é alheio à Guiné-Bissau, isto é, aplica-se-lhe na perfeição. Necessitamos, com a máxima urgência, de melhorar a nossa qualidade de ensino para o bem-estar do nosso amado país, a Guiné-Bissau. 

Cem Anos de Amílcar Lopes Cabral e a Guiné-Bissau Num Beco Sem Saída


O Eng. Amílcar Lopes Cabral estaria hoje a celebrar cem anos de vida, isto é, se estivesse ainda vivo. Quis o destino que, por razões de intrigas e traições no PAIGC, foi brutalmente assinado na flor da idade, com apenas 49 anos, frustrando assim o seu desígnio do “programa maior” visceralmente ligado ao desenvolvimento sustentável e sustentado da Guiné-Bissau. 

O Eng. Amílcar Lopes Cabral atraía imensos inimigos perante os seus correligionários do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-verde (PAIGC), não obstante o seu humanismo social que era patente nos retratos da guerra. Era um homem extremamente culto e defensor acérrimo de causas sociais. Notava que ele realmente amava as pessoas, não obstante as leituras que cada um poderá fazer da exequibilidade do seu projecto governativo e legado político. Foi, sem dúvida, um político africano brilhante e completamente comprometido com o seu povo que, tal como o próprio manifestou publicamente em inúmeras ocasiões, “quis saldar a sua dívida para com o seu povo e viver a sua época”

Mesmo assim, os seus opositores por rivalidades e inveja, catalogavam-lhe vários epítetos pejorativos para arruiná-lo na sua determinada luta da autodeterminação da Guiné e Cabo-Verde, até ao ponto de liquidarem definitivamente o homem (LER). O Eng. Amílcar Cabral, para grande tristeza nossa, não chegou de “saldar” completamente a sua dívida com o seu povo e também não viveu a sua época como almejava. Partiu prematuramente. Deixou muitas e grandes iniciativas político-governativas para materializar na Guiné e Cabo-Verde. Tudo foi muito rápido e funesto na sua vida. As suas ideias e ideologias foram, no curto espaço do tempo, aquando da sua morte, rapidamente adulteradas pelos camaradas e altos dirigentes do PAIGC, lançando a Guiné-Bissau num pântano de nulidade política ao longo das décadas e até à data presente. 

Por isso, a Guiné-Bissau é um país fracassado a todos os níveis. Vive inveteradamente pelas ruas da amargura. Nunca teve, desde a sua História de autodeterminação, responsáveis políticos à altura do exigente desafio governativo. Foi sempre conduzida por pessoas medíocres, incompetentes, corruptas e manchadas pelos crimes de sangue. A arbitrariedade, o nepotismo, o clientelismo, a obstrução da legalidade, o abuso de poder, o revanchismo e a impunidade são vícios arreigados que, para nossa infelicidade colectiva, caracterizam o destino funesto do país. Os órgãos de soberania são instrumentalizados, tornando-se reféns de interesses obscuros de uma certa minoria que, de forma presunçosa e impune, fazem e desfazem a seu bel-prazer a Res Publica

A crónica crise institucional que opõe os órgãos de soberania e partidos políticos podendo, inclusive, deteriorar ainda mais o já inabilitado estado do país é o reflexo manifesto de tudo o que acabamos de sustentar. Temos um ditador como Presidente da República que desconhece absolutamente as suas atribuições constitucionais e um dos factores de instabilidade no país, bem como uma Assembleia da República completamente descaracterizada do seu substrato legislativo. Deputados sem escrúpulos, para não dizer outra coisa, que vivem à mercê de circunstancialismos e favorecimentos. Um Governo ilegal composto por fraldiqueiros que tão bem conhecemos em outros carnavais, somando-se ainda um licencioso poder judiciário susceptível de ser peitado a troco de um bom “suku di bás” para perverter a Justiça. Todos estes pejorativos adjectivos aplicam-se na perfeição à nossa insubordinada e corrupta classe castrense. Estamos desgraçadamente entregues, sem dúvida, a embusteiros e traidores da pátria. Só pano tchora dur garandi: Guiné-Bissau kaba sim Cabral

Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos


Estive há duas semanas a pregar no culto dominical da minha igreja, isto é, no dia 18 de Agosto. O tema que foi objecto da minha mensagem foi “Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos”, tendo como texto de apoio o Evangelho s. Mateus 24:1-14. Este capítulo, segundo os teólogos, é um dos mais difíceis de interpretar na Bíblia Sagrada, tal como o livro de Apocalipse, visto que envolve os complexos temas escatológicos. Mesmo assim, pela graça de DEUS, procurei humildemente não entrar em especulações teológico-doutrinárias e ater-me apenas aos aspectos práticos de cada um dos versículos em apreço. 

O Senhor Jesus Cristo saiu completamente do templo, tal como vinca manifestamente o autor sagrado (Mt 24:1). Esta saída coincidiu com a Nova Aliança pré-estabelecida por DEUS, desde os primórdios do mundo, e revelado no Antigo Testamento. Por isso, não foi uma saída qualquer como Ele fez em outras ocasiões do Seu ministério terreno. O Filho do Homem retirou-se definitivamente do templo para nunca mais voltar a entrar nele. Abandonou-o triste com a adulteração do culto a que ele foi infelizmente reduzido pelas polutas autoridades judaicas, permitindo assim o sacrilégio dos vendilhões dentro dele, somando ainda a incredulidade do povo em relação à Sua pessoa, não obstante as inúmeras tentativas do Senhor Jesus em congregá-los como a galinha ajunta os seus pintainhos debaixo das asas. No entanto, eles deliberadamente não quiseram (Mt 23:37), confirmando-se assim as palavras do Evangelista João sobre o Messias que “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11). São factores determinantes que condicionaram esta inevitável saída do Filho de DEUS do templo, máxime a concretização plena do Seu Reino na Terra. 

Podemos extrair, de forma cristalina, esta conclusão nos últimos dois versículos do capítulo anterior que expressamente diz: “eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; porque eu vos digo que, desde agora, me não vereis mais” (Mt 23:38-39). A Glória do Senhor foi-se embora do pomposo templo (Mc 13:1-2). O outrora espaço sagrado de “shekiná” ficou irreversivelmente desabitado pelo Eterno Jeová. Já não é mais a casa do Todo-Poderoso DEUS, tal como inúmeras vezes foi apelidado nas Escrituras Sagradas, mas sim “a vossa casa”, isto é, dos incrédulos judeus e as suas ímpias autoridades. Em consequência disso, o anátema templo foi completamente destruído nos anos 70 d. C pelo império romano. 

Os discípulos, de acordo com o texto sagrado, perguntaram-Lhe: “dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24:3). Fazia-lhes imensa confusão a sentença do Senhor Jesus sobre o templo, pois tal sentença advém da sequência imediata dos discípulos lhe chamarem a atenção para a beleza da construção do templo (Mt 24:1). Extraímos aqui, nesta curiosidade dos discípulos, três importantíssimas perguntas feitas ao Senhor Jesus. A primeira pergunta prende-se com os acontecimentos anunciados pelo Senhor Jesus sobre a destruição do templo; a segunda que sinal haverá da Sua vinda e, a última, o tempo exacto do fim do mundo. Aliás, os discípulos voltaram a interrogá-Lo sobre esta mesma temática momentos antes da Sua ascensão aos céus (At 1: 6). Apesar de toda esta natural curiosidade humana sobre os mistérios ocultos, o Senhor Jesus não revelou com total precisão o dia e a hora em que Ele há-de vir (Mt 25:13), porque ninguém mesmo sabe: nem os anjos no céu, nem o Filho. Só o Pai é que conhece este recôndito mistério (Mt 24:36). 

O Senhor Jesus Cristo, sentado no Monte das Oliveiras com autoridade divina para ensinar, e não como a dos doutores da lei (Mt 7:29), respondeu sabiamente às referidas questões com as seguintes advertências: “acautelai-vos, que ninguém vos engane” (Mt 24:4). A constante vigilância espiritual é fundamental para o sucesso da vida Cristã. Ela é, sem margem para dúvida, o antídoto para discernirmos correctamente os pseudo-messias e, concomitantemente, saber compreender plenamente em que tempo estamos de facto a viver (Mt 24:42; Ro 13:11), bem como detectar os dissimulados profetas. Isto porque surgirão falsos cristos, falsos cristãos, falsos líderes, falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos de DEUS (Mt 24:24; Mc 13:7; 22; 2 Ts 2:9-11). 

E, de seguida, o palco será de guerras e rumores de guerras ao redor do mundo, mormente a implacável perseguição e o martírio dos Cristãos. Por aumentar a iniquidade, de forma rápida e assustadora, o amor de muitos esfriará. Nesta altura, inúmeras pessoas apostatarão a fé. A galopante traição, o ódio, a heresia, o escândalo, a falsidade, as guerras, serão comuns no seio dos seres humanos, inclusive dentro das igrejas. Podemos constatar essas inequívocas verdades na pandemia que o mal exercerá na vida das pessoas, através dos versículos 5, 10, 11 e 12 do mesmo capítulo. A palavra “muitos” vai-se repetindo seis vezes nos primeiros doze versículos, sempre com a conotação pejorativa, com intuito de dar ênfase as calamidades daqueles tenebrosos dias. Os autênticos Cristãos sentir-se-ão na pele o elevado preço de ser o testemunho fiel do Senhor Jesus Cristo. Mesmo assim, a Igreja triunfará e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16:18;2 Ts 2:8). Quem assim seja. E assim sempre será no nome Bendito do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (LER)

A Convulsão Político-governativa na Guiné-Bissau


Partilho aqui novamente o comentário semanal que fiz há bocado sobre os últimos e relevantes acontecimentos políticos na Guiné-Bissau. Era suposto abordar três importantes temas e acabei por desenvolver apenas dois para o vídeo não ser demasiado grande. No vídeo em questão, comentei sobre o cinismo político de Braima Camará e toda a convulsão que se vive actualmente no Madem-G15, bem como aprofundei com mais detalhes a posição que veiculei na semana passada de aconselhar o Engenheiro Domingos Simões Pereira a não regressar, por enquanto, a Guiné-Bissau. E, por fim, dei alguns “raspanetes” no Umaro Sissoko Embaló. 

Tenha um bom proveito na visualização e auscultação do vídeo. 

Os Ilegais Congressos Extraordinários no PRS e Madem - G15


Partilho aqui o breve comentário que fiz há bocado sobre os últimos acontecimentos que marcaram a política guineense, nomeadamente os ilegais congressos extraordinários no PRS e no Madem - G15, bem como o discurso de Braima Camara e a traição que ele foi vítima por parte de Sissoko Embaló e os seus correligionários do partido. Deixei ainda no fim um conselho para o Engenheiro Domingos Simões Pereira. 

Tenha um bom proveito na visualização e auscultação do vídeo. Feliz noite de descanso e boa semana. 

Vida e Obra do Meu Querido Tio Domingos Vieira


O meu estimado tio, Domingos Vieira, aquando da sua vinda aqui à Europa passar férias em 2018, nomeadamente em Lisboa e em Hamburgo (LER). A foto foi tirada nesta última cidade alemã. 


Falar do meu querido tio Domingos Vieira tem muito que se lhe diga. Era o irmão mais novo do meu saudoso pai Jorge Vieira numa lista de sete irmãos, nomeadamente três homens e quatro mulheres. O meu pai era o primogénito dos meus avós paternos. A nossa família, desde o começo, sempre foi bastante unida e mantém-se intactamente assim até à data presente, não obstante pontuais tensões e querelas que normalmente vão surgindo, como é comumente natural no seio de qualquer família, sobretudo em famílias numerosas como a minha. Esta unidade familiar e coesão deve-se, acima de tudo, à determinação e sentido de responsabilidade do meu pai e, posteriormente, do meu tio Domingos Vieira e os seus irmãos. Tanto que, por esta razão, depois do prematuro falecimento do meu pai Jorge Vieira foi o tio Domingos Vieira quem assumiu, por completo, as rédeas e liderança de toda a nossa família, coadjuvado pela minha tia Fina Indi (LER) e o meu tio Duarte Vieira (Duvi). 

O meu querido tio Domingos Vieira, também que era carinhosamente cognominado por “Baúnhá” nos círculos da nossa etnia papel, que eu particularmente chamava de “pape de Didi” – por ser o pai do meu primo com o mesmo nome – destacava-se pela sua verticalidade, honorabilidade, desprendimento, humildade, cultura e amor incondicional pela família. Assim sendo, depois da morte do meu pai Jorge Vieira, carregou a nossa família sem qualquer tipo de hesitação ou lamúrias, e com todas as implicações que isto teve na sua vida. Foi um homem de família e viveu em torno da família até ao fim dos seus dias. 

O tio Domingos Vieira, desde muito cedo, destacou-se perante tudo e todos. Destacou-se na vida familiar, relacional, social e profissional. Foi um alto funcionário do Ministério dos Recursos Naturais da Guiné-Bissau, desempenhando ininterruptamente o cargo de director financeiro daquela instituição estatal por muitos anos, trabalhando com mais diversificados ministros e secretários de estados até se reformar, apesar de ser um homem apartidário e equidistante do ponto de vista político. Digo isto porque na Guiné-Bissau, infelizmente, tudo é instrumentalizado pela política. É praticamente impossível estar num cargo de topo por muito tempo, sem ter filiação partidária ou sujeitar-se a determinadas artimanhas de subjugação e rasterice à moda guineense. O meu tio era antítese de todo este servilismo decadente e falta de carácter. Mesmo assim, recebia a confiança dos seus superiores hierárquicos, tendo em conta a sua postura pacifista, diligente, competente, agregadora e incorruptível. 

O meu tio Domingos Vieira lidava com bastante dinheiro, mas nunca foi suspeito ou acusado de desviar algum fundo do Ministério dos Recursos Naturais da Guiné-Bissau. Sempre teve carros por causa da função que exercia e nunca os usou para fins que não fosse profissionais. Não era esbanjador. Não fazia paródia. Nunca andou na imoralidade ou envolveu-se com mulheres, tal como é costume por homens que têm algum estatuto social no nosso país.  Fazia os pagamentos no ministério e devolvia o dinheiro que sobrava. Víamos reiteradamente este nobre exemplo com ele. Esta atitude não é de somenos para quem conhece muito bem a imoral e corrupta realidade da Guiné-Bissau que é bastante permeável a desvios de dinheiro público para fins pessoais, branqueamento de capitais e de enriquecimento ilícito, sem quaisquer responsabilidades jurídico-penais para os infractores. Procurou viver na descrição e simplicidade. Era um homem inatacável e com grandes virtudes. Viveu pelo trabalho e com aquilo que ganhava de forma honesta. Viveu uma vida de abnegado servidor público e do próximo em geral, especialmente da família que ele tanto amava. 

Domingos Vieira, o meu tio, era mais do que um tio. Era como um pai para nós e para todos os meus primos do lado paterno. Encarregou-se da minha educação e formação, juntamente com os meus irmãos, depois da morte prematura do nosso pai Jorge Vieira, bem como dos meus primos e da parentela que estão na nossa casa que ele era chefe (família alargada, bem entendido). Foi um homem altamente educado e apostou seriamente na educação ao longo de toda a sua vida. Foi o caminho que ele nos demonstrou e nos ensinou pelo seu próprio exemplo de vida. Não poupava em nada que tenha a ver com a educação e formação. Fazia avultados investimentos na nossa educação. A começar, desde logo, pelos próprios filhos, sobrinhos e demais elementos familiares que estavam sob a sua inteira dependência. Sustentava muita gente e formou muitas pessoas – por causa do seu sentido apurado a nível da educação e entrega incondicional à família. 

A marca indelével que a minha família é manifestamente conhecida no nosso bairro Bandim II, em Bissau, é o primado da escola, formação, intelectualidade e qualificação. Tal proeza deve-se primeiramente ao meu pai Jorge Vieira, que foi precursor destes nobres valores humo-sociais e este legado foi continuado, com maior alcance, pelo nosso tio Domingos Vieira. Graças à visão inovadora destes dois grandes homens, a nossa família está repleta de homens e mulheres altamente formados e qualificados em várias áreas profissionais. 

O nosso tio Domingos Vieira, apesar de apostar na educação e intelectualidade, cedo se apercebeu dos riscos e perigos do falso saber e da descaracterização da política na Guiné-Bissau. E, justamente, por isso, nunca estimulou nenhum de nós a entrar na política partidária ou fazer política activa, apesar de, modéstia à parte, sermos objectivamente homens e mulheres altamente preparados naquilo que é o padrão comum da Guiné-Bissau. Quem, no entanto, posteriormente, entrou na política foi por sua livre iniciativa e opção pessoal. Ele reiteradamente advertia-nos “pa tira boca na política” e não se iludir com a leveza do luxo e o materialismo decadente do nosso país. Dizia-nos também que a nossa família é pobre e nós também éramos “fidjos di coitadi”, razão pela qual devíamos procurar viver como filhos realmente de pessoas humildes, renunciando ao vício da ostentação, corrupção, materialismo, prepotência, elitismo, futilidade e vaidades da vida. Felizmente, estes elevados princípios e valores estão bastantes impregnados e presentes na nossa família, sobretudo na forma como nós encaramos e respondemos aos desafios da vida. 

Com o tio Domingos Vieira aprendemos inúmeras coisas. Inúmeras coisas que fazem de nós portadores de elevadíssimos princípios e valores. Ele tinha a premissa que os estudos, o trabalho digno, o carácter são inevitáveis caminhos para sermos homens e mulheres bem-sucedidos na sociedade. Por isso, não poupava os esforços e investimentos na educação e formação de carácter para nos habilitar com estas imprescindíveis ferramentas humano-sociais. Além destes manifestos valores que ele evidenciava, também o tio Domingos Vieira era um homem de paz e não votado aos confrontos e conflitos. Sempre procurou, na medida do possível, evitar dos problemas. Era um homem que não estava metido em problemas, visto que a vida dele era apenas trabalho e casa. E em casa mitigava qualquer tipo de possíveis ímpetos que possam degenerar-se para a confrontação e conflitos entre os familiares e terceiros. Era pacifista, agregador e de família.  Tentou incutir estes postulados entre os filhos e para toda a nossa família. E assim foi. 

Tenho muitas dívidas com o tio Domingos Vieira. Foi o mentor da minha educação. Acompanhou, desde a primeira hora, todo o meu processo de formação. Estou-lhe eternamente grato por todo o investimento que fez na minha vida. Agradeço ao meu Todo-Poderoso DEUS por permitir ao tio Domingos Vieira ser instrumento de bênçãos na minha vida. Era bastante ligado à família e a nossa família era-lhe também muito ligado. 

A última vez que estive com o meu tio Domingos Vieira foi aquando da sua vinda para a Europa passar férias, junto dos filhos e netos, em 2018, durante aproximadamente dois meses. Primeiro em Lisboa na casa do seu primogénito filho Gervásio Domingos Vieira (Djoi) e, de seguida, em Hamburgo, Alemanha, na casa da filha Narcisa Domingos Vieira (Nacy) (LER)  e, inversamente, em Lisboa. Depois de um tempo de confraternização, despedimo-nos com dois calorosos abraços de familiaridade na promessa de nos encontrarmos ainda num futuro breve. Disse-me em crioulo: “fica diritu bó” e eu respondi-lhe: “fassi bom biás. Manda nha mantenhas pá titia Fina Indi, tio Duarte i pá tudu djintis lá na casa. Pá DEUS abençoa-bós tudu”. E assim, partamo-nos nostalgicamente um do outro e, ao mesmo tempo, continuando unidos pelo mesmo cordão umbilical de sempre (LER)

O tio Domingos Vieira, para grande surpresa e enorme tristeza nossa, morreu repentinamente na passada quarta-feira, dia 17, em Bissau, e foi sepultado esta tarde no cemitério de Antula, em Bissau. Tinha 75 anos de idade. Era pai de quatro filhos, nomeadamente os meus primos Gervásio Domingos Vieira (Djoi - LER), Narcisa Domingos Vieira (Nacy), Euclides Domingos Vieira (Didi - LER), Duília Domingos Vieira (Dú) e avô de catorze netos. Deixou definitivamente este mundo com o dever cumprido, tal como aconteceu com os meus avós, pai, tios e tias. No entanto, o seu legado de vida vai continuar permanentemente vivo nos nossos corações e transmitido pelos nossos filhos e gerações vindouras da família Vieira. Muito obrigado por tudo o que fez por mim e pela nossa família em geral, tio Domingos Vieira! Louvado seja eternamente o nosso Todo-Poderoso DEUS!   

Sequência de Pentecostes


“Vinde, ó Santo Espírito,

vinde, Amor Ardente,

acendei na terra

vossa luz fulgente. 


Vinde, Pai dos pobres:

na dor e aflições,

vinde encher de gozo

nossos corações. 


Benfeitor supremo

em todo o momento,

habitando em nós

sois o nosso alento. 


Descanso na luta

e na paz encanto,

no calor sois brisa,

conforto no pranto. 


Luz de santidade,

que no Céu ardeis,

abrasai as almas

dos vossos fiéis. 


Sem a vossa força

e favor clemente,

nada há no homem

que seja inocente. 


Lavai nossas manchas,

a aridez regai,

sarai os enfermos

e a todos salvai. 


Abrandai durezas

para os caminhantes,

animai os tristes,

guiai os errantes. 


Vossos sete dons

concedei à alma

do que em Vós confia: 


Virtude na vida,

amparo na morte,

no Céu alegria.”

Devemos Ser ou Não Tolerantes com os Intolerantes?


Devemos ser tolerantes com os intolerantes? Como relacionar com as pessoas que não têm a cultura democrática? É concebível, num estado de direito democrático, lidar com os ditadores numa lógica da democracia? Uma pessoa radical, extremista, violenta e autoritária pode beneficiar das regras integrativas da democracia participativa? Como é que podemos resistir e vencer pessoas antidemocráticas, sem pôr em causa o regime democrático? Será que a democracia aceita pessoas que não são democratas? São todas as pertinentes questões que procurei responder neste brevíssimo vídeo. 

Tenha um bom proveito na sua visualização e auscultação (LER). Feliz noite de descanso. 

Dia Das Mães Para Uma Mãe Especial

Estamos a celebrar hoje no meio Evangélico-protestante “O Dia das Mães”. Não podia deixar passar esta efeméride sem destacar aqui publicamente as incontáveis bênçãos que a irmã Gilca Lopes Pereira Bastos, a quem chamo carinhosamente de “Doutora” Gilca, tem sido maravilhosamente na minha vida ao longo dos anos (LER). Desde quando cheguei a Lisboa ela, juntamente com toda a sua amada família, acolheu-me de braços abertos e tratou-me como se fosse um filho. A Doutora Gilca esteve e está sempre presente na minha vida, procurando na medida do possível acompanhar-me e auxiliar-me naquilo que for necessário. 

A Doutora Gilca é uma mulher com enormes qualidades morais, sociais e espirituais (LER). Bastante sensível as causas sociais e com um humanismo apuradíssimo. Evidencia esta consciência social na forma peculiar como se relaciona com as pessoas à sua volta. Está mais predisposta para servir o próximo do que para ser servida. A Gilca é manifestamente generosa por natureza e altruísta na forma de encarnar a amizade. Tem uma personalidade prestativa, afável, agregadora e amorosa. Dá mais aos outros do que propriamente aquilo que recebe. Mesmo assim, nunca perdeu este nobre brilho e substrato identitário de servir permanentemente o próximo. Não há ninguém que cruze o seu caminho que rapidamente não fique contagiado com a sua dócil e impactante personalidade.  A Gilca é uma mulher que ama a DEUS, acima de todas as coisas, e vive exclusivamente para honrá-Lo, adorá-Lo e servi-Lo em espírito e em verdade no seu dia-a-dia. Vive uma espiritualidade vincada e é uma mulher altamente comprometida com o Reino de DEUS e com a santidade da vida Cristã. 

A Doutora Gilca Lopes Pereira Bastos é mãe de dois filhos. É uma mãe zelosa que pensa nos seus filhos e também pensa nos filhos dos outros. Tanto que, por esta razão, trata-me como se fosse seu filho. Devo-lhe muitos favores. Favores inumeráveis e imensuráveis.  Favores que estarão sempre presentes e guardados no meu coração. Favores que jamais conseguirei pagar um dia. No entanto, estou inteiramente grato a DEUS pela vida da irmã Gilca e, sobretudo, pelas bênçãos que ela tem sido na minha vida. 

Por isso, rogo ao nosso Bom e Eterno DEUS que possa preservar com vida e saúde a nossa querida Gilca Lopes Pereira Bastos, livrando-lhe de todo o perigo e mal. Que tenha sempre força suficiente para continuar a semear a paz, o amor, o perdão, a bondade e a reconciliação para onde passar, especialmente nos corações empedernidos. E, por fim, “que o Senhor te abençoe e te proteja; que o Senhor te mostre o seu rosto acolhedor e te trate com bondade; que o Senhor olhe para ti e te conceda a paz!” (Números 6:24-26). Amém. Um feliz e abençoado Dia das Mães, Doutora Gilca Lopes Pereira Bastos! 

Um Dia, Um Aniversariante

O meu irmão Evaristo Vieira faz anos hoje. Completa mais uma primavera na vida. Está a comemorar uma importante data de aniversário. É um dia repleto de alegria, festa e, sobretudo, gratidão a DEUS pelo dom inefável da vida que Lhe concedeu, tendo fé que tal estender-se-á ainda por longos, saudáveis, vitoriosos e felizes anos de vida. 

O Evaristo Vieira é abençoado por DEUS em todos os aspectos. Abençoado do ponto de vista espiritual, familiar, profissional, relacional e material. Sempre foi muito diligente, aplicado, determinado e altamente competente nas coisas que se propõe realizar ou que lhes são incumbidas a fazer. É um homem íntegro a nível de carácter, justo no seu procedimento, vertical na forma de estar e bastante elegante no relacionamento com os outros. O Evaristo é também educado, prestável, humilde, devotado e desprendido. Não tem vícios e nem se desdobra em artimanhas ou desvelos alimentados por uma ânsia legitimação secular. Não vive de sobressaltos ou vaidades do mundo. Da mesma forma, não vive de bajulação ou rasteirice. Não é uma pessoa materialista ou corruptível, antes pelo contrário, é insuspeita e completamente irrepreensível. 

O Evaristo Vieira é ainda uma pessoa honesta, polida e de bom trato. Trabalhador incansável e com bastantes atributos e enormes pergaminhos. Acumula várias funções em simultâneo: Pastor Evangélico pela chamada Divina e consagração da mesma, diplomata de carreira (Ministro-Conselheiro) e docente universitário. O Evaristo é chefe de família e, acima de tudo, um fiel seguidor e servo do Senhor Jesus Cristo. Ele é um grande orgulho para toda a nossa família (LER)

Por tudo que ficou exposto, e poderia sempre acrescentar mais coisas, desejo parabéns para o meu irmão. Muitos parabéns e feliz aniversário, querido irmão Evaristo Vieira. Votos de maiores e melhores bênçãos de DEUS a todos os níveis da tua vida. Que sejas sempre saudável, bem-sucedido, realizado e feliz nas tuas opções diárias e percurso de vida. Estou certo de que a graça, o amor, o perdão, a misericórdia e a bondade do nosso Todo-Poderoso DEUS cercar-te-ão sempre ao longo de toda a tua vida, juntamente com toda a nossa família. Parabéns pelos preciosos, abençoados e felizes anos celebrados na graça e paz de DEUS. Todas as felicidades do tempo e da eternidade. 

IDENTIDADE E FAMÍLIA (1): Entre a Consistência da Tradição e as Exigências da Modernidade

“De todas as sociedades humanas, a família é a única natural, universal e intemporal. Nasceu com o Homem e existe antes do Estado. Não foi criada cientificamente, não resulta de um qualquer legado jurídico, não foi imposta por acto administrativo, não germinou fruto de uma qualquer ideologia, não é o resultado de meras circunstâncias ou contingências históricas. (…). Vida e família são irmãs gémeas da nossa natureza. A família é âncora da pessoa. Constitui a base de um projecto de vida, de realização pessoal do homem e da mulher. É o útero social que melhor conjuga o ser e o ter, o sustento e o trabalho, a liberdade e a responsabilidade, o amor e a solidariedade.[1]


[1] Extraído no livro de Identidade e Família: Entre a Consistência da Tradição e as Exigências da Modernidade, Oficina do Livro, Lisboa, 2024

Encontro de Jovens Cristãos Evangélicos Guineenses em Lisboa

Estive anteontem como convidado especial no encontro lúdico de Jovens Cristãos Guineenses em Lisboa, organizado por alguns destacados líderes da nossa Igreja Evangélica de Bandim em Bissau, que agora estão a estudar em Portugal, para falar sobre os grandes desafios espirituais que se colocam aos jovens Cristãos Evangélicos guineenses na Europa e Portugal em particular. O referido encontro teve lugar ao lar livre das 10h00 até às 17h00, isto é, no Jardim Urbano da Quinta da Granja, em frente ao centro comercial Colombo, contando com uma expressiva participação juvenil. Estiverem presentes, segundo os dados que me foram transmitidos pelos organizadores do evento, mais de noventa jovens oriundos de várias Igrejas da Guiné-Bissau, sendo que a mais representada de todas elas é a Igreja Evangélica de Bandim. 

No dia em que se celebra a liberdade em Portugal, o 25 de Abril, saímos também à rua para celebrarmos a nossa inigualável, insuperável e inatingível liberdade em Cristo Jesus, o nosso Senhor e suficiente Salvador. Na minha humilde explanação sobre os grandes desafios que se colocam a um jovem Cristão nos dias de hoje, apoiado no texto bíblico de 2 Timóteo 3:1-17, destaquei o relativismo religioso, o ateísmo obscurantista, a ignorância doutrinaria, o conformismo com os valores do mundo, o materialismo desenfreado, as paixões libidinosas, a promiscuidade sexual, o sexo antes do casamento, a avidez pelo lucro fácil, a corrupção generalizada, o não compromisso com a Igreja e com a vida de santidade. Tudo isto consubstancia, a meu ver, as manifestas marcas distintivas do nosso decadente mundo dito “pós-moderno” que, de forma resoluta, o jovem Cristão deve renunciar para estar fielmente ligado a Cristo. 

Foi um tempo realmente agradável na presença do nosso Todo-Poderoso DEUS. Um tempo de encontro entre irmãos da fé, de celebração, de testemunho e de festa. Um tempo de comunhão, de partilha, de exortação e de compromisso. Foi um tempo, acima de tudo, de adoração, oração, proclamação da Palavra de DEUS e de edificação espiritual. 

Fiquei bastante contente pela adesão de jovens guineenses à Causa do Evangelho do Senhor Jesus Cristo e a predisposição que demonstram em querer estar no centro da vontade de DEUS, não obstante a sedução do mundo. Fiquei, igualmente, satisfeito pelo considerável investimento que as Igrejas guineenses têm estado a fazer do ponto de vista missionário, investindo em crianças, jovens e adultos que acabam por ser instrumentos de bênçãos nas mãos de DEUS fora do contexto do nosso país. Esta é a nobre missão da Igreja. É a missão que todos nós, Cristãos, sem excepção, fomos incumbidos a realizar pelo nosso Salvador Jesus Cristo para a honra e glória do nosso Eterno DEUS. Que assim seja. E assim sempre será. 

Irão: Um Estado Patrocinador do Terrorismo


A República Islâmica do Irão é um estado que promove, patrocina e dissemina o terrorismo pelo mundo, sobretudo no Médio Oriente. Está, desde a teocrática revolução de 1979 dos aiatolas, indissociavelmente ligado ao terrorismo. Tanto que, por esta razão, não hesita em financiar deliberadamente os grupos terroristas para espalharem o terror e instaurar um regime subversivo e anárquico no Médio Oriente (veja-se, por todos os exemplos, o caos que se vive no Iémen, na Síria, no Iraque e na Cisjordânia). É o Irão que financia monetariamente e com armamentos o grupo terrorista Hezbollah, Houthis, Hamas, etc., com o intuito de impor pela força armada o seu xiismo radical e, desta forma, afirmar a sua hegemonia regional no já conturbado Médio Oriente. 

Com base neste tresloucado desiderato ideológico-nacional persegue, saqueia, golpeia e mata sem piadade milhares de pessoas em nome deste descabido ideal político-religioso, criando sedições entre países, sociedades e povos em especial. O Irão é um estado que patrocina o terrorismo. Gasta rios de dinheiro para fazer valer o terrorismo nos países que considera seus adversários para desestabilizá-los e, consequentemente, controlá-los. Por isso, o premeditado, belicoso e perigoso ataque que lançou há uma semana contra as cidades israelitas enquadra-se nesta implacável lógica de implementação do terror no Médio Oriente do tirânico regime persa. Aliás, o Irão considera Israel o seu primeiro e arqui-inimigo que deve ser completamente eliminado do mapa (matar todos os judeus da face da Terra, bem entendido). Este odioso discurso foi reiteradamente afirmado pelos líderes iranianos ao longo dos anos e continua presente até à data presente. 

A “promessa honesta” do Irão contra Israel no sábado, bombardeando indiscriminadamente as cidades judias com mais 300 bombas, nomeadamente com os drones, misseis cruzeiros e balísticos, visava criar profundas perdas – tanto humanas como materiais – ao povo hebreu. Felizmente, graças à imprescindível ajuda dos EUA, Inglaterra, França, Jordânia, e também da própria robustez da capacidade ante-a érea de Israel, conseguiu-se controlar todos estes bombardeamentos maciços e não houve nenhuma morte ou danos assinaláveis. Graças a DEUS (LER)

Israel, a meu ver, não precisava retaliar o Irão, tal como fez há três dias, não obstante a gravidade do ataque deste no seu território. Esta retaliação não alterou praticamente nada em termos objectivos, antes pelo contrário podia perfeitamente contribuir para escalar ainda mais a situação no terreno. Neste momento, Israel tem de focalizar unicamente no cessar-fogo, resgatar os seus reféns ainda presos na Faixa de Gaza e, por fim, resolver definitivamente o seu conflito armado com o Hamas para o bem-estar de todos. Eis a minha humilde opinião. 

Os Últimos Momentos de Vida do Senhor Jesus Cristo


Partilho aqui este excerto do estudo que dei num passado recente na minha Igreja sobre a crucificação e morte do Senhor Jesus Cristo. O Filho de DEUS foi rejeitado pelo mundo, preso, humilhado, açoitado e morto na Cruz do Calvário, mas ao terceiro dia ressuscitou dos mortos apresentando-Se com provas irrefutáveis, rompendo assim todas as barreiras de inimizades que outrora existiam entre DEUS e os seres humanos. Sem a morte do Senhor Jesus Cristo não teríamos a reconciliação com DEUS e, muito menos, a salvação. Graças a morte e ressurreição gloriosa do Senhor Jesus Cristo que passamos a ser chamados filhos de DEUS.

Segregação Cultural e o Seu Reflexo no Sistema Educacional


Comemora-se “O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial”. Partilho aqui, a propósito do tema em apreço, a parcela da minha intervenção há dois anos como um dos oradores convidados na conferência organizada pelo Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (NEAFDL), intitulada “A Segregação Cultural: Seu Reflexo no Sistema Educacional”. Nela procurei humildemente fazer um diagnóstico apurado sobre as raízes e causas da discriminação racial, através de um enquadramento histórico-político, bem como apresentando concomitantemente antídotos necessários para mitigá-las na convivência dos humanos. Tenham um bom proveito. 

O Meu Coração Está Com o Sofrido Povo Palestiniano

Eu, Térsio Vieira, e mais duas crianças palestinianas na cidade de Hebrom, Cisjordânia, em Março de 2013.       


É com o coração dilacerado que tenho estado a acompanhar os bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza pelas tropas israelitas, vitimando milhares dos inocentes, sob pretexto de “eliminar” completamente os terroristas do Hamas. O mal não se combate praticando um outro mal. O mal combate-se com o bem. 

É verdade que nada justificava os atentados macabros do Hamas perpetuado no dia 07 de Outubro do ano passado no território israelita, que ceifou vidas de inúmeros inofensivos judeus e de outras nacionalidades (LER). É verdade que este acto ignóbil, bárbaro e deliberado do Hamas configura um flagrante desrespeito pela vida humana (LER). É verdade ainda que Israel, à luz do Direito Internacional, tinha todo o direito de se defender por legítima defesa pelo traiçoeiro e sanguinário ataque que sofreu por parte dos terroristas do Hamas (LER)

No entanto, esta legítima defesa não pode esvaziar o Direito Internacional Humanitário contemplado na Convenção de Genebra e, muito menos, a legitima defesa ser manifestamente desproporcional com a agressão sofrida. A verdade é que, desde início da invasão da Faixa de Gaza, as autoridades israelitas não têm respeitado estes postulados axiológicos da Carta das Nações Unidas, optando por via de confrontação da Comunidade Internacional, não obstante os reiterados apelos e pressões constantes dos países para que Israel protegesse os civis palestinianos, sobretudo que cessasse o conflito armado, e negociasse a libertação dos seus reféns que estão ainda nas mãos dos terroristas do Hamas. 

Da mesma forma que não hesitei em condenar o hediondo acto do Hamas para com Israel, também não deixarei de condenar a mortandade promovida pelas autoridades israelitas nos territórios palestinianos. Estão a matar, de forma indiscriminada e sem piedade, os palestinianos. Não podemos fechar os olhos com as chocantes imagens que nos chegam todos os dias da Faixa de Gaza. Estão a morrer civis inocentes que não mereciam morrer. A começar, desde logo, por bebés, doentes, mulheres, idosos, mulheres e homens. São seres humanos como nós, independentemente das suas origens e crenças. É imprescindível, com carácter de urgência, terminar com este desumano derramamento de sangue, libertar os reféns israelitas e negociar a paz para o bem-estar de todos. Todo o povo palestiniano não pode ser esmagado pela barbaridade do Hamas. É uma questão de bom senso e da razoabilidade, ou melhor, é uma questão do humanismo e humanidade. 

Sou, tal como oportunamente manifestei aqui publicamente, um convicto sionista (LER). Rejeito qualquer tipo de antissemitismo. Julgo que Israel merece ser protegido contra os hostis países do Médio Oriente que, a todo o custo, querem a sua aniquilação total. Há um ódio declarado dos países circunvizinhos para com Israel o que, em circunstância nenhuma, não posso subscrever. Agora, uma coisa é ser pró-Israel. Outra coisa, e bem diferente, é apoiar cegamente Israel, mesmo quando não está certo. Sim, sou defensor acérrimo de Israel, mas muito mais defensor da Verdade, pois só a Verdade libertar-nos-á, já dizia o Senhor Jesus Cristo (Jo 8:32). E a única e exequível verdade neste momento é a de Israel cessar a guerra e negociar um cordo de paz, com vista a formação do estado palestiniano.  Sou apologista da existência do estado palestiniano, sobretudo no que toca à sua coexistência pacífica com o estado hebreu, sem este contudo abdicar da parte dos territórios que actualmente ocupa, especialmente na cidade de Jerusalém. 

Visitei Israel e Palestina alguns anos atrás onde constatei in loco as tremendas rivalidades existentes e existenciais entre ambos, mormente o manifesto ódio que os dois povos nutrem um pelo outro (LER). Marcou-me profundamente a mundividência e idiossincrasias tanto dos judeus como dos palestinianos (LER). Estes estão completamente desprovidos dos elementos básicos de sobrevivência, vivendo num limiar da pobreza aviltante que não deixa qualquer pessoa indiferente. Foi neste contexto humilde que conheci pessoas fantásticas que abençoaram a minha vida e das pessoas que estavam comigo na viagem. Lembro-me, particularmente, da família Cristã Abu Sa'id que foi muito acolhedor, cordial e simpático connosco durante a nossa estadia na Cisjordânia. 

Há ainda, tal como a família Abu Sa'id, milhares de Cristãos palestinianos que estão neste momento a sofrer com efeitos colaterais e nefastos da guerra na Faixa de Gaza. O meu coração está com o sofrido povo palestiniano em geral, especialmente com estes nossos irmãos na fé Cristã que certamente alguns já perderam a vida e outros os seus ente-queridos. Que o nosso Todo-Poderoso DEUS console as almas destas pessoas e renove as suas esperanças unicamente Nele, principalmente que faça terminar a guerra e restaure definitivamente a paz para o bem-estar dos dois povos vizinhos. Que assim seja. 

A Sangrenta Guerra da Rússia na Ucrânia


Partilho aqui este curto podcast que gravei sobre a barbaridade da Rússia na Ucrânia. Faz hoje dois anos que a Rússia invadiu militarmente a Ucrânia, deixando um rasto de mortandade assustadora e destruição incalculáveis. Dois anos de propagação de falsas narrativas pró-Kremlin, de bombardeamentos indiscriminados e de reiteradas execuções sumárias por parte do mortífero regime russo. Dois anos onde impera desumanamente o ódio, o abuso, o terror e a carnificina. A Rússia escolheu o pior caminho de todos – o caminho da guerra. A guerra que vai dizimando todos os dias vidas de inúmeros inocentes, fazendo com que os filhos ficassem órfãos dos seus pais e estes perdessem os seus filhos. Há milhares de famílias completamente desfeitas e destruídas por perderam injustamente os seus entes queridos numa guerra sangrenta e sem qualquer tipo de sentido. 

A dor da Ucrânia é também a nossa dor. É a dor de todos aqueles que procuram viver em paz, tranquilidade, solidariedade e o amor. É a dor dos defensores dos ideais do direito e da justiça entre os seres humanos. É a dor, acima de tudo, do Humanismo e da Humanidade (OUVIR)

A Mulher Adúltera e a Sua Absolvição pelo Senhor Jesus Cristo


Partilho aqui a pregação que fiz no domingo passado na minha Igreja intitulada “A Mulher Adúltera e a sua Absolvição pelo Senhor Jesus Cristo (João 8:1-11 – LER).  Esta mulher traiu deliberadamente o seu marido na Festa dos Tabernáculos dos judeus que, contra todas as evidencias humano-sociais, achou graça, amor e perdão por parte do Senhor Jesus Cristo (v 11). Ela acumulava simultaneamente várias infracções no seu acto pecaminoso, fazendo com que merecesse a pena de morte, tal como preceituava a Lei de Moisés. 

Mesmo assim, o amor venceu o legalismo hipócrita, a misericórdia a religiosidade, a verdade a mentira, a vida a morte. O Senhor Jesus conferiu um novo estatuto a esta pobre mulher, restaurando-lhe completamente a dignidade, como faz com todos aqueles que beneficiam da Sua graça salvífica. O Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para justificar e salvar os miseráveis pecadores. Aleluia! 

Doxologia ao Único DEUS Eterno


“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (Apóstolo Paulo, in a Bíblia Sagrada, 1Tm 1:17). 

Honra e Glória ao Eterno DEUS


“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (Apóstolo Paulo, in 1Timóteo 1:17). 

Já Não Temos Mais o Hugo Connosco


O meu grandíssimo amigo e irmão em Cristo Hugo Alexandre Pereira Mendes morreu no passado dia 28 de Dezembro (LER). Morreu de forma súbita contra qualquer tipo de previsão clínica ou sinal convergente nesse sentido. Morreu para grande tristeza nossa que gostávamos imenso dele. O Hugo não resistiu à surpreendente e maldita doença que lhe ceifou a vida. Ele estava praticamente bem, na medida do possível, aos nossos olhos, e de repente morreu. Morreu de forma inesperada e apressada, deixando-nos completamente consternados com a sua prematura morte. Foi tudo surpreendente, rápido, inacreditável e definitivo. Não há mais outra volta a dar: o grande Hugo Mendes realmente morreu. 

O Hugo foi primeiramente amigo do meu irmão mais velho, o Evaristo Vieira. Ouvia falar tanto do Hugo em Bissau, através do Evaristo, sem conhecê-lo pessoalmente. Depois, com a minha vinda para Lisboa, acabou por ser também meu amigo e amigo dos meus amigos mais próximos. Fazia parte do meu círculo restrito de amizade e dos mais destacados amigos que tinha. O Hugo era mais do que um amigo. Era, sim, um verdadeiro irmão em Cristo. O Hugo foi grande amigo do Evaristo. Também foi meu grandíssimo amigo. Mais, o Hugo não ficou somente nestas dimensões. O Hugo foi também amigo dos meus irmãos, da minha família e da parcela dos meus bons e restritos amigos. Foi o Hugo que acompanhou o Evaristo para me buscar ao aeroporto, aquando da minha vinda para Lisboa estudar, bem como posteriormente as minhas cunhadas e os meus sobrinhos. 

O Hugo foi bastante importante e determinante na minha integração na Igreja Evangélica Baptista da Amadora (não só a mim como também alguns estrangeiros que se filiaram na nossa igreja). Estava sempre comigo para tudo o que é lado: nos convívios, nos aniversários, na minha casa, nos almoços ou a jantar fora. Quando eu estava doente, nos casos que inspirava cuidados redobrados, em que não conseguia deslocar-me sozinho, era sempre o Hugo que me acompanhava para o hospital. Se precisasse de dinheiro emprestado era sempre ao Hugo que pedia emprestado e dava-me sempre sem reclamar ou cobrar. O Hugo era uma pessoa de confiança em quem eu inteiramente confiava. Falávamos sobre as várias coisas. Era um irmão presente – tanto nos maus como nos bons momentos. Estava sempre disponível para ajudar quem fosse. Não tinha qualquer tipo de tiques de preconceito, arrogância, polémica ou vaidade do mundo. Era uma pessoa bastante humilde, prestativa, agregadora, apaziguadora, altruísta, solidária e amorosa. Dava-se bem com tudo e todos à sua volta. Fazia ponte entre as pessoas, sobretudo de sensibilidades diferentes. O Hugo era simultaneamente amigo dos portugueses, dos africanos, dos brasileiros e de todos aqueles que cruzavam o seu caminho. Não fazia acepções de pessoas e, muito menos, contribuía para discriminar ou desqualificar quem fosse. Tratava todo o mundo por igual e com amor Cristão, que a Palavra de DEUS nos insta a fazer, independentemente da condição da pessoa em questão ou do seu merecimento. 

O Hugo Mendes, a par de todas estas qualidades e virtudes, era também uma pessoa de bastante fé e inteiramente comprometido com a Causa do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Tinha um conceito bem apurado de Missões e Evangelização. Tanto que, por esta razão, esteve algum tempo na cidade de Chaves a fazer Missões a tempo integral, encarnando assim na íntegra o pepel do "Missionário Itinerante". Depois continuou a servir como professor da Escola Bíblica Dominical (EBD), na nossa igreja, ao longo de mais de duas décadas. Foi, em tempos, um dos líderes da Juventude da nossa Igreja. Actualmente, era professor da Escola Bíblica Dominical (EBD) e membro da Comissão de Exame de Contas. Nunca recusou servir. Correspondia sempre com o pedido para fazer parte dos ministérios da Igreja, não obstante ter motivos suficientes para não assumir nenhumas responsabilidades na Igreja. O Hugo era realmente uma pessoa de fé incrível e devotada a DEUS, insisto. Viveu a fé no Senhor Jesus Cristo até ao fim da sua brevíssima vida. Estava sempre presente na Igreja e permanentemente ligado à Igreja. Não faltava à Escola Bíblica Dominical e aos cultos em geral. O seu testemunho foi crucial na conversão do seu irmão Bruno Mendes e, posteriormente, dos seus pais – irmão Florêncio Mendes e a irmã Joana Mendes. 

O Hugo sempre foi orgulhosamente da nossa Igreja, a Evangélica Baptista da Amadora. Quando comecei a congregar também na referida Igreja, o Hugo já servia diligentemente ao Senhor Jesus Cristo. Serviu sem pausas ou intervalos. Serviu sem questionamentos ou lamúrias. Serviu de forma intensa e abnegada. Serviu ininterruptamente até ao fim da sua vida. Esteve connosco no último culto dominical, e também no culto de Natal das 11 horas, antes de morrer. Nas conversas que mantivemos, no fim da Escola Bíblica Dominical (EBD) e do culto, tal como era sempre costume, convidou-me para ir passar o Natal com eles. Contou-me que ele e a família iriam passar a consoada em Campo de Ourique, em Lisboa, no entanto, no dia 25, estariam em casa e podia estar perfeitamente com eles na celebração. Disse-lhe que, por outras razões, não me seria conveniente, agradecendo-lhe na mesma pelo honroso convite. 

Já no culto do dia de Natal perguntei-lhe como é que tinha corrido a ceia do dia anterior, brincando com ele se “esteve ou não à altura do grande desafio” da noite, isto é, se comeu muito ou não. Disse-me que não comeu assim grande coisa. E achei estranho o facto de ele não comer tanto, ainda por cima no Natal, uma vez que o Hugo gostava de comer bem. No dia anterior tinha-me confessado que estava a ter agora algumas precauções nas coisas que comia – por causa de recomendação médica, etc. Concordei com ele e encorajei-o ainda a adoptar mesmo uma postura de austeridade com a alimentação, evitando alimentos que não são benéficos à saúde. E ele, por sua vez, como sempre, concordou plenamente comigo neste sentido. Perguntei-lhe ainda a que horas saíram de Campo de Ourique para casa. Respondeu-me que só chegaram a casa por voltas das 6 e tal da manhã. Às 11h00, ele e os pais, já estavam novamente na Igreja para assistirem ao culto natalício. Dei-lhe os parabéns pelo facto de praticamente fazerem “directa” para estarem presentes no culto do dia de Natal que, por vicissitudes várias e supervenientes, muitos Cristãos não dão a devida importância. Convergimos no mesmo parecer sobre a importância cimeira do culto no dia 25 de Dezembro e falámos ainda sobre as demais coisas e, desta forma, despedimo-nos um do outro com votos de um feliz Natal – na certeza de que nos encontraríamos nos próximos dias que se avizinhavam. Mal sabíamos que era o nosso último encontro. Trocámos ainda mensagem pelo whatsapp na quarta-feira e na quinta-feira de manhã recebi a inesperada mensagem de que o Hugo morreu. É isso mesmo: o Hugo realmente morreu contra todas as previsões e expectativas. Já não está mais connosco no mundo dos vivos. Não está e jamais estará connosco neste sofrido e pecaminoso mundo, mas estará sempre nos nossos corações e lembrá-lo-emos pela sua maravilhosa passagem nesta vida. Cedo ou tarde, encontrá-lo-emos no céu e juntos estaremos a adorar o nosso Altíssimo DEUS, o dono da vida, para toda a eternidade. Amém. 

O Hugo morreu a servir ao nosso Todo-poderoso DEUS. Morreu estando sempre na Casa do Senhor e, concomitantemente, a servir. Sentia-se bem em estar na Igreja. A Igreja era tudo para ele. É na Igreja que o Hugo mais se movimentava desde quando abraçou a fé Cristã. A morte prematura do Hugo vem nos lembrar, mais uma vez, que a vida é precária, limitada e passageira. Passa tão rápido que nos ultrapassa. Hoje estamos aqui e amanhã já não estamos. Por isso, devemos investir naquilo que realmente importa. Investir os nossos dons e talentos na Causa do Reino de DEUS. Investir nas pessoas através dos valores do humanismo e humanidade. Investir na vida do compromisso, entrega, serviço, santidade e santificação. Investir, acima de tudo, no nosso relacionamento com o Senhor Jesus Cristo, a Sua amada Igreja e com o próximo à nossa volta. O nosso estimado amigo e irmão Hugo Mendes correspondeu a estas expectativas espirituais durante a sua curta peregrinação aqui na Terra, dando o testemunho poderoso do Senhor Jesus Cristo na sua vida. Apesar de, cada vez mais, se acentuarem as suas limitações físicas e debilidades a nível de saúde, o Hugo nunca se resignou a prosseguir em frente com fé e alegria no coração. Não andava murmurado, carrancudo, mal-humorado, revoltado com a sua condição e, tão pouco, questionava DEUS pelas provações que estava a enfrentar. Sempre estava bem-disposto, humorado, satisfeito, alegre, feliz e grato a DEUS pela vida que vivia. Aceitava de bom grado a vontade de DEUS na sua vida e encarava tudo o que lhe acontecia como um desafio e processo de aperfeiçoamento espiritual. Nas longas conversas que tínhamos inúmeras vezes, vislumbrei nele sempre bastante fé e esperança em DEUS. O Hugo, tal como o Apóstolo Paulo, combateu o bom combate, acabou a carreira, guardou a fé. (2 Tm 4:7), razão pela qual voltou muito cedo para a Casa do Pai, o nosso DEUS, e de todos aqueles que abraça(r)am a fé no Senhor Jesus Cristo como único Salvador das suas vidas. O Hugo Mendes já ouviu as promovidas palavras de glória ditas pelo nosso Senhor Jesus Cristo: “muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25:21). 

Em suma, temos somente de agradecer profundamente a DEUS pelo facto de dar-nos a grata oportunidade de cruzar o caminho do Hugo Mendes, convivendo com ele e sermos sobremaneira abençoados por ele. Fomos todos abençoados pelo seu belo e rico testemunho de vida. Por isso, temos de agradecer a soberania de DEUS sobre a vida do nosso estimado irmão Hugo Mendes e reafirmar com fé e esperança a salvífica verdade bíblica sobre o quão “preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116:15). E assim, desta forma, reconhecer humildemente que “o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Amém.