Uma Guerra Pode Ser Considerada Justa à Luz do Cristianismo?

Depois de atermo-nos no artigo anterior a debruçar sobre se uma guerra pode ser ou não justa, de acordo com as disposições do Direito Internacional Público (LER), vamos procurar também aqui analisar se, realmente, o conceito da guerra justa tem ou não algum acolhimento bíblico para depois dar no final a nossa humilde opinião. 

Desde logo, como devotos, convictos e fiéis Cristãos Evangélico que somos, dizer que a generalidade dos destacados teólogos Cristãos defende manifestamente o conceito da guerra justa, seguindo a mesma esteira do pensamento de Santo Agostinho, embora vincando algumas atenuantes bastantes consideráveis. Por outras palavras, advogam estes ilustres teólogos, “a guerra deve ser declarada só quando é necessário, e para reduzir a injustiça; e para que através dela Deus possa livrar os homens da necessidade e preservá-los em paz”. Mesmo na guerra, sustentam ainda, “o espírito do pacificador deve ser estimado (…) a sua conduta deve ser justa – manter a fé com o inimigo, cumprir promessas, evitar a violência desnecessária, o espólio, o massacre, a vingança, as atrocidades e as represálias”. 

Esta concepção foi amplamente defendida e difundida por Santo Tomas de Aquino, arrastando posteriormente os grandes Reformadores Protestantes, especialmente Martinho Lutero, João Calvino. O Anabaptista Menno Simões, um dos importantes teólogos protestantes, foi o único que se distanciou radicalmente deste entendimento, defendendo uma posição do pacifismo, ou seja, contra a guerra. Menno Simões, formulando a sua oposição a guerra, baseou-se no facto de “o cristão ser seguidor do Príncipe da Paz, tendo recebido a ordem expressa de amar os seus inimigos e fazer bem aos perseguidores, dando a outra face a quem lhe bater” para rejeitar categoricamente a possibilidade de um Cristão participar na guerra, ou mesmo defendê-la. Importa ainda salientar que este pacifismo foi posteriormente adoptado pelo Pastor Baptista e Activista Político americano, Martin Luther King Jr., na sua grande luta pelos direitos iguais entre os negros e os brancos nos Estados Unidos da América (EUA). 

Feito este brevíssimo enquadramento geral, cabe dizer que nada nos surpreendem quando vemos pessoas não crentes ou não Cristãs no Senhor Jesus Cristo a defenderem ideologicamente a legitimidade da guerra ou “guerra justa”. É natural que eles tenham esse entendimento de “ajustes de contas” e de “vingança” para com o inimigo, visto que não têm o temor de DEUS nos seus corações, diferentemente dos Cristãos. Somos inteiramente contra a guerra e também contra a denominada “guerra justa”, independentemente da sua justificação legal, política, moral, ética e económica. Por mais chocante que possa ser uma situação, como tem acontecido inúmeras vezes, de vermos pessoas inocentes a serem maltratadas, mortas de forma bruta e injusta, precisamos sempre de consciencializar que o nosso Eterno DEUS está sempre no controle da situação e que no devido tempo ELE manifestará o Seu soberano poder para repor a Justiça e punir os malfeitores. 

Nada, mais nada do que é feito neste maldito mundo, transcende o domínio efectivo DEUS ou, porventura, que ELE não saiba. Devemos procurar sempre aplacar os nossos ímpetos de vingança e esperar pacientemente em DEUS. O papel que nos cabe, como seus filhos, é, simplesmente, o de dobrar os nossos joelhos em oração, intercedendo incessantemente a favor destes flagelos e tragedias humanas, pedindo a ajuda Divina e intervenção para a sua eficaz resolução. Jamais esperançando que a guerra é solução ideal dos problemas. Não é com a guerra que se faz a Paz, tal como o mundo apregoa, mas sim com o espírito do diálogo e da paz, procurando humildemente alcançar os consensos das partes beligerantes. Só assim poderemos fazer pontes viáveis e exequíveis e construir solidamente o caminho da tão ambicionada Paz entre os seres humanos, os povos e os países em geral. 

Perante tudo que ficou exposto, sem qualquer tipo de hesitação, consideramos extremamente desprovido do fundamento bíblico a tese dos grandes teólogos que supra mencionamos e de tantos outros Cristãos que, ao longo dos tempos, e ainda hoje, continuam a defender convictamente a legitimidade da “guerra justa” – como sendo solução para os reais problemas que afectam a Humanidade. Apropriando-nos das inspiradoras palavras do Teólogo Menno Simões, perguntamos a estes nossos irmãos na fé: “digam-me, como é que um cristão pode defender biblicamente a retaliação, a rebelião, a guerra, o golpear, o matar, o torturar, o roubar, o espoliar e o queimar cidades e vencer países? … Toda a rebelião é da carne e do diabo … Oh abençoado leitor, as nossas armas não são espadas nem lanças, mas a paciência, o silêncio e a esperança e a Palavra de Deus”. 

Consideramos que qualquer tipo de guerra está sempre subjacente as forças do mal. A guerra, seja justa ou não, é do diabo e dos seus agentes no mundo inteiro. A guerra é uma coisa bruta, sangrenta, horrorosa e macabra. Ela é inequivocamente maléfica, injusta, trágica e diabólica. Com a guerra morrem inúmeras pessoas, principalmente pessoas inocentes. Morrem as criancinhas indefesas, juniores, adolescentes, jovens e adultos. Morrem pessoas doentes, morrem pessoas incapacitadas, morrem os pobres e os ricos, bem como morrem os fracos e os poderosos, morrem as mulheres, morrem as grávidas, morrem os idosos, morrem os homens, morrem, acima de tudo, os seres humanos. Morrem os sonhos e triunfa o ódio, a vingança, as bombas, a destruição, a matança, a carnificina, os horrores, a maldade e a malignidade. As forças do mal conseguem com a guerra abafar transitoriamente as forças do bem. Nós, os Cristãos, somos os discípulos do “Príncipe da Paz”, o Senhor Jesus Cristo, e devemos seguir sempre o Seu Evangelho da Paz, que é viver holisticamente na paz, promover a paz, defender a paz, transmitir os ideais da paz, estar em paz com tudo e todos à nossa volta. 

A paz do Senhor Jesus Cristo habilita-nos a reconciliar primeiramente com DEUS, connosco, com os nossos semelhantes e com tudo à nossa volta. Não é uma paz débil, podre, momentânea ou de fachada e, tão pouco, delimitada no curso do tempo. Ela é efectiva e eterna na vida de todos os homens e mulheres de “boa vontade”. Ela tem o poder para sarar as feridas, transformar o carácter, libertar dos corrosivos vícios e salvar do pecado. É a Paz de DEUS que excede qualquer tipo de arbítrio ou entendimento humano (2 Co 5:17-18, Lc2:14, Fp 4:7). 

Com a vinda do Senhor Jesus ao mundo, a palavra paz passou a ganhar o mais elevado significado teológico e teleológico. A começar, desde logo, com o jubiloso anúncio da grande multidão de milícia celestial que entoava alegremente: “glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”. E, ainda, nos momentos precedentes, a ascensão do Senhor Jesus aos céus, Ele encorajou os seus discípulos com as afectuosas palavras de determinação e perseverança: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. A paz que, em última instância, sem dúvida, traduz a presença constante do Espírito Santo na vida daqueles que verdadeiramente “nasceram de novo”. Estas inequívocas verdades salvíficas estão também contempladas no Evangelho Lc 2:13-14 e Jo 14:27. 

Tanto a encarnação do Senhor Jesus como a Sua glorificação enceraram com a palavra paz. Por isso, o Senhor Jesus Cristo proclamou incessantemente a paz, durante todo o Seu ministério terreno, sem fazer excepção de pessoas, confirmando assim pelo Seu impoluto testemunho de vida ser o “Príncipe da Paz”. Ele não presenteou os pobres pastores com nada que não fosse a paz, emanada pelos anjos e personificada na Sua humilde manjedoura. Da mesma sorte, o único legado que ELE deixou aos seus discípulos, aquando da Sua assunção aos céus, foi a mesma paz de DEUS. É uma paz que consegue na perfeição preencher plenamente todo o vazio do ser humano e, concomitantemente, despertá-lo para os sublimes Princípios e Valores da vida consagrada e de entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo. Cristo, sustentava o Apóstolo Paulo, para reforçar esta manifesta verdade salvadora, “é de facto a nossa paz”. O Senhor Jesus, reafirmamos pela fé e de forma convicta, é realmente a nossa Paz (Ef 2:14 a17 e Is 9:6). 

O nosso mundo está bastante descrente, corrompido, desnorteado, conflituoso e na deriva espiritual sem precedentes, porque teima em declinar a maravilhosa paz do Senhor Jesus (Is 55:1-13), preferindo refugiar-se nas efémeras ilusões que não proporcionam uma vida bem-sucedida, realizada e feliz. A Paz de DEUS está visceralmente ligada à harmonia, ao amor, ao perdão, ao gozo, à bondade, à esperança e à herança da vida eterna. Ela é a manifestação visível do fruto do Espírito na vida dos eleitos filhos de DEUS e infalíveis garantias das bem-aventuranças eternas (Is 55:1a13, Gl 5:22 e Mt 5:1a12). 

Por isso, para terminar, sigamos vivamente o nobre exemplo do Senhor Jesus Cristo, que é o “Príncipe da Paz”. Rejeitemos firmemente todo e qualquer tipo de engano, descrença, mundanismo, pecado, guerras ou conflitos, porque são de trevas e do diabo. Nós, os Cristãos, somos filhos de DEUS para andarmos na luz e na paz. Somos salvos pelo Senhor Jesus Cristo, através da acção do Espírito Santo em nós, para encarnarmos plenamente a paz, viver em paz, proclamar a mensagem da paz, defender afincadamente a paz para a glória e honra do nosso Todo-Poderoso DEUS. Que assim seja. E assim sempre será pela fé no nome Bendito do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém, Amém e Amém! 

Uma Guerra Pode Ser Considerada Justa?

Este foi também o tema do título do artigo de opinião que escrevemos há um ano para o jornal português Observador, a propósito da bárbara invasão da Ucrânia pela Rússia. Sentimo-nos novamente compelidos no bom sentido do termo para escrevermos sobre este mesmo pertinente tema, tendo conta a difícil, conturbada, polvorosa, explosiva e perigosa situação a que estamos a viver neste momento no mundo inteiro. 

O mundo em que vivemos está cheio de conflitos. Não precisamos de estar plenamente sintonizados com a realidade político-internacional para disso nos apercebermos. Basta constatarmos os alarmantes sinais que nos vão chegando, de perto e de longe, através dos media, para compreendermos que, de facto, vivemos num mundo bastante hostil e belicoso. Há, cada vez mais, abominações que proliferam de forma galopante no nosso mundo dito pós-moderno, fruto da mundividência jacobina e libertária que obstam o seu avanço saudável, somando ainda os radicalismos extremos tanto de direita como de esquerda, conduzindo-o para um caos absoluto e o fim apocalíptico – por causa desta postura belicosa do Homem. 

A guerra a que estamos a referir aqui é no sentido stricto sensu, isto é, do conflito armado entre os Estados ou no caso da designada guerra civil, que envolve mortes de pessoas e destruição em massa. Obviamente que este artigo não é inocente, tendo em conta a proliferação de guerras a que estamos neste momento a assistir pelo mundo inteiro, sobretudo a guerra entre o Hamas e Israel, extensível também a Palestina e o Líbano, bem como o conflito armado entre Azerbaijão e a Armênia em Nagorno-Karabakh, guerra entre a Rússia e a Ucrânia. E também a guerra civil na Síria, no Iraque, no Iêmen, na República do Congo, na Etiópia, no Camarões, no Mianmar, no Afeganistão, somando ainda as guerras do jihadismo islâmico em África, nomeadamente no Mali, na República Centro Africana, no Sudão, no Níger, na Nigéria, no Burkina Faso, na Somália e no Moçambique, etc. 

A pertinente pergunta que se coloca é: será que podemos considerar uma guerra como sendo justa? Eis a grande questão que nos interpela. Vamos tentar responder esta pergunta em duas dimensões: primeiro, numa dimensão secular e depois numa dimensão teológico-Cristã. 

Começando a nossa reflexão numa perpectiva secular, importa salientar que na doutrina do Direito Internacional há um unanime consenso a favor do conceito da guerra justa, fruto de influência do pensamento de Santo Agostinho, John Locke, Hugo Grócio, Francisco Suares e Francisco Vitória. Para estes conceituados autores mundial, que marcaram profundamente a nossa história da política internacional, a guerra justa serve para “vingar o mal, quando um Estado tem que ser atacado pela sua negligência em reparar males cometidos pelos seus cidadãos, ou em restaurar aquilo que por maldade lhe foi retirado”. As guerras justas, sustentam ainda estes ilustres pensadores, podem incluir guerras por motivos de segurança, guerras para vingar o mal, ou guerras declaradas a países que recusam a passagem a outros”. 

Por influência destes conhecidos autores, a Carta das Nações Unidas de 1945 adoptou na íntegra este postulado doutrinário, habilitando o Conselho de Segurança a recorrer ao uso da força, isto é, a implementar a acção armada contra qualquer país em caso de ameaça à paz, ruptura da paz e acto de agressão. Quanto aos Estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU), a Carta consente o uso da força pelos Estados membros em apenas duas circunstâncias: 1): em caso da legítima defesa, individual ou colectiva (nos termos do artigo quinquagésimo primeiro); 2) em caso de assistência às próprias Nações Unidas (art.2.5), como a participação em acções por elas levadas a cabo ao abrigo do capítulo sétimo ou noutras, a título excepcional (as operações de paz e de ingerência humanitária, por elas determinadas ou admitidas). 

Do ponto de vista secular, sem grandes surpresas, há uma total convergência e apoio mundial dos países na defesa do conceito da Guerra Justa, contando que a referida guerra preencha os requisitos legais exigidos e estabelecidos na Carta das Nações Unidas e respeitar, igualmente, O Direito Internacional Humanitário, conhecido como “o direito da guerra” ou “o direito dos conflitos armados”, regimentado na Convenção de Genebra. No artigo três, desta mesma convenção, por todos os artigos, diz expressamente: “as pessoas que não tomem parte directamente nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas que tenham deposto as armas e as pessoas que tenham sido postas fora de combate por doença, ferimentos, detenção, ou por qualquer outra causa, serão, em todas as circunstâncias, tratadas com humanidade, sem nenhuma distinção de carácter desfavorável baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo, nascimento ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo” (art.º 3:1). 

Para este efeito, são e manter-se-ão proibidas, em qualquer ocasião e lugar, relativamente às pessoas acima mencionadas: (alínea a) As ofensas contra a vida e a integridade física, especialmente o homicídio sob todas as formas, mutilações, tratamentos cruéis, torturas e suplícios;  b) A tomada de reféns;  c) As ofensas à dignidade das pessoas, especialmente os tratamentos humilhantes e degradantes; d) As condenações proferidas e as execuções efectuadas sem prévio julgamento, realizado por um tribunal regularmente constituído, que ofereça todas as garantias judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos povos civilizados. 

O número dois ainda do artigo três termina desta forma: “os feridos e doentes serão recolhidos e tratados. Um organismo humanitário imparcial, como a Comissão Internacional da Cruz Vermelha, poderá oferecer os seus serviços às partes no conflito. As Partes no conflito esforçar-se-ão também por pôr em vigor, por meio de acordos especiais, todas ou parte das restantes disposições da presente Convenção. A aplicação das disposições precedentes não afectará o estatuto jurídico das Partes no conflito”. 

Por outras palavras, a Convenção de Genebra estabelece as regras no período de guerra, especialmente as de proteger os civis, os seus direitos e bens na decorrência do conflito armado no âmbito de Direito Internacional Humanitário. Neste ponto não há qualquer tipo de dúvidas. Estamos entendidos nesta abordagem secular. 

O Melhor e o Pior dos Tempos, de Charles Dickens


“Foram tempos magníficos, foram tempos tenebrosos, foi a era da sabedoria, foi a era da estultícia, foi a época das convicções, foi a época da incredulidade, foi a idade da luz, foi a idade das trevas, foi a Primavera da esperança, foi o Inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós,  nada tínhamos diante de nós, íamos todos direitos para o Céu, íamos todos direitos em sentido contrário – em suma, aquela época assemelhava-se tanto à presente que algumas das suas eminências mais exuberantes insistiam que apenas a poderíamos adjectivar, para o bem ou para o mal, lançando mão do grau superlativo” (LER) (AQUI).

A Falsa Data de Independência da Guiné-Bissau e o Relatório da ONU Sobre os Direitos Humanos


Partilho aqui o vídeo que gravei esta tarde, a propósito da minha rubrica semanal, “Em Defesa do Futuro da Guiné-Bissau”. Abordei apenas dois grandes temas que marcaram agenda política e social do país nesta última semana, nomeadamente a vã tentativa do revisionismo histórico por parte de Umaro Sissoko Embaló e Biaguê Na N’Tan sobre a nossa data da independência nacional, descortinando o objectivo por detrás desta perigosa adulteração da nossa história. Alertei ainda os partidos políticos pró-democracia para não caírem no engodo e “canto da sereia” de Sissoko para aceitar a marcação de eleições legislativas, mas sim devem estar unidos, firmes e determinantes em exigir exclusivamente as eleições presidenciais ainda este ano, sob pena de usar todos os mecanismos constitucionais para afastá-lo do poder depois do dia 27 de Fevereiro do próximo ano. 

E, por fim, no segundo tema, abordei o preocupante relatório das Nações Unidas divulgado na semana passada que denuncia o tráfico de seres humanos na Guiné-Bissau, sobretudo das mulheres e crianças em particular. Infelizmente, tal como é do conhecimento da generalidade dos guineenses, ser mulher e criança na Guiné-Bissau não é nada fácil. As crianças guineenses, para grande tristeza nossa, são votadas a trabalhos forçados, violência doméstica, casamento forçado, prostituição e mutilação genital feminina, sem qualquer tipo de responsabilização das pessoas que praticam tais hediondos crimes, consubstanciando uma autêntica violação de Direitos Humanos. Não há primado da lei na Guiné-Bissau, antes pelo contrário, o que prevalece é arbitrariedade, a conveniência, o abuso de poder, o costume contra legem – e com todas as implicações que tudo isto representa na vida dos cidadãos, especialmente aqueles que são mais vulneráveis. 

Tenha um bom proveito na visualização e auscultação do vídeo. Boa semana. 

Os Pressupostos Teológicos da Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo


Partilho aqui este excerto da minha pregação sobre “Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos” (Mateus 24:1-14). Procurei abordar os pressupostos teológico-doutrinários da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, nomeadamente no que toca à manifestação da Graça de DEUS pelos eleitos para a salvação; a pregação do Evangelho para todas as nações; a grande tribulação; apostasia dos últimos dias; a depravação moral; o surgimento da figura do anti-Cristo; a proliferação de guerras em todas as dimensões, etc. 

Tenha um proveito na visualização e auscultação do vídeo. 

A Falsa Questão de Abertura da Igreja ao Mundo


Partilho aqui este brevíssimo e improvisado vídeo que gravei em frente da estátua do grande Reformador Protestante Ulrich Zwingli em Zurique, Suíça, sob o tema: “A Falsa Questão de Abertura da Igreja ao Mundo”. Nele refutei manifestamente este falacioso, infundado e maléfico entendimento que visa, em última instância, enfraquecer e consequentemente destruir a Igreja do Senhor Jesus Cristo. Sustentam os tais críticos do Cristianismo, coadjuvados neste diabólico propósito pelos falsos Cristãos, de que a Igreja deve abrir-se ao mundo para assim poder atrair mais pessoas para o seu seio. Abertura esta que, segundo eles, prende-se sobretudo com a ordenação das mulheres ao ministério pastoral, adopção do ecumenismo bíblico, aceitação da prática homossexual e o seu casamento, bem como não censurar o aborto, a eutanásia e o divórcio, etc. 

Levados por este perigoso vento de doutrina e ondas da pós-modernidade, muitas igrejas no Ocidente, particularmente aqui na Europa, têm renegado deliberadamente as suas origens fundacionais instauradas pelo Senhor Jesus Cristo e reconfirmadas pelos Santos Apóstolos. Tanto que, por esta razão, mesmo com toda esta propalada e tautológica abertura “civilizacional” assente num liberalismo teológico sem precedentes, a Igreja não tem estado a atrair mais pessoas aqui na Europa para dentro dela, antes pelo contrário, ela está cada vez mais herética, estagnada, velha e menos comprometida com os impolutos Princípios e Valores do Evangelho. 

A título exemplificativo, para testar esta nossa afirmação, veja-se a realidade das igrejas nos países escandinavos, especialmente na Suécia, onde o mundanismo apoderou-se completamente do Cristianismo, mesmo assim só dois porcento vai à Igreja e estão parcialmente comprometidos com ela. Na Suécia as mulheres podem ser bispos, tal como os homossexuais. Estes, por sua vez, podem casar pela igreja sem problema, ou seja, aprovam o casamento homossexual e convivem bem com o ecumenismo bíblico-teológico. Apesar de toda esta grande e ampla abertura da igreja sueca aos “avanços civilizacionais” do presente século mau em que estamos submergidos, ela continua a minguar no caminho da autodestruição, tal como muitas outras igrejas aqui na Europa. 

Por isso, este entendimento minimalista e redutor de que a Igreja tem de se abrir ao mundo para poder atrair mais pessoas não passa de um falatório inútil dos ateus, agnósticos e descrentes em geral que visa, em última instância, destruir a Igreja do Senhor Jesus Cristãos. Estas pessoas, em abono da verdade, são dissimuladamente anti-Evangelho, anti-Santidade, anti-Cristianismo, anti-Igreja e anti-Cristo, que não querem ver a afirmação e o sucesso missionário da Igreja do Senhor Jesus Cristo. 

E mais, em circunstância alguma, a Igreja deve ajustar-se ao mundo. É o mundo que deve ajustar sim a mensagem do Evangelho. Quando a Igreja tenta andar ao sabor do vento e das ondas do mundo acaba sempre por cair nas heresias e, desta forma, desviar-se dos seus princípios fundacionais, tal como a História nos tem indubitavelmente provado ao longo dos séculos. A Igreja tem de abrir-se à Sã Doutrina, à Santidade, à Oração, à Evangelização, à Missões e, acima de tudo, para o Todo-Poderoso DEUS. Isto sim, é abertura que conduz à Salvação. 

Nós, em suma, os eleitos filhos de DEUS, não nos deixaremos nunca enganar por artimanhas inventadas pela esperteza daqueles que se armam profundos conhecedores daquilo que literalmente desconhecem. Mas continuando fidedignamente a proclamar a verdade com amor, crescendo em todos os sentidos para Cristo, que é a cabeça da Igreja (Ef 4:14-15). Que assim seja. E assim sempre será pela fé no Senhor Jesus Cristo. 

Um Dia, Uma Aniversariante


Hoje é um dia bastante especial para a minha queridíssima irmã Alexandra Vieira, conhecida também por “Atembro” (eu chamo-lhe carinhosamente de “Alexandrosa” ou “Até”, dependendo do meu estado do humor 😀😀). Ela faz anos hoje. É o dia do aniversário dela. Celebra mais uma primavera na sua vida, graças a DEUS. 

A minha querida irmã Alexandra Vieira sempre me protegeu e cuidou de mim de forma incondicional, não obstante a nossa pouca diferença de idade. Quando eu era mais novo e completamente dependente, por incontáveis vezes ao longo dos anos, deu-me o banho, cuidou das minhas roupas, cozinhou para mim e levou-me à igreja, etc. Sempre me tratou genuinamente com o amor e carinho. Não duvido da sinceridade do seu amor para comigo. Guardo, no meu coração, de forma grata e penhorada, todo o bem que a minha estimada irmã tem feito por mim, sobretudo o que ela representa particularmente na minha vida e na nossa família em geral. 

Por isso, neste dia tão especial, querida irmã “Alexandrosa”, renovo os votos de maiores bênçãos terreno-espirituais sobre a tua vida. Que o nosso Bom e Todo-Poderoso DEUS continue a proteger-te e orientar-te em todos os teus legítimos desafios da vida, juntamente com toda a nossa família. Que sejas sempre bem-sucedida, realizada e feliz no teu percurso de vida. 

Muitos parabéns e feliz aniversário, querida irmã. Todas as felicidades do tempo e eternidade. 

Da Democracia na América: A Minha Leitura Sobre os Dois Candidatos Presidenciais e o Possível Vencedor


A forma mais fidedigna de aferir com precisão os hábitos, costumes e mundividências do povo americano é ler “Da Democracia na América” de Alexis de Tocqueville. É uma obra colossal que dispensa glosas. Nela o célebre autor francês reduzia sabiamente a peculiaridade civilizacional do povo americano, destacando todas as importantes áreas subjacentes a uma sociedade moderna. Aborda ainda os grandes pilares da democracia participativa, nomeadamente o direito, a igualdade, a liberdade, a segurança, a protecção, a economia e o progresso. É um dos mais reputados livros alguma vez escritos sobre a sociologia dos EUA e um dos mais influentes a nível da filosofia política. 

Por isso, propomos analisar as eleições norte-americanas com base nele, fazendo concomitantemente as devidas adaptações aos nossos dias coevos. Desde já, antes de prosseguirmos com o nosso pensamento, importa esclarecer que não estamos a apoiar nenhum dos candidatos. Se porventura fôssemos americanos, por imperativo de consciência, teríamos optado por abstenção como oportunamente justificamos aqui em outras ocasiões. Temos vindo a acompanhar, com particular atenção e interesse, o desenrolar de todo o processo de eleições para o próximo Presidente dos EUA, máxime o aparente paradoxo que o mesmo encerra. O delirante espectáculo político que os republicanos e os democratas estão a proporcionar ao mundo inteiro é a manifestação visível do “espírito americano” na sua plenitude. 

Neste momento é bastante prematuro augurar um possível vencedor das eleições. Numa leitura superficial e descuidada alguns precipitar-se-ão em atribuir a vitória à Kamala Harris, tendo em conta a sua posição mais ou menos ortodoxa e equilibrada à luz do “progressismo moderno”, comparativamente com o seu adversário Donald Trump, e acrescentando o facto de ser a segunda mulher na história do país a concorrer ao tão cobiçado cargo da República.  No entanto, numa visão meramente tocquevilliana, o candidato republicano Trump parte com um ligeiro avanço face à Kamala, dado que encarna melhor os valores do “America safe again” e/ou “America great again”. 

E mais, acresce ainda o facto de Trump defender no seu programa eleitoral temas bastantes caros aos americanos, especialmente a questão da economia, a segurança interna, o mercado protecionista, a política anti-imigração e a guerra aos radicais islâmicos. É um populista nato. Fala coisas agradáveis aos ouvidos dos seus conterrâneos que muitos pensam, mas que receiam dizer em público para não ferir susceptibilidades e serem politicamente incorrectos. O candidato Trump não teme este risco continuo das coisas, razão pela qual veicula vigorosamente o mote da expulsão massiva dos imigrantes ilegais nos EUA para, deste modo, atrair mais votos e consolidar o seu favoritismo perante o eleitorado. 

A Kamala, diferentemente, não definiu uma estratégia clara na sua agenda política. Ela tem limitado somente a contrariar a política de Trump, aproveitando alguns louros da actual administração que ela é Vice-presidente. Kamala é muito vaga no seu posicionamento sobre a temática da imigração, a economia, a guerra no Médio Oriente, especialmente entre Israel e o Hamas, assim como o impasse acentuado no conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia. Tem focalizado mais na sua bandeira ultra progressista de liberalizar a hedionda pratica do aborto – e com todas implicações nefastas que isto terá e representará na vida de milhões dos americanos. 

Há ainda dois relevantes factores que jogam a desfavor de Kamala Harris: por ter sido conotada com os fracassos políticos de Washington, D.C. nos últimos anos e ser uma mulher na corrida presidencial. Ali, através da política menos conseguida do Presidente Joe Biden e por ser braço-direito deste como Vice-presidente, sendo manifestamente imputados todos os aspectos menos bons da actual administração. Aqui, tão-simplesmente, por ser uma mulher. É isto mesmo: uma mulher. Aquilo que poderia ser um triunfo inicial para ela poderá vir a ser uma autêntica pedra de tropeço. Isto porque os americanos, ao contrário dos outros povos, têm um conceito particular da concretização do Princípio da Igualdade. E como escrevia Tocqueville, para ilustrar e vincar esta grande realidade: “a América é o país do Mundo onde se teve o cuidado mais continuado de traçar para os dois sexos linhas de acção nitidamente distintas, querendo-se que eles andassem simultaneamente a par e por caminhos diferentes. Não se vê nenhuma americana a dirigir os assuntos externos da família, ou à frente de uma actividade comercial, ou agindo na esfera política, mas também não se encontra nenhuma mulher que seja obrigada a dedicar-se aos duros trabalhos da agricultura ou aos penosos labores que exigem o desenvolvimento da força física; e não existem famílias tão pobres que sejam obrigadas a fazer excepção a esta regra” (in “Da Democracia na América”, p. 724, Principia, Estoril, 2007). Os homens e as mulheres, nos EUA, há pelo menos um século, desempenhavam funções distintas uns dos outros, sem beliscar o Princípio da Igualdade na sua essência e construção, obviamente na óptica do autor francês. 

É verdade que já não se nota assim tanto uma diferenciada função entre os homens e as mulheres no mundo Ocidental. Houve, de facto, significativos avanços a nível da mentalidade das pessoas e na legislação dos países, minimizando assim as barreiras outrora existentes entre ambos os sexos, inclusive nos EUA. No entanto, tal não quer dizer que não haja ainda certos vestígios de preconceitos generalizados em relação à capacidade comprovada da mulher para conduzir os destinos políticos de uma nação. Uma coisa é ela ter vindo a desempenhar funções relevantes no aparelho do Estado e nas grandes empresas. Outra coisa, e bem diferente, é ser-lhe conferida a oportunidade única de ser Presidente de um país. Neste campo as mulheres continuam ainda a ser manifestamente discriminadas e relegadas para segundo plano, por serem apenas aquilo que são em termos biológicos, não obstante algumas melhorias verificadas no nosso mundo actual. Nos EUA, fazendo fé os relatos de Tocquiville e também no “cadastro histórico” do país, ficam ainda bastante aquém na matéria de Direitos Humanos. São ainda, em abono da verdade, tendenciosamente machistas. 

A Kamala Harris do ponto de vista objectivo tem tudo para ser a próxima Presidente da República dos EUA. Além da inquestionável tarimba política que acumulou ao longo dos anos, e mais precisamente nos últimos quatro anos, conhece muito bem os dossiers governativos. Está habilitada para ocupar a Casa Branca do que propriamente o radical, sectário e condenado Trump. Só que, por vicissitudes várias, as coisas não são assim tão lineares como aparentam. Ela para ganhar as eleições vai depender de vários factores conjugados, nomeadamente que Trump continue a cometer constantes gafes, a radicalização do discurso deste, a acentuação de cisão no seio do partido republicano e, por fim, que não haja nenhuma alteração brusca e em grande escala na política internacional nas próximas horas que se avizinham, sobretudo no Médio Oriente, aqui na Europa e no Indo-Pacifico. São estes importantes factores que vão garantir-lhe a eleição, caso contrário, tal será bastante difícil. 

A Kamala Harris se ganhar as eleições amanhã não é por ter um programa de governo auspicioso, mas sim pelo demérito do seu adversário Trump. Um homem com uma ideologia política extremamente perigosa: sexista por convicção, suprematista, belicoso, hipócrita, prepotente e ultranacionalista. Tanto que, por esta razão, foi condenado por fraude fiscal. Trump será uma ameaça para o mundo inteiro, isto é, se conseguir concretizar o seu maléfico intento, tal como tem veiculado por inúmeras vezes. Apesar dessas suas posições fraturantes e preocupantes, mesmo assim elas têm tido um acolhimento favorável na sociedade americana. Isto deve-se ao facto de os americanos darem demasiada primazia aos pontos chave do seu programa eleitoral, tal como supra destacamos. 

Vai correr muita tinta até as eleições de amanhã. Não temos margem para duvidar disso. Tudo ainda pode acontecer. É isto que faz os EUA ser o grande país que é e uma das maiores democracias do mundo. Cabe tudo nele. E nele tudo cabe. Consegue conviver pacificamente com os paradoxos. E estas eleições são uma autêntica manifestação dos antagonismos e da imprevisibilidade do povo americano. Os dois candidatos presidenciais são medíocres e ficam bastantes aquém daquilo que o povo americano merece. 

Da nossa parte, vamos aguardar serenamente o que o futuro dirá daqui algumas horas. De uma coisa temos absoluta certeza, e não hesitaremos em afiançá-lo publicamente: os EUA jamais serão iguais com o próximo Presidente da República – para o bem e para o mal. 

O Adiamento das Eleições Legislativas Por Umaro Sissoko Embalo e o Falso Governo de Unidade Nacional


Partilho aqui o vídeo que gravei no domingo passado “Em Defesa do Futuro da Guiné-Bissau. Não calhou publicá-lo ao longo destes dias todos por razões várias. Só hoje foi realmente possível a sua publicação. Nele antecipei o possível adiamento de eleições legislativas por parte de Umaro Sissoko Embaló (que veio, sem surpresas nenhumas, a confirmar anteontem), bem com descortinar todas as armadilhas perigosas que estão por detrás de tal adiantamento de eleições e o putativo governo de unidade nacional. 

Aproveitei ainda a ocasião para chamar atenção a Fernando Dias e Nuno Gomes Nabiam da postura dúbia e pouco séria que têm tido no combate contra a ditadura de Umaro Sissoko Embaló no país. Tenha um bom proveito na visualização e auscultação do vídeo.  

A Mesma Saudade de Sempre, Querida Mãe!

Faz hoje 32 anos que a minha queridíssima mãe Anjeipo Có morreu. Foi precisamente no dia como o de hoje que ela morreu. Morreu repentina e prematuramente para surpresa de todos nós – os seus filhos, familiares e amigos. Morreu deste mundo da mentira para se encontrar com o mundo da eterna verdade. Morreu seguramente contrariada por saber que ia deixar órfãos e desprotegidos os seus sete amados filhos neste mundo discriminatório, hostil e injusto. Morreu sem que a sua previsão clínica apontasse nesse sentido funesto. Foi tudo surpreendente, rápido, inconcebível, pesaroso e completamente trágico. 

A minha querida mãe Anjeipo Có morreu bastante nova. Tinha na altura, aquando da sua morte, apenas 48 anos de idade. Se estivesse ainda viva hoje teria 80 anos de idade. Morreu deixando muitas coisas por viver e por realizar. Não chegou a vislumbrar a emancipação e afirmação dos seus filhos e filhas, que ela tanto se orgulhava. Filhos e filhas estes que, graças a DEUS, se tornaram homens e mulheres responsáveis na sociedade, sendo pais e mães de muitos filhos. Não chegou a conhecer parte significativa dos seus netos e nenhum dos bisnetos. Se ela estivesse ainda viva connosco sentir-se-ia imensamente feliz pela numerosa família que teria. Estaria cercada de muitos mimos, abraços, amor e protecção dos filhos, netos e bisnetos. Ela recebia estas manifestações de amor e, simultaneamente, sem dúvida, devolvia-as com maiores proporções como costumava sempre fazer quando estava ainda viva connosco. Infelizmente, por força do destino, a minha mãe partiu precedentemente sem poder presenciar tudo isto. 

A minha querida mãe Anjeipo Có não teve uma vida fácil. Viveu sempre de grandes contradições e contrariedades até ao fim da sua curta vida. Atravessou, ao longo de toda a sua vida, batalhas espantosas sem vergar-se perante elas. As coisas agravaram-se ainda mais para ela com a morte do meu pai, Jorge Vieira, em 1987, ficando ela sozinha como responsável pela nossa educação e formação. Não foi nada fácil para ela, enquanto viúva, arcar sozinha com tamanha responsabilidade de cuidar de todos nós. Mesmo assim, procurou na medida do possível dar prosseguimento ao legado nobre do meu pai. Ela foi determinada neste simultâneo papel de mãe e pai para connosco até a morte. Foi solitária e viveu solitariamente os seus dilemas e grandes desafios da vida, sem poder partilhá-los com os outros, até ao fim dos seus dias. E assim foi, infelizmente. 

No dia 01 de Novembro de 1992, contra todas as evidencias e prognósticos, a minha querida mãe Anjeipo Có morreu. A partir dessa funesta data, eu e os meus irmãos, ficámos definitivamente órfãos, pobres, desventurados e desamparados no mundo. Perdemos, com o desaparecimento físico dela, o núcleo fundamental e suporte insubstituível e irreparável da nossa família. Nada nesta transitória vida poderá preencher o incomensurável vazio e a falta que ela vai sempre fazendo durante todo o nosso percurso terreno neste “vale de lágrimas”. Perdemos tudo e estamos praticamente sozinhos no mundo. 

Não temos, desde muito cedo, a legítima proteção dos nossos progenitores, com as profundas mazelas que tudo isto representa no nosso crescimento e equilíbrio humano-emocional. Tivemos de crescer “fora do tempo”. Ganhar cedo o juízo e a noção de responsabilidade. Aprender, acima de tudo, a conviver com as injustiças, o abuso, a discriminação e toda a sorte de arbitrariedades que somente uma pessoa órfã conhece tão perfeitamente. 

Ter uma mãe viva e presente é das melhores preciosidades que uma pessoa pode ter nesta vida. Tanto que, por esta razão, para vincar esta grande verdade antropológica, diz a sabedoria popular: “quem tem uma mãe tem tudo, quem não tem mãe não tem nada”. E, de facto, eu e os meus irmãos já não temos uma das maiores e melhores preciosidades que um ser humano pode ter nesta vida. Mesmo assim, temos connosco o Todo-Poderoso DEUS que defende a nossa causa, orientando-nos e suprindo todas as nossas necessidades (Dt 10:18; Sl 146:9), bem como a maravilhosa família que ainda nos resta. 

Cientes da nossa limitada condição de orfandade, continuaremos a ornamentarmo-nos com a herança que recebemos dos nossos progenitores. Procurar ser coerentes com a nobre educação que humildemente nos confiaram, isto é, de nunca renegarmos aquilo que é o nosso substrato identitário e afirmarmo-nos na sociedade como homens e mulheres de bem. Só assim poderemos, de forma vigorosa, perpetuar a memória dos nossos queridos pais. 

A minha querida mãe Anjeipo Có morreu precocemente num dia como o de hoje, para tamanha infelicidade de todos nós. Resta-nos agora, como filhos dela, recordá-la com a mesma saudade de sempre: da mulher guerreira que ela foi e representa para a nossa família, bem como transmitir isso aos nossos filhos, netos, bisnetos e por aí fora. 

A mesma saudade de sempre, minha querida eterna mãezinha Anjeipo Có! “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jb 1:21). Que assim seja.

Reflexão Proustiana

Li algures, em tom de acolhimento, que toda a existência e o percurso do Homem se baseiam meramente no factor tempo. É um entendimento minimalista, redutor e bastante discutível do ponto de vista antropológico. Confesso publicamente que não sou proustiano. Não lamento a nostalgia do tempo e nem tão pouco fico ansioso por ele. 

Para mim não existe “o tempo perdido” e “o tempo reencontrado”. Da mesma sorte, “o tempo medido” e “o tempo contado”, tal como convencionado unanimemente pelos seres humanos, são configurações diferentes da mesma realidade, consubstanciando simples fenómenos naturais que o próprio tempo encarna e processa no seu âmago. Qualquer tempo é tempo. Logo, nesta ordem de ideias, tudo é tempo. Considero-me mais salomónico a nível do tempo, sobretudo na sua pré-determinada implicação teológica e teleológica. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”, observava inspiradamente o sábio Salomão na sua construção dogmática no livro de Eclesiastes (Ec 3:1). 

Não tenho qualquer tipo de preferência por nenhuma estação do ano em concreto – nem pelos fusos horários que se vão alternando no universo. Gosto da manhã, da tarde e da noite. Sou do calor e, concomitantemente, do frio. Tropicalista por natureza e subantártico por afinidade. Tanto que, por esta razão, maravilho-me com o Inverno, a Primavera, o Verão e o Outono. Gosto, igualmente, de períodos de chuva e de seca. As mudanças climatéricas não passam, a meu ver, de meras ocorrências cíclicas resultantes do movimento de rotação e de translação da Terra. Nada mais. Tudo o que extravasa este raio de compreensão é pura especulação e raciocínios falazes. Por isso, aprecio imenso todas as épocas do ano, procurando, na medida do possível, ajustar as suas cómodas e/ou incómodas particularidades naturais. 

É o destino que marca a hora e esta, por sua vez, traça o tempo. Sem o destino não há horas e tão pouco agendas temporais. São as duas primeiras conjugações que formam e caracterizam o tempo que concebemos e idealizamos. A existência do Homem é o produto da providência Divina que se veio concretizar milagrosamente no âmago do tempo. Talvez seja por esta mesma razão que damos demasiada primazia ao tempo, sem nos apercebermos disso. Ansiamo-lo, a cada momento que passa, e vivemos toda a nossa vida dependente dos seus sinais e condicionalismos, conformando-nos com a subtil ideia de que somos produtos casuísticos do tempo, até ao dia que o tempo nos consuma para sempre no curso infinito do tempo.

Um Dia, Uma Aniversariante

A “Doutora” Gilca Lopes Pereira Bastos faz anos hoje (LER). Completa mais uma primavera na sua vida. Mais um dia de festa para celebrarmos, com gratidão e fé no Senhor Jesus Cristo, o dom inefável da vida que DEUS graciosamente concedeu-lhe. Reconhecemos, de forma grata e humilde, o amor e a bondade de DEUS na vida da nossa estimada irmã Gilca Lopes Pereira Bastos. Esperamos do fundo do nosso coração que ela continue a festejar sempre esta data especial, com vida abundante e saúde de qualidade, rodeada sempre de familiares e amigos. 

Muitos parabéns e feliz aniversário, querida irmã Gilca Lopes Pereira Bastos. Votos de maiores bênçãos terreno-celestiais a todos os níveis da tua vida. Que sejas sempre uma mulher amorosa, bem-sucedida, realizada e feliz no teu percurso de vida. Todas as felicidades do tempo e da eternidade.  

Grande Entrevista Com a “Dama de Ferro” Sali Mané


Dentro de algumas horas, isto é, logo às 21h00 de Portugal, estarei a participar num directo no Facebook com a minha estimada amiga Sali Mané Mané (LER). Estaremos juntos a debater sobre a preocupante situação política que se vive no nosso país. A Guiné-Bissau tem, desde que Umaro Sissoko Embaló assumiu pela força armada o poder no país, resvalado numa deriva autoritária sem precedentes, colocando em causa de forma substancial os ganhos democráticos que outrora o país conquistou com bastante dor e sacrifício. 

Há permanentes abusos, violações e violências contra os guineenses por parte deste ilegítimo, incompetente, corrupto e ditatorial regime instalado no país. Há uma completa instrumentalização dos órgãos da soberania em torno de uma pessoa que, contra todas as expectativas jurídico-legais, faz e desfaz a seu bel-prazer a nossa Res Publica. Há perseguição, silenciamento, despotismo e crime organizado, envolvendo directamente os titulares dos órgãos da soberania. 

Nós, como os filhos daquela terra, que queremos o seu bem-estar e desenvolvimento, não podemos ficar indiferentes e calados perante tamanhas atrocidades e desmandos. Não podemos refugiar-nos na confortável posição da injusta “imparcialidade”, ignorando deliberadamente os grilhões do nosso povo em sofrimento. Não podemos, em circunstância alguma, compactuar com a maldade a que o país foi votado por parte dos traidores da pátria. 

Por imperativo de consciência, e dever patriótico, vamos erguer a nossa voz bem alto para denunciar e combater com as armas da justiça esta ditadura do consenso. Vamos lutar, até ao fim, custe o que custar, para reverter este quadro funesto que encaminha paulatinamente o nosso país para o abismo e autodestruição. Vamos estar, acima de tudo, incansavelmente, ao lado do nosso povo e na defesa intransigente do primado da legalidade, do Estado de Direito Democrático e de Direitos Humanos. 

A Guerra Que Não Trouxe a Independência Nacional


Celebra-se hoje o dia da independência nacional da Guiné-Bissau. A autodeterminação do país, em 24 de Setembro de 1973, até à data presente, para grande infelicidade e tristeza nossa, foi um autêntico fracasso a todos os níveis. A Guiné-Bissau nunca chegou, em termos objectivo-práticos, de tomar a sua real independência. A independência só foi reduzida no papel, limitando-se apenas a uma mera formalidade Jus Internacional. O país continua dependente de tudo e mais alguma coisa. Dependente da ajuda externa e da boa vontade dos países aliados para continuar a sobreviver. 

Logo depois da tão propalada “independência nacional”, que não trouxe qualquer tipo de Independência, o país foi capturado pelos dirigentes medíocres, intriguistas, incompetentes, desqualificados, bandidos, sanguinários, corruptos, ladrões, traficantes de droga e de toda a sorte de criminosos que o submeteram a um esmagamento metódico, sem dó nem piedade, ao longo de várias décadas. Esta subversiva postura, dos nossos sucessivos dirigentes e governantes em geral, contraria flagrantemente com a premissa inicial do “programa maior”, delineado por Eng. Amílcar Lopes Cabral, na génesis da luta armada, para fazer definitivamente a Guiné-Bissau avançar. 

Em 23 de Janeiro de 1963 deu-se oficialmente o início da luta de libertação nacional, com a ofensiva militar contra as colunas portuguesas no sul do país, sob o comando do quartel do Titi. A partir desta data tudo mudou, para pior. A Guiné-Bissau mergulhou numa profunda crise de identidade, sem precedentes, ao longo da sua moderna história. Desde logo, a vindicta do Congresso de Cassacá, em Fevereiro de 1964, convocado para “atenuar” a cisão interna no seio do PAIGC, culminando naquilo que ficou conhecido como o “massacre dos insubordinados”, onde inúmeros camaradas foram barbaramente fuzilados por ordens expressas do partido. 

Passados os dez anos da chacina armada da “guerra do povo, pelo povo e para o povo”, o país proclamou unilateralmente a sua independência, em 24 de Setembro de 1973, cumprindo assim o desígnio inicial do “programa mínimo” traçado na génese da sublevação armada. Existiam, nos anos subsequentes, todas as condições propícias e exequíveis para criar uma “nova sociedade” e um “novo homem africano”, capaz de trilhar, com bastante sucesso, “o programa maior” visceralmente ligado ao desenvolvimento sustentável e sustentado da Guiné-Bissau. Não foi, no entanto, o que aconteceu para desgraça nossa. O primeiro Presidente da República, Luís Cabral, conduziu o país para um modelo absolutista de estado que se traduzia em tremendas perseguições, ajustes de contas e execuções sumárias de opositores do regime considerados “traidores da pátria”

Foi neste horrível cenário politico-governativo, em 1980, que surgiu o afamado “Movimento Reajustador” de 14 de Novembro liderado pelo General João Bernardo Vieira, que usurpou o poder por via de um golpe de estado, afastando assim o seu amicíssimo e correligionário de partido, Luís Cabral, da presidência da república. Acontece que, por vicissitudes várias e supervenientes, esta mudança de poder não foi bem acolhida pelos dirigentes cabo-verdianos que, como represália ao novo regime Bissau-guineense, desvincularam-se completamente do PAIGC e fundaram o partido PAICV, em 1981, rompendo assim definitivamente com o vínculo umbilical que ligava os dois povos irmãos, idealizado pelo Eng. Amílcar Lopes Cabral. 

Com o governo de Nino Vieira, a Guiné-Bissau conheceu uma das facetas mais tristes e bárbaras da sua autodeterminação. Tudo aquilo de que acusava Luís Cabral acabaria por fazer ainda pior. Nos seus 23 anos no poder, de 1980 a 1999 e depois em 2005-2009, respectivamente, não se melhorou praticamente nada, excepto uma aparente abertura do país para a democracia pluralista, em 1994, que, em termos objectivos, tinha mais a ver com o autoritarismo do que propriamente com o estado de direito democrático. Tal como diria depois Luís Cabral, e bem observado, “o Movimento Reajustador não Reajustou nada”. Em consequência disso, o país passou por enormes sobressaltos político-sociais e sucessivos golpes de Estado e contra-golpes até Dezembro do ano passado, culminando sempre em assassinatos de personalidades e altas figuras da república, somando à fratricida guerra civil de 7 de Junho de 1998, com repercussões negativas que ainda hoje se fazem drasticamente sentir na vida de inúmeros guineenses. 

Todos os Presidentes da República que a Guiné-Bissau teve desde a sua autodeterminação até aos dias de hoje, coadjuvados com os seus primeiros-ministros, poder judicial, chefias militares e governantes em geral, só trouxeram prejuízos avassaladores à Guiné-Bissau. Não conseguiram deixar um legado positivo em prol do progresso nacional que tanto apregoa(ra)m defender. Foram todos incongruentes nas suas obscuras e egoístas agendas políticas – o que demonstra manifestamente a crise de liderança que tem caracterizado o país ao longo dos anos até à data presente. 

A raiz de todos os males que assolam impotentemente o nosso povo é, sem dúvida, a preterição deliberada do “programa maior” na dinamização e consolidação do progresso do país, razão pela qual os custos e os benefícios que advêm da luta de libertação nacional foram completamente desproporcionais, com a supremacia abismal daqueles em detrimento destes. Não houve, infelizmente, progressos assinaláveis do ponto de vista humano-social. 

A Guiné-Bissau, desde o período do pós-independência, foi capturada pelos urubus que não compreendem nada da governação e pelos pacóvios militares que apenas a humilharam, através do esmagamento metódico a que foi reiteradamente submetida ao longo dos tempos. A começar, desde logo, com os intelectuais sabujos e desonestos, políticos trapaceiros e corruptos, magistrados incompetentes e fraldiqueiros, partidos políticos ignorantes e inabilitados, sociedade civil moribunda e inoperante, que obstam ao desenvolvimento do país. Se isso é a “nação” ou a “independência nacional”, tal como muitos dos nossos patrícios orgulhosamente enaltecem, não contem comigo. Estou fora deste delírio nacionalista. Estou mesmo fora. Roubem-me o esforço e a tranquilidade; a consciência e a razoabilidade é que não! 

O Sistema da Educação na Guiné-Bissau


Começou hoje oficialmente o início do novo ano lectivo na Guiné-Bissau (LER). Partilho aqui a parcela do live informal que tive há seis anos, concretamente em 27 Fevereiro de 2018, com a nossa famosa e Activista “Dama de Ferro” Sali Mané, sob o tema: “O Sistema da Educação na Guiné-Bissau” (VER).  A minha intervenção em crioulo foi congruente com aquilo que já havia defendido há doze anos num prolixo ensaio intitulado “Em Defesa do Futuro da Guiné-Bissau” (LER).  

Entendo que é preciso fazer reformas profundíssimas neste tão importante e estratégico sector do país, que incorpora o âmago do progresso de qualquer nação, sobretudo no que toca à qualificação dos nossos quadros professores, proporcionando-lhes diversas oportunidades de formação, com vista a poderem responder satisfatoriamente os exigentes desafios pós-modernos a nível da formação. Fazer alteração nos modelos programáticos e didácticos dos cursos que, até então, têm sido cegamente seguidos e que não se ajustam à realidade do país, através da restruturação de planos curriculares, melhorando significativamente a pedagogia do ensino, pautando, acima de tudo, pelo rigor, exigência e excelência do mesmo. Construir mais escolas em todas as regiões e aldeias do país (e não venham cá dizer-me que não há dinheiro para tal), para assim dispor da cobertura do ensino em todo o território nacional e, consequentemente, nesta primeira fase, impor o 9ºano de escolaridade obrigatória para todos os guineenses. 

Estas impreteríveis reformas estruturais devem abranger todos os ciclos de ensino do país. Infelizmente, por incompetência e falta de visão dos nossos sucessivos governantes, actualmente, na Guiné-Bissau, não existe praticamente nenhuma escola técnico-profissionalizante, com a excepção do CIFAP que foi fundado e continua a ser patrocinado pela Dioceses das Igrejas Católica de Bissau, operando com bastante sucesso. É um erro crasso. A nosso ver, o Estado deveria igualmente pensar seriamente em investir nesse modelo de qualificação para os nossos homens e mulheres, minimizando as graves carências que há em múltiplas áreas profissionais do país. 

É preciso também encetar os contactos a nível externo, procurando fazer parcerias com outros países no mesmo sector, não somente para servir de intercâmbio ao nosso pessoal docente e os educadores em geral, assim como melhorar a formação dos nossos jovens, através de bolsas de estudo para os referidos países, a fim de completarem os seus planos de estudos, nomeadamente a nível da Licenciatura, Mestrado, Doutoramento e Pós-Doutoramento, se assim for o seu desejo. 

A Educação é o único antídoto indispensável para a Guiné-Bissau eliminar cabalmente os flagelos humano-sociais, que a têm ameaçado de forma reiterada e galopante, nomeadamente à questão da instabilidade governativa, a corrupção e a fome, a propagação do vírus de HIV, as gravidezes precoces, o casamento forçado, a hedionda mutilação genital feminina, a violência doméstica, o elevado índice da mortalidade materno-infantil, a curta esperança média de vida dos cidadãos, etc. É através da educação que o Homem consegue dispor de ferramentas necessárias ao seu alcance para responder eficientemente os sérios desafios que vão surgindo ao longo da sua vida e, deste modo, realizar-se como pessoa de bem no círculo em que está inserido. Tudo isto acaba por ter reflexos bastantes positivos à sociedade em geral. 

Não sem razão que um dos grandes e proeminentes pedagogos de todos os tempos Coménio, na sua célebre obra “Didáctica Magna”, falava na necessidade de formação de todas as pessoas, independentemente do sexo, raça, religião e estrato social. Todas as pessoas, sustentavam peremptoriamente, devem ser enviadas às escolas, com vista a contribuírem para uma sociedade mais ordeira, integrativa, equilibrada, justa e progressista. E este imperativo não é alheio à Guiné-Bissau, isto é, aplica-se-lhe na perfeição. Necessitamos, com a máxima urgência, de melhorar a nossa qualidade de ensino para o bem-estar do nosso amado país, a Guiné-Bissau. 

Cem Anos de Amílcar Lopes Cabral e a Guiné-Bissau Num Beco Sem Saída


O Eng. Amílcar Lopes Cabral estaria hoje a celebrar cem anos de vida, isto é, se estivesse ainda vivo. Quis o destino que, por razões de intrigas e traições no PAIGC, foi brutalmente assinado na flor da idade, com apenas 49 anos, frustrando assim o seu desígnio do “programa maior” visceralmente ligado ao desenvolvimento sustentável e sustentado da Guiné-Bissau. 

O Eng. Amílcar Lopes Cabral atraía imensos inimigos perante os seus correligionários do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-verde (PAIGC), não obstante o seu humanismo social que era patente nos retratos da guerra. Era um homem extremamente culto e defensor acérrimo de causas sociais. Notava que ele realmente amava as pessoas, não obstante as leituras que cada um poderá fazer da exequibilidade do seu projecto governativo e legado político. Foi, sem dúvida, um político africano brilhante e completamente comprometido com o seu povo que, tal como o próprio manifestou publicamente em inúmeras ocasiões, “quis saldar a sua dívida para com o seu povo e viver a sua época”

Mesmo assim, os seus opositores por rivalidades e inveja, catalogavam-lhe vários epítetos pejorativos para arruiná-lo na sua determinada luta da autodeterminação da Guiné e Cabo-Verde, até ao ponto de liquidarem definitivamente o homem (LER). O Eng. Amílcar Cabral, para grande tristeza nossa, não chegou de “saldar” completamente a sua dívida com o seu povo e também não viveu a sua época como almejava. Partiu prematuramente. Deixou muitas e grandes iniciativas político-governativas para materializar na Guiné e Cabo-Verde. Tudo foi muito rápido e funesto na sua vida. As suas ideias e ideologias foram, no curto espaço do tempo, aquando da sua morte, rapidamente adulteradas pelos camaradas e altos dirigentes do PAIGC, lançando a Guiné-Bissau num pântano de nulidade política ao longo das décadas e até à data presente. 

Por isso, a Guiné-Bissau é um país fracassado a todos os níveis. Vive inveteradamente pelas ruas da amargura. Nunca teve, desde a sua História de autodeterminação, responsáveis políticos à altura do exigente desafio governativo. Foi sempre conduzida por pessoas medíocres, incompetentes, corruptas e manchadas pelos crimes de sangue. A arbitrariedade, o nepotismo, o clientelismo, a obstrução da legalidade, o abuso de poder, o revanchismo e a impunidade são vícios arreigados que, para nossa infelicidade colectiva, caracterizam o destino funesto do país. Os órgãos de soberania são instrumentalizados, tornando-se reféns de interesses obscuros de uma certa minoria que, de forma presunçosa e impune, fazem e desfazem a seu bel-prazer a Res Publica

A crónica crise institucional que opõe os órgãos de soberania e partidos políticos podendo, inclusive, deteriorar ainda mais o já inabilitado estado do país é o reflexo manifesto de tudo o que acabamos de sustentar. Temos um ditador como Presidente da República que desconhece absolutamente as suas atribuições constitucionais e um dos factores de instabilidade no país, bem como uma Assembleia da República completamente descaracterizada do seu substrato legislativo. Deputados sem escrúpulos, para não dizer outra coisa, que vivem à mercê de circunstancialismos e favorecimentos. Um Governo ilegal composto por fraldiqueiros que tão bem conhecemos em outros carnavais, somando-se ainda um licencioso poder judiciário susceptível de ser peitado a troco de um bom “suku di bás” para perverter a Justiça. Todos estes pejorativos adjectivos aplicam-se na perfeição à nossa insubordinada e corrupta classe castrense. Estamos desgraçadamente entregues, sem dúvida, a embusteiros e traidores da pátria. Só pano tchora dur garandi: Guiné-Bissau kaba sim Cabral

Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos


Estive há duas semanas a pregar no culto dominical da minha igreja, isto é, no dia 18 de Agosto. O tema que foi objecto da minha mensagem foi “Saber Discernir o Tempo em Que Vivemos”, tendo como texto de apoio o Evangelho s. Mateus 24:1-14. Este capítulo, segundo os teólogos, é um dos mais difíceis de interpretar na Bíblia Sagrada, tal como o livro de Apocalipse, visto que envolve os complexos temas escatológicos. Mesmo assim, pela graça de DEUS, procurei humildemente não entrar em especulações teológico-doutrinárias e ater-me apenas aos aspectos práticos de cada um dos versículos em apreço. 

O Senhor Jesus Cristo saiu completamente do templo, tal como vinca manifestamente o autor sagrado (Mt 24:1). Esta saída coincidiu com a Nova Aliança pré-estabelecida por DEUS, desde os primórdios do mundo, e revelado no Antigo Testamento. Por isso, não foi uma saída qualquer como Ele fez em outras ocasiões do Seu ministério terreno. O Filho do Homem retirou-se definitivamente do templo para nunca mais voltar a entrar nele. Abandonou-o triste com a adulteração do culto a que ele foi infelizmente reduzido pelas polutas autoridades judaicas, permitindo assim o sacrilégio dos vendilhões dentro dele, somando ainda a incredulidade do povo em relação à Sua pessoa, não obstante as inúmeras tentativas do Senhor Jesus em congregá-los como a galinha ajunta os seus pintainhos debaixo das asas. No entanto, eles deliberadamente não quiseram (Mt 23:37), confirmando-se assim as palavras do Evangelista João sobre o Messias que “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11). São factores determinantes que condicionaram esta inevitável saída do Filho de DEUS do templo, máxime a concretização plena do Seu Reino na Terra. 

Podemos extrair, de forma cristalina, esta conclusão nos últimos dois versículos do capítulo anterior que expressamente diz: “eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; porque eu vos digo que, desde agora, me não vereis mais” (Mt 23:38-39). A Glória do Senhor foi-se embora do pomposo templo (Mc 13:1-2). O outrora espaço sagrado de “shekiná” ficou irreversivelmente desabitado pelo Eterno Jeová. Já não é mais a casa do Todo-Poderoso DEUS, tal como inúmeras vezes foi apelidado nas Escrituras Sagradas, mas sim “a vossa casa”, isto é, dos incrédulos judeus e as suas ímpias autoridades. Em consequência disso, o anátema templo foi completamente destruído nos anos 70 d. C pelo império romano. 

Os discípulos, de acordo com o texto sagrado, perguntaram-Lhe: “dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24:3). Fazia-lhes imensa confusão a sentença do Senhor Jesus sobre o templo, pois tal sentença advém da sequência imediata dos discípulos lhe chamarem a atenção para a beleza da construção do templo (Mt 24:1). Extraímos aqui, nesta curiosidade dos discípulos, três importantíssimas perguntas feitas ao Senhor Jesus. A primeira pergunta prende-se com os acontecimentos anunciados pelo Senhor Jesus sobre a destruição do templo; a segunda que sinal haverá da Sua vinda e, a última, o tempo exacto do fim do mundo. Aliás, os discípulos voltaram a interrogá-Lo sobre esta mesma temática momentos antes da Sua ascensão aos céus (At 1: 6). Apesar de toda esta natural curiosidade humana sobre os mistérios ocultos, o Senhor Jesus não revelou com total precisão o dia e a hora em que Ele há-de vir (Mt 25:13), porque ninguém mesmo sabe: nem os anjos no céu, nem o Filho. Só o Pai é que conhece este recôndito mistério (Mt 24:36). 

O Senhor Jesus Cristo, sentado no Monte das Oliveiras com autoridade divina para ensinar, e não como a dos doutores da lei (Mt 7:29), respondeu sabiamente às referidas questões com as seguintes advertências: “acautelai-vos, que ninguém vos engane” (Mt 24:4). A constante vigilância espiritual é fundamental para o sucesso da vida Cristã. Ela é, sem margem para dúvida, o antídoto para discernirmos correctamente os pseudo-messias e, concomitantemente, saber compreender plenamente em que tempo estamos de facto a viver (Mt 24:42; Ro 13:11), bem como detectar os dissimulados profetas. Isto porque surgirão falsos cristos, falsos cristãos, falsos líderes, falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos de DEUS (Mt 24:24; Mc 13:7; 22; 2 Ts 2:9-11). 

E, de seguida, o palco será de guerras e rumores de guerras ao redor do mundo, mormente a implacável perseguição e o martírio dos Cristãos. Por aumentar a iniquidade, de forma rápida e assustadora, o amor de muitos esfriará. Nesta altura, inúmeras pessoas apostatarão a fé. A galopante traição, o ódio, a heresia, o escândalo, a falsidade, as guerras, serão comuns no seio dos seres humanos, inclusive dentro das igrejas. Podemos constatar essas inequívocas verdades na pandemia que o mal exercerá na vida das pessoas, através dos versículos 5, 10, 11 e 12 do mesmo capítulo. A palavra “muitos” vai-se repetindo seis vezes nos primeiros doze versículos, sempre com a conotação pejorativa, com intuito de dar ênfase as calamidades daqueles tenebrosos dias. Os autênticos Cristãos sentir-se-ão na pele o elevado preço de ser o testemunho fiel do Senhor Jesus Cristo. Mesmo assim, a Igreja triunfará e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16:18;2 Ts 2:8). Quem assim seja. E assim sempre será no nome Bendito do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (LER)

A Convulsão Político-governativa na Guiné-Bissau


Partilho aqui novamente o comentário semanal que fiz há bocado sobre os últimos e relevantes acontecimentos políticos na Guiné-Bissau. Era suposto abordar três importantes temas e acabei por desenvolver apenas dois para o vídeo não ser demasiado grande. No vídeo em questão, comentei sobre o cinismo político de Braima Camará e toda a convulsão que se vive actualmente no Madem-G15, bem como aprofundei com mais detalhes a posição que veiculei na semana passada de aconselhar o Engenheiro Domingos Simões Pereira a não regressar, por enquanto, a Guiné-Bissau. E, por fim, dei alguns “raspanetes” no Umaro Sissoko Embaló. 

Tenha um bom proveito na visualização e auscultação do vídeo. 

Os Ilegais Congressos Extraordinários no PRS e Madem - G15


Partilho aqui o breve comentário que fiz há bocado sobre os últimos acontecimentos que marcaram a política guineense, nomeadamente os ilegais congressos extraordinários no PRS e no Madem - G15, bem como o discurso de Braima Camara e a traição que ele foi vítima por parte de Sissoko Embaló e os seus correligionários do partido. Deixei ainda no fim um conselho para o Engenheiro Domingos Simões Pereira. 

Tenha um bom proveito na visualização e auscultação do vídeo. Feliz noite de descanso e boa semana. 

Vida e Obra do Meu Querido Tio Domingos Vieira


O meu estimado tio, Domingos Vieira, aquando da sua vinda aqui à Europa passar férias em 2018, nomeadamente em Lisboa e em Hamburgo (LER). A foto foi tirada nesta última cidade alemã. 


Falar do meu querido tio Domingos Vieira tem muito que se lhe diga. Era o irmão mais novo do meu saudoso pai Jorge Vieira numa lista de sete irmãos, nomeadamente três homens e quatro mulheres. O meu pai era o primogénito dos meus avós paternos. A nossa família, desde o começo, sempre foi bastante unida e mantém-se intactamente assim até à data presente, não obstante pontuais tensões e querelas que normalmente vão surgindo, como é comumente natural no seio de qualquer família, sobretudo em famílias numerosas como a minha. Esta unidade familiar e coesão deve-se, acima de tudo, à determinação e sentido de responsabilidade do meu pai e, posteriormente, do meu tio Domingos Vieira e os seus irmãos. Tanto que, por esta razão, depois do prematuro falecimento do meu pai Jorge Vieira foi o tio Domingos Vieira quem assumiu, por completo, as rédeas e liderança de toda a nossa família, coadjuvado pela minha tia Fina Indi (LER) e o meu tio Duarte Vieira (Duvi). 

O meu querido tio Domingos Vieira, também que era carinhosamente cognominado por “Baúnhá” nos círculos da nossa etnia papel, que eu particularmente chamava de “pape de Didi” – por ser o pai do meu primo com o mesmo nome – destacava-se pela sua verticalidade, honorabilidade, desprendimento, humildade, cultura e amor incondicional pela família. Assim sendo, depois da morte do meu pai Jorge Vieira, carregou a nossa família sem qualquer tipo de hesitação ou lamúrias, e com todas as implicações que isto teve na sua vida. Foi um homem de família e viveu em torno da família até ao fim dos seus dias. 

O tio Domingos Vieira, desde muito cedo, destacou-se perante tudo e todos. Destacou-se na vida familiar, relacional, social e profissional. Foi um alto funcionário do Ministério dos Recursos Naturais da Guiné-Bissau, desempenhando ininterruptamente o cargo de director financeiro daquela instituição estatal por muitos anos, trabalhando com mais diversificados ministros e secretários de estados até se reformar, apesar de ser um homem apartidário e equidistante do ponto de vista político. Digo isto porque na Guiné-Bissau, infelizmente, tudo é instrumentalizado pela política. É praticamente impossível estar num cargo de topo por muito tempo, sem ter filiação partidária ou sujeitar-se a determinadas artimanhas de subjugação e rasterice à moda guineense. O meu tio era antítese de todo este servilismo decadente e falta de carácter. Mesmo assim, recebia a confiança dos seus superiores hierárquicos, tendo em conta a sua postura pacifista, diligente, competente, agregadora e incorruptível. 

O meu tio Domingos Vieira lidava com bastante dinheiro, mas nunca foi suspeito ou acusado de desviar algum fundo do Ministério dos Recursos Naturais da Guiné-Bissau. Sempre teve carros por causa da função que exercia e nunca os usou para fins que não fosse profissionais. Não era esbanjador. Não fazia paródia. Nunca andou na imoralidade ou envolveu-se com mulheres, tal como é costume por homens que têm algum estatuto social no nosso país.  Fazia os pagamentos no ministério e devolvia o dinheiro que sobrava. Víamos reiteradamente este nobre exemplo com ele. Esta atitude não é de somenos para quem conhece muito bem a imoral e corrupta realidade da Guiné-Bissau que é bastante permeável a desvios de dinheiro público para fins pessoais, branqueamento de capitais e de enriquecimento ilícito, sem quaisquer responsabilidades jurídico-penais para os infractores. Procurou viver na descrição e simplicidade. Era um homem inatacável e com grandes virtudes. Viveu pelo trabalho e com aquilo que ganhava de forma honesta. Viveu uma vida de abnegado servidor público e do próximo em geral, especialmente da família que ele tanto amava. 

Domingos Vieira, o meu tio, era mais do que um tio. Era como um pai para nós e para todos os meus primos do lado paterno. Encarregou-se da minha educação e formação, juntamente com os meus irmãos, depois da morte prematura do nosso pai Jorge Vieira, bem como dos meus primos e da parentela que estão na nossa casa que ele era chefe (família alargada, bem entendido). Foi um homem altamente educado e apostou seriamente na educação ao longo de toda a sua vida. Foi o caminho que ele nos demonstrou e nos ensinou pelo seu próprio exemplo de vida. Não poupava em nada que tenha a ver com a educação e formação. Fazia avultados investimentos na nossa educação. A começar, desde logo, pelos próprios filhos, sobrinhos e demais elementos familiares que estavam sob a sua inteira dependência. Sustentava muita gente e formou muitas pessoas – por causa do seu sentido apurado a nível da educação e entrega incondicional à família. 

A marca indelével que a minha família é manifestamente conhecida no nosso bairro Bandim II, em Bissau, é o primado da escola, formação, intelectualidade e qualificação. Tal proeza deve-se primeiramente ao meu pai Jorge Vieira, que foi precursor destes nobres valores humo-sociais e este legado foi continuado, com maior alcance, pelo nosso tio Domingos Vieira. Graças à visão inovadora destes dois grandes homens, a nossa família está repleta de homens e mulheres altamente formados e qualificados em várias áreas profissionais. 

O nosso tio Domingos Vieira, apesar de apostar na educação e intelectualidade, cedo se apercebeu dos riscos e perigos do falso saber e da descaracterização da política na Guiné-Bissau. E, justamente, por isso, nunca estimulou nenhum de nós a entrar na política partidária ou fazer política activa, apesar de, modéstia à parte, sermos objectivamente homens e mulheres altamente preparados naquilo que é o padrão comum da Guiné-Bissau. Quem, no entanto, posteriormente, entrou na política foi por sua livre iniciativa e opção pessoal. Ele reiteradamente advertia-nos “pa tira boca na política” e não se iludir com a leveza do luxo e o materialismo decadente do nosso país. Dizia-nos também que a nossa família é pobre e nós também éramos “fidjos di coitadi”, razão pela qual devíamos procurar viver como filhos realmente de pessoas humildes, renunciando ao vício da ostentação, corrupção, materialismo, prepotência, elitismo, futilidade e vaidades da vida. Felizmente, estes elevados princípios e valores estão bastantes impregnados e presentes na nossa família, sobretudo na forma como nós encaramos e respondemos aos desafios da vida. 

Com o tio Domingos Vieira aprendemos inúmeras coisas. Inúmeras coisas que fazem de nós portadores de elevadíssimos princípios e valores. Ele tinha a premissa que os estudos, o trabalho digno, o carácter são inevitáveis caminhos para sermos homens e mulheres bem-sucedidos na sociedade. Por isso, não poupava os esforços e investimentos na educação e formação de carácter para nos habilitar com estas imprescindíveis ferramentas humano-sociais. Além destes manifestos valores que ele evidenciava, também o tio Domingos Vieira era um homem de paz e não votado aos confrontos e conflitos. Sempre procurou, na medida do possível, evitar dos problemas. Era um homem que não estava metido em problemas, visto que a vida dele era apenas trabalho e casa. E em casa mitigava qualquer tipo de possíveis ímpetos que possam degenerar-se para a confrontação e conflitos entre os familiares e terceiros. Era pacifista, agregador e de família.  Tentou incutir estes postulados entre os filhos e para toda a nossa família. E assim foi. 

Tenho muitas dívidas com o tio Domingos Vieira. Foi o mentor da minha educação. Acompanhou, desde a primeira hora, todo o meu processo de formação. Estou-lhe eternamente grato por todo o investimento que fez na minha vida. Agradeço ao meu Todo-Poderoso DEUS por permitir ao tio Domingos Vieira ser instrumento de bênçãos na minha vida. Era bastante ligado à família e a nossa família era-lhe também muito ligado. 

A última vez que estive com o meu tio Domingos Vieira foi aquando da sua vinda para a Europa passar férias, junto dos filhos e netos, em 2018, durante aproximadamente dois meses. Primeiro em Lisboa na casa do seu primogénito filho Gervásio Domingos Vieira (Djoi) e, de seguida, em Hamburgo, Alemanha, na casa da filha Narcisa Domingos Vieira (Nacy) (LER)  e, inversamente, em Lisboa. Depois de um tempo de confraternização, despedimo-nos com dois calorosos abraços de familiaridade na promessa de nos encontrarmos ainda num futuro breve. Disse-me em crioulo: “fica diritu bó” e eu respondi-lhe: “fassi bom biás. Manda nha mantenhas pá titia Fina Indi, tio Duarte i pá tudu djintis lá na casa. Pá DEUS abençoa-bós tudu”. E assim, partamo-nos nostalgicamente um do outro e, ao mesmo tempo, continuando unidos pelo mesmo cordão umbilical de sempre (LER)

O tio Domingos Vieira, para grande surpresa e enorme tristeza nossa, morreu repentinamente na passada quarta-feira, dia 17, em Bissau, e foi sepultado esta tarde no cemitério de Antula, em Bissau. Tinha 75 anos de idade. Era pai de quatro filhos, nomeadamente os meus primos Gervásio Domingos Vieira (Djoi - LER), Narcisa Domingos Vieira (Nacy), Euclides Domingos Vieira (Didi - LER), Duília Domingos Vieira (Dú) e avô de catorze netos. Deixou definitivamente este mundo com o dever cumprido, tal como aconteceu com os meus avós, pai, tios e tias. No entanto, o seu legado de vida vai continuar permanentemente vivo nos nossos corações e transmitido pelos nossos filhos e gerações vindouras da família Vieira. Muito obrigado por tudo o que fez por mim e pela nossa família em geral, tio Domingos Vieira! Louvado seja eternamente o nosso Todo-Poderoso DEUS!