A Paz do Senhor Jesus Cristo Num Mundo de Permanentes Guerras

Vivemos num mundo perverso e decadente a todos os níveis. Um mundo completamente hostil, violento, perigoso e belicoso. Um mundo onde prolifera abundantemente a desgraça, a maldade e a malignidade. Um mundo, acima de tudo, descaracterizado da verdadeira essência do humanismo e da humanidade. Tanto que, por esta razão, para grande infelicidade nossa, estamos ininterruptamente a viver num clima de constante tensão, de intimidação, de ódio, de perseguição, de confrontação, de violência e de guerras. 

Há guerras em todas as circunscrições e limítrofes. As guerras fazem parte do cardápio do ser humano, infelizmente. Todo o mundo está cercado de situações de rupturas, ameaças e de guerras – tanto numa perspectiva lato sensu como stricto sensu. Há guerras entre os países, guerras entre as sociedades, guerras no seio familiar, guerras entre pessoas e particularmente com elas. Os países atacam-se mutuamente, violando deliberadamente os acordos bilaterais, multilaterais e tratados internacionais solenemente firmados; as sociedades estão em conflitos intermináveis, repercutindo negativamente nos relacionamentos interpessoais e de familiaridade. Vivemos num mundo hostil e de constantes guerras, para desgraça de todos nós (OUVIR)

A guerra traduz a ausência de paz. Há um défice acentuado da paz na convivência dos seres humanos. O mundo não pode viver holisticamente na virtude do amor, do perdão, da tolerância, da harmonia e da fraternidade. O mundo está completamente possuído pelo poder das trevas, estando assim desencontrado com os caminhos da paz e liberdade. O mundo não pode oferecer uma paz consistente, plena e duradoura no curso do tempo, porque carece dela. A paz que o mundo oferece é precária, interesseira, limitada, efémera e finita. É uma paz que assenta sobretudo nos pressupostos manifestamente egocêntricos e equivocados, despida dos sublimes Princípios e Valores Divinos. Há uma sistemática violação da paz no mundo em que estamos submergidos. A depressão, o ódio, a traição, a violação, a violência, o homicídio e o suicídio são o resultado intrínseco e a confirmação inequívoca da falta de paz no nosso decaído mundo. 

A partir do momento em que o ser humano está desprovido da paz no seu coração este défice acentuado abre as portas para as mais chocantes e inauditas aberrações no seu comportamento, que se vão traduzindo na maldade e malignidade. Passamos assim, a fortiori, a viver numa autêntica selva – e com as séries implicações humano-antropológicas que isto representa na convivência saudável entre as nações e pessoas em geral. Não há respeito e consideração. Não há compreensão e empatia. Não há tolerância e solidariedade. Não há amor e perdão. Não há fraternidade e harmonia. Não há, por fim, empatia e solidariedade. Esta dura realidade é transversal aos países, culturas, sociedades, famílias, pessoas e relacionamentos. 

Tanto que, por esta razão, há uma tremenda violação e violência no nosso mundo. As pessoas usam-se umas às outras sem dó nem piedade. Abusam-se umas das outras, sem o mínimo de primor e pudor. Maltratam-se umas às outras sem qualquer tipo de peso de consciência. Violam-se umas às outras. Descartam-se umas às outras. Matam-se, na pior das hipóteses, se for possível, umas às outras, para satisfazerem os seus insaciáveis caprichos censuráveis. Ninguém respeita os acordos, os contratos e as convenções pré-estabelecidas. Há sempre, na generalidade de situações, aproveitamento, inveja, odio, traição, inimizades, conflitos e intermináveis guerras. Todos estes cancros humano-sociais são resultados inequívocos da ausência da paz no empedernido coração do ser humano (LER)

Apesar de toda esta patente depravação que abafa e prolifera de forma galopante no mundo, com a encarnação do Senhor Jesus Cristo, a palavra paz passou a ganhar o mais elevado significado teológico e teleológico. A começar, desde logo, com o jubiloso anúncio da grande multidão de milícia celestial que entoava alegremente “glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2:13-14). E, ainda, nos momentos precedentes a ascensão do Senhor Jesus aos céus, Ele encorajou os seus discípulos com as afectuosas palavras de determinação e perseverança: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14:27). A paz que, em última instância, sem dúvida, traduz a presença constante do Espírito Santo na vida daqueles que verdadeiramente “nasceram de novo”. 

Tanto na encarnação do Senhor Jesus Cristo como na Sua glorificação enceraram com a palavra paz. Por isso, durante todo o Seu ministério terreno, Ele proclamou incessantemente a paz sem fazer excepção de pessoas (Ef 2:17), confirmando assim pelo Seu impoluto testemunho de vida ser o “Príncipe da Paz” (Is 9:6). O Senhor Jesus Cristo não presenteou os pobres pastores e a Humanidade em geral com nada que não fosse a paz (Lc 2:14), emanada pelos anjos e personificada na Sua humilde manjedoura (Lc 2:10-12). Da mesma sorte, o único legado que Ele deixou aos seus discípulos, aquando da Sua assunção aos céus, foi a mesma paz de DEUS (Jo 14:27). É uma paz que consegue na perfeição preencher plenamente todo o vazio do ser humano e, concomitantemente, despertá-lo para os sublimes Princípios e Valores da vida devotada e consagrada. Cristo, sustenta o Apóstolo Paulo para reforçar esta clara verdade salvífica, “é de facto a nossa paz” (Ef 2:14). 

A verdadeira paz envolve, em última instância, a reconciliação com o Todo-Poderoso DEUS, connosco e com o nosso próximo (2 Co 5:18-19). E esta paz somente o Senhor Jesus Cristo pode proporcionar, através do Espírito Santo. É uma paz que preenche na íntegra todos os anseios da alma, vazios existenciais e carências do ser humano, aplacando qualquer tipo de deriva belicosa e ímpetos malévolos. Habilita a pessoa a reconciliar-se consigo, com tudo o que está à sua volta, e simultaneamente conferindo-lhe uma vida plena, bem-sucedida, realizada e feliz. Esta paz transcende, em larga escala, todos os arbítrios do ser humano e projecta-lhe para o Eterno Jeová (Fl 4:7). É uma paz que o Senhor Jesus Cristo outorga gratuitamente para todos aqueles que depositam inteiramente a sua fé Nele. É uma paz totalmente diferente da paz precária que o mundo oferece. A paz de DEUS é o único antidoto exequível e ideal para extrair todos os cancros do ser humano, proporcionando-lhe a plenitude, a harmonia e a felicidade eterna (LER)

O nosso mundo está bastante descrente, corrupto, conflituoso, belicoso e na deriva espiritual, porque teima em declinar a maravilhosa paz do Senhor Jesus (Is 55:1-13), preferindo refugiar-se nas efémeras ilusões que não proporcionam uma vida bem-sucedida e feliz. A paz de DEUS está visceralmente ligada à harmonia, ao amor, ao gozo, à bondade, à esperança e à herança da vida eterna. Ela é a manifestação visível do fruto do Espírito Santo na vida dos eleitos filhos de DEUS (Gl 5:22), conferindo-lhes as infalíveis garantias das Bem-aventuranças eternas (Mt 5:1-12). 

A conflitualidade existente nos relacionamentos entre os países, instituições, sociedades, famílias e pessoas em geral, gerando um número interminável de guerras, deve-se exclusivamente à inexistência da paz de DEUS no mundo. A paz de DEUS é o único antídoto indispensável para sarar as profundas feridas, mágoas, traumas, ódios e inimizades que grassam no coração do ser humano que este herdou do pecado original. Aqueles que aceitaram de bom grado o Senhor Jesus Cristo nas suas vidas têm graciosamente esta salvífica paz e vivem-na plenamente no seu percurso de vida diário, através da manifestação de reconciliação, amor, perdão, misericórdia e paz para com o próximo. Ela é marca visível do Espírito Santo na vida dos eleitos filhos de DEUS e a confirmação da nossa salvação em Cristo Jesus (2 Co 5:17). 

No entanto, esta paz Divina não traduz necessariamente ausência de problemas e contradições na vida dos filhos de DEUS. Somos susceptíveis de passar por grandes dificuldades, adversidades e infortúnios. Esta paz apenas habilita-nos a encarar os desafios da vida, com fé, mansidão e esperança nas infalíveis promessas da vida eterna. Por outras palavras, não vivemos obcecados com a momentânea e corrupta glória deste mundo, porque a glória do mundo é passageira. Sic transit gloria mundi, já formulava há séculos o monge Tomás de Kempis. 

Os nossos horizontes e legítimas expectativas estão unicamente firmados nos valores do Evangelho e na nossa Pátria Celestial. Não andamos em permanentes frustrações, desânimos, tristezas, depressões, vícios, não obstante os reveses que possamos enfrentar no nosso quotidiano. Muitas são as aflições do justo, escrevia o salmista, mais de todas o SENHOR o livra (Sl 34:19). Temos a paz de DEUS que preenche completamente a nossa vida, dando-nos um sentido positivo na forma de estar e encarar os elevados desafios da vida em particular, e do mundo em geral. 

O mundo fala de forma reiterada de paz, mas está desprovida dela. Proliferam inimizades, ódios, guerras e matanças, por causa da ausência de paz no coração do ser humano. Só a paz do Senhor Jesus Cristo, a verdadeira paz, pode realmente criar um mundo mais harmonioso, justo e fraterno. A paz do Senhor Jesus é diferente da paz do mundo em todos os aspectos. A paz do mundo é conveniente, parcial, frágil e limitada no curso do tempo, uma vez que exigem sempre contrapartidas egocêntricas na sua manutenção que, muitas das vezes, são irrealistas do ponto de vista objectivo. Ao passo que a paz do Senhor Jesus Cristo é plena, justa, perfeita e perpétua. Ela é, acima de tudo, a presença de DEUS e galardoadora das Bem-aventuranças eternas. 

O Senhor Jesus Cristo, prestes a terminar o Seu importante sermão de antecipação pelas coisas futuras que acontecerão no mundo, depois da Sua gloriosa ascensão aos céus no capítulo 14 do Evangelho s. João, com vista a reforçar ainda mais a fé dos seus amados discípulos, fez questão de adverti-los preventivamente daquele que domina este mundo que, nas outras versões bíblicas, é apelidado de “príncipe deste mundo” (Jo 12:31). Aquele que domina o mundo está quase a chegar, exortava peremptoriamente o Senhor Jesus Cristo (Jo 14:30). Ele já chegou ao mundo há muito tempo, com todas as forças do mal, e domina os que vivem na desobediência e rebelião contra DEUS (Ef 2: 2; Cl 3:6; 2 Co 4:4). 

Quem é o príncipe deste maligno mundo? O príncipe deste mundo é o ser mais nauseabundo e execrável que existe no universo chamado diabo. Também conhecido como o grande dragão, satanás, lúcifer (Is 14:12-15; Ez 28:14-17), belzebu (Mt 12:24), o acusador (Ap 12:10), o pai da mentira (Jo 8:44), o príncipe das potestades do ar e dos demónios ou antiga serpente (Ef 2:2). O Apóstolo João sustenta que “ele é a antiga serpente, aquele a quem chamam Diabo e Satanás, o sedutor de toda a gente. Ele e os seus anjos foram atirados para a Terra” (Ap 12:9). 

O diabo é o ladrão que veio somente roubar, matar e destruir (Jo 10:10). Segundo o Apóstolo Paulo, ele é “o deus deste mundo que cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co 4:4). O nosso Senhor Jesus Cristo qualificou-lhe, de forma peremptória, como “homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44). Na mesma esteira do pensamento, o autor sagrado vai ao ponto de considerar que “o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1 João 3:8). 

Tanto que, por esta razão, somos manifestamente exortados pelas Escrituras Sagradas a não darmos lugar ao diabo (Ef 2:27), antes pelo contrário sujeitando-se, pois, em plena obediência, a DEUS, resistindo firmemente ao diabo, e ele fugirá de nós (Tg 4:7). Devemos revestir-nos de toda a armadura de DEUS (Ef 6:10-18), para que possamos estar firmes contra as astutas ciladas do diabo, “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 4:11-12). Cumprindo na íntegra com estas salutares disposições bíblicas, o nosso DEUS de paz não tardará a esmagar satanás debaixo dos nossos pés (Rm 16:20). Por outras palavras, o diabo já foi esmagado na Cruz do Calvário e completamente derrotado pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Cl 2:15; Ap 20:2-3;10). Aleluia! 

O diabo domina o mundo, juntamente com todos os demónios que estão ao seu serviço maquiavélico para implementar a discórdia, a guerra, a violência, o terror, a matança e a destruição no mundo. Ele é o “príncipe” no pior sentido do termo, isto é, no sentido maligno e funesto. O diabo é o príncipe de todo o engano, falsidade, mentira, traição, ganância, soberba, prostituição, crueldade, matança, desumanidade, depravação, maldade e malignidade. Ele é ainda o príncipe das potestades do ar (Ef 2:2), da mentira, do ódio, da corrupção, da traição, da vingança, da carnificina, do caos e de todo o tipo de pecado existente e reinante no mundo inteiro, bem como o príncipe das trevas e da morte (Ef 6:12). O diabo domina tudo o que é asqueroso, hediondo, mau, macabro e trágico. Ele é o príncipe da impiedade, da maldade e do mundanismo. Domina os demónios caídos, que estão ao seu serviço maligno, e também os pecadores que resistem deliberadamente a graça redentora do Senhor Jesus Cristo, vivendo deliberadamente na perversidade, na ofensa e no pecado. O diabo domina o mundo com o poder das trevas e da morte, tendo como finalidade última destruir a Humanidade inteira. 

O diabo domina este perverso e decadente mundo, juntamente com todos os demónios e filhos da perdição, que estão ao seu serviço maquiavélico para implementar o caos e a destruição, insistimos. Mas, atenção, importa ainda salientar que o diabo domina o mundo, contudo não domina o nosso Todo-Poderoso DEUS e a Sua soberania. Também não domina o Senhor Jesus Cristo, o Espírito Santo, a Santa Igreja de Cristo e, tão pouco, domina os eleitos filhos do nosso Eterno JEOVÁ. O Senhor Jesus Cristo venceu o diabo na Cruz do Calvário (Gn 3:15; Jo16:33), dando-nos igualmente o poder de vencê-lo na força do Espírito Santo e todos os seus demónios (Mc 16:17; Lc 10:19). 

Subscrevo na íntegra as sugestivas e inspiradas palavras de Hernandes Dias Lopes quando afirma que “Cristo venceu o mundo e o diabo (Jo 12.31), e Satanás não tem poder sobre ele. Não há nada em Jesus Cristo que o diabo possa controlar. Uma vez que estamos “em Cristo”, Satanás também não pode controlar nossa vida. Nem Satanás nem o mundo podem perturbar nosso coração”. 

Somos blindados por DEUS, através do Espírito Santo nas nossas vidas. O Espírito da verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece. Ele está connosco e habita nos nossos corações, razão pela qual O conhecemos (Jo 14: 17). Ele ensina-nos tudo e faz com que recordemos tudo o que o Senhor Jesus Cristo outrora instruiu aos seus discípulos (Jo 14:26). Convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo (Jo 16:8).  Guiar-nos-á sempre em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e nos anunciará o que há de vir (Jo 16:13). O Espírito Santo, em suma, é o penhor da nossa salvação em Cristo Jesus (Ef 1:14). Louvado seja DEUS! 

Não ficaremos desamparados no mundo e entregues à nossa sorte. O Senhor Jesus Cristo foi para a Sua excelsa glória, depois ter sido crucificado, morto e ressuscitado ao terceiro dia, apresentando-Se com provas irrefutáveis (Mt 28:1-10; Mc 16:1-10; Lc 24:1-12; Jo 20:1-10). Era importante que Ele fosse para o céu. Se não fosse assim, o Consolador não viria até nós (Jo 16:7), tal como aconteceu logo a seguir no dia de Pentecostes (At 2:20-21). Mas Ele foi para junto de DEUS Pai, enviando-nos assim o Espírito Santo para estar connosco e nos orientar na nossa caminhada Cristã neste pervertido, cruel e injusto mundo. 

O Senhor Jesus Cristo foi para o céu, mas não nos deixou órfãos no mundo. “Não vos hei de deixar órfãos pois voltarei para junto de vós”, prometeu o nosso Salvador Jesus Cristo (Jo14:18). E assim foi. A referida promessa foi cumprida com a poderosa descida e habitação do Espírito Santo nas nossas vidas nos dias de Pentecostes (At 2:1-4). Temos o amparo permanente de DEUS, através do Espírito Santo, que impossibilita completamente o diabo de ter qualquer tipo de domínio sobre a nossa vida ou, porventura, de ter a possibilidade de nos destruir. Da mesma sorte que o diabo não tem nenhum poder sobre o Senhor Jesus Cristo, assim também não tem qualquer tipo de poder sobre nós – que somos amados e eleitos filhos de DEUS para a salvação antes da fundação do mundo (Ef 1:4-5; 2 Tm 1:9-10; 1 Ts 1:4; 2 Ts 2:13; Jo 15:17; Rm 8:29-30). 

Por estarmos inteiramente revestidos da presença permanente do Espírito Santo em nós, e com a armadura de DEUS (Ef 6:1-18), não estamos sozinhos no mundo. Não estamos desprotegidos e abandonados. Não estamos solitários nem órfãos (Jo 14:18), antes pelo contrário, temos um Pai amoroso que cuida de nós em tudo o que realmente precisamos para o nosso crescimento e vitória final. 

Sabemos que, pela experiência prática da vida, ficar órfãos dos pais é estar completamente desprotegido e vulnerável em todas as dimensões da vida, susceptível de infindáveis arbitrariedades e injustiças perante os terceiros, especialmente de ser presa fácil dos adversários. Os pais visam zelar pelos interesses legítimos dos filhos e protegê-los de qualquer tipo de tentação, ameaças e perigos em que estes incorrem, sobretudo ataques do inimigo. A orfandade é uma das piores desgraças humanas, acarretando prejuízos incalculáveis, que poderá acontecer a qualquer um. A pessoa perde uma importante cadeia de apoio incondicional, amor filial, o cuidado, a provisão e a protecção dos pais. Não sem razão costuma-se dizer popularmente que “quem tem mãe tem tudo. Quem não tem mãe não tem nada” (leia-se os pais, bem entendido). 

Por conseguinte, esta dura realidade não vai acontecer connosco, tal como ficou provado biblicamente supra. Em circunstâncias nenhumas, ficaremos órfãos aqui no mundo. O Todo-Poderoso DEUS é o nosso Pai Celestial que está nos céus para cuidar dos nossos legítimos interesses (Mt 6:9-13). Temo-Lo connosco, bem como o Senhor Jesus Cristo, e o Santo Espírito nas nossas vidas para nos habilitar a viver na graça, no amor, na santificação, no perdão, na segurança, na alegria, na paz, na reconciliação e na promessa da vida eterna. Somos salvos do pecado e do diabo para vivermos definitivamente no amor, na luz e na paz gloriosa do Senhor Jesus Cristo. A nossa vida transborda esta Divina paz, não obstante estarmos cercados pelo mundo hostil em permanentes guerras e pelos inimigos ferozes que nos querem, a todo o custo, destruir. 

Mesmo assim, não somos atingidos por estas setas incendiárias, armadilhas do diabo e dos seus agentes no mundo. Estamos completamente protegidos pela mão poderosa de DEUS, levando-nos a encarnar a paz no nosso testemunho de vida, mormente para todos aqueles que nos rodeiam que, infelizmente, ainda não abraçaram a graça salvífica do Senhor Jesus Cristo. 

Somos chamados a viver na paz de DEUS, fomentá-la, promovê-la e anunciá-la intrepidamente pelo mundo perdido em constantes guerras. Esta maravilhosa paz somente o Senhor Jesus Cristo pode graciosamente conferir, mediante o Espírito Santo. O mundo, em circunstância alguma, pode oferecer a verdadeira paz. Só se oferece aquilo que realmente se tem. O mundo não dispõe da paz do SENHOR, porque a sua natureza é conflituosa, má e pecaminosa. 

Ora, quem é pecaminoso vive deliberadamente em escândalos, ofensas e guerras intermináveis com ela e com tudo à sua volta. Só tem estas abominações para oferecer. A paz do mundo é arbitrária nos seus propósitos e fins. É frágil e despida de consistência no curso do tempo. É ainda tendenciosa é precária. E, por fim, é uma paz parcial, putrefacta, violenta e maligna: uma autêntica adulteração da verdadeira paz, pois de paz não tem certamente nada. Mundo está inteiramente despido da paz e vive completamente alheio com a sua efectivação. 

Concordo na íntegra com as sábias e inspiradoras palavras de D. A. Carson, citado por Hernandes Dias Lopes no seu comentário expositivo do Evangelho segundo João: “o mundo não tem o poder de dar paz. Há tanto ódio, egoísmo, amargura, malícia, ansiedade e medo que toda tentativa na direção da paz é rapidamente submergida. A paz de Cristo é alegria inefável no meio da luta. E a presença sobrenatural na fornalha. É a proteção segura na cova dos leões. É a coragem inabalável no vale da morte. A paz de Cristo é a paz que defende nosso coração e nossa mente da invasão da ansiedade”. 

Mesmo que estejamos a viver todas estas vicissitudes, contradições e contrariedades nas nossas vidas, inclusive passar pelo “vale da sobra da morte” (Sl 23:4), continuaremos a ter holisticamente a paz do Espírito Santo de DEUS para nos proteger, apoiar, guiar, consolar, fortificar, edificar, abençoar e conduzir para as Bem-aventuranças Eternas (Mt 5:1-12). 

Cabe, por isso, a cada um nós, com carácter de urgência, disponibilizar-se em aceitar graciosamente esta maravilhosa e Divina paz do Senhor Jesus Cristo. Só assim, estaremos capacitados para viver plenamente na paz e, deste modo, integrar definitivamente o Reino eterno do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que assim seja. E assim sempre será pela fé no nosso Todo-Poderoso DEUS. 

A Astúcia da Mentira e a Inversão da Verdade

A mentira é algo perigosíssima e com extraordinária capacidade para infringir golpes duros e significativos à verdade. A mentira é mais habilidosa, em termos negativos e perversos, para subverter momentaneamente a percepção da verdade e daquilo que é realmente a verdade dos factos. A mentira, por ser completamente habilidosa, anda sempre com a manipulação, intriga, chantagem, desonestidade, falsidade, locupletação, traição e toda a sorte de malignidade. A mentira é do diabo e de todos aqueles que vivem deliberadamente no pecado. 

O que nós temos estado a assistir ao longo de todos estes anos da arbitrária invasão russa na Ucrânia não passa de uma astúcia da mentira que visa, em última instância, através da propaganda sorrateiramente enganosa, chamar o mal de bem e o bem de mal; de considerar o agressor de vítima e de vítima o agressor; de desresponsabilizar inteiramente a Rússia na macabra guerra que este iniciou e culpar unicamente a Ucrânia pela sua invasão. Esta tautológica e ardilosa narrativa tem recebido um amplo e favorável acolhimento na sociedade russa, em certas partes do mundo, na parcela dos países do Ocidente e também na nossa sociedade. Basta estarmos atentos e sintonizados com os media para rapidamente chegarmos esta lamentável conclusão. 

Esta infundada e mentirosa narrativa ganhou ainda proporções preocupantes desde que a actual administração americana tomou o poder nos EUA. A bitola seguida, até à exaustão, pelo novo inquilino da Casa Branca e a sua administração, proliferando sem pejo que o presidente ucraniano não quer a paz e que este só quer lutar a todo o custo, bem como considerando-o reiteradamente de ingrato, inclusive chamando-lhe pejorativamente de ditador. O mais absurdo e completamente injusto de toda esta narrativa foi tentar, de forma prepotente e despudorada, sem dó e humanismo, humilhar publicamente o presidente ucraniano na sexta-feira passada na sala oval dos EUA (LER) e suspender ontem a essencial ajuda militar americana à Ucrânia (LER)

Toda esta lamentável situação só vem reforçar esta mentirosa narrativa pró-Kremlin, confirmando assim a astúcia da mentira e como esta tenta sempre disseminar-se para encobrir a verdade. A pertinente questão que devemos todos colocar é a seguinte: por que razão a actual administração está a colocar toda a pressão e o ónus da paz unicamente na Ucrânia, ilibando a Rússia? Porque é que, segundo o presidente americano, o sanguinário presidente russo é confiável e o presidente ucraniano é um factor de obstáculo à paz? Quem violou o Direito Internacional com esta guerra: a Rússia ou a Ucrânia? Se a Rússia é um país agressor, por que razão ela tem de ser premiada com a anexação de todos os territórios que actualmente ocupa, de forma violenta e ilegal, na Ucrânia? Porventura, há mais países ou cidadãos por este mundo fora mais preocupados que haja realmente paz na Ucrânia do que propriamente o próprio bombardeado povo ucraniano? Que garantias de segurança a Ucrânia terá no futuro que não voltará a ser invadida pela Rússia, tal como tem acontecido ciclicamente nesta última década? 

As sinceras respostas destas pertinentes perguntas formuladas levam-nos a concluir indubitavelmente quem verdadeiramente está de boa-fé ou má-fé nesta fatídica história da invasão russa da Ucrânia. Sabemos que a mentira é ardilosa e convincente na mente de muitas pessoas que não estão minimamente comprometidas com a verdade. No entanto, por mais que possa camuflar por muito tempo, a mentira jamais se poderá sobrepor à verdade ou vencê-la. A verdade, no seu devido tempo, sempre triunfará sobre a mentira com todas as suas maldades, etc. 

Desde o primeiro dia que a Rússia invadiu a Ucrânia que estou solidariamente com a causa ucraniana. Estou a apoiar a Ucrânia contra o jugo opressor russo. Fi-lo por uma questão meramente de bom senso, de justiça social e de verdade. A dor da Ucrânia é também a nossa dor. É a dor de todos aqueles que procuram viver em paz, tranquilidade, democracia e solidariedade. É a dor, acima de tudo, da Humanidade (LER)

A PALAVRA DO SENHOR (40): Quem Tem Ouvidos Para Ouvir, Que Ouça


“Que o Senhor te escute no tempo da angústia;

que o próprio Deus de Jacob te proteja!

Que ele te envie socorro e auxílio

do seu santuário, no monte Sião.

Que ele se lembre de todas as tuas ofertas

e aceite os teus sacrifícios.

Que ele te conceda tudo o que desejas

e te ajude a realizar os teus planos.

Celebraremos então a tua vitória

e em nome do nosso Deus ergueremos bandeiras.

Que o Senhor satisfaça todos os teus pedidos. 


Sei agora que o Senhor dará a vitória ao seu ungido;

ele responde-lhe do seu santuário, no céu,

dando-lhe grandes vitórias com o seu poder.

Uns confiam nos seus carros de guerra

e outros contam com os seus cavalos;

nós, porém confiamos no Senhor, nosso Deus.

Eles tropeçam e caem,

nós, porém, estamos firmes e seguros. 


Senhor, dá a vitória ao rei;

responde-nos, quando te invocamos![1]


[1] (Ao Director do Coro. Salmo da Colecção de David, in Salmo 20:1-10, Versão, A Boa Nova Em Português Corrente, Lisboa, Sociedade Bíblica de Portugal, 2004).

A Prematura Morte do Meu Querido Tio Duarte Vieira

Nos últimos tempos, mais precisamente de há sete meses para cá, a minha família tem sido fustigada penosamente com situações dramáticas de perdas, sobretudo de pessoas cruciais e determinantes que, até então, eram baluartes da nossa família. Ainda recentemente, no mês de Julho do ano passado, perdemos o nosso querido tio Domingos Vieira – que era chefe da nossa família. Estamos, por enquanto, num processo de luto, a digerir esta importante e irremediável perda (LER). E novamente fomos surpreendidos no dia 25 de Janeiro com a morte prematura do nosso estimado tio Duarte Vieira, que carinhosamente era apelidado pelos familiares e amigos de “Duvi”. 

Em poucos meses, contra todas as previsões e expectativas, perdemos duas pessoas relevantes e imprescindíveis no seio da nossa família: o tio Domingos Vieira e agora o tio Duarte Vieira. Ambos eram os únicos patriarcas que nos restavam ainda na família, sendo irmãos mais novos do meu falecido pai Jorge Vieira. Infelizmente, com a morte dos dois, deixámos definitivamente de ter patriarcas na família, visto que da parte da minha saudosa e falecida mãe, Andjepo Có, já não tínhamos nenhum tio nem tia de vida. Todos, sem excepção, morreram. 

Da mesma sorte, por parte do meu pai Jorge Vieira, dos seis irmãos que tinha, isto é, quatro homens e duas mulheres, morrerem todos, restando apenas a nossa tia Fina Indi (LER). Os mesmos destinos funestos tiveram todos os meus avós – tanto do lado paterno como do lado materno. Por outras palavras, estamos órfãos no mundo e a orfandade tem sido o grande flagelo do nosso desassossego ao longo dos anos. 

A precoce e repentina morte do nosso tio Duarte Vieira (“Duvi”) só veio agravar, ainda mais, de forma drástica e considerável, a nossa condição de orfandade, retirando-nos a fortiori a figura do patriarca na família. Ou seja, por outras palavras, já não temos praticamente “garandis” e “firkidjas” na família – com todas as implicações que tais importantes ausências comportam do ponto de vista humano-social no seio da nossa família. Morreram todos, restando apenas a tia Fina Indi, para grande tristeza nossa. 

O tio Duarte Vieira era o filho caçula (“codé”) dos meus avós paternos. Foi sempre um homem responsável e de família. Desde muito cedo, assumiu proeminentes responsabilidades, principalmente com a morte do meu pai Jorge Vieira e da minha mãe Andjepo Có. Eu, inclusive, depois da morte da minha mãe Andjepo Có, em 1992, fiquei sob os seus cuidados no que toca ao meu sustento, juntamente com o meu irmão mais velho Ginésio Diabelito Vieira (“Ngunga”), durante alguns anos. 

Por isso, estou-lhe eternamente grato pela enorme bênção e cuidado que tem sido na minha vida e dos meus irmãos em geral. O tio Duarte Vieira serviu sempre a nossa família até ao fim da sua momentânea vida, seguindo neste aspecto o exemplo do meu pai Jorge Vieira e dos seus respectivos irmãos e irmãs. Aliás, a coexistência, a coesão, a unidade, a solidariedade e o espírito de entreajuda são os nobres princípios e valores sedimentados no seio da nossa família, fruto da orientação visionária do meu pai Jorge Vieira, que era o mais velho dos irmãos. 

Tanto que, por esta razão, esta unidade e vínculo umbilical teve reflexos bastantes positivos em toda a nossa família, fazendo com que nos relacionássemos todos como irmãos e família. Crescemos todos juntos e recebemos praticamente a mesma educação, uma vez que a nossa casa, as casas dos meus tios e da tia Fina Indi estão localizadas e delimitadas na mesma zona e circunscrição territorial em Bissau, concretamente em Bandim. Somos realmente uma família unida, forte e grande, graças a DEUS (LER)

Por força do destino, o nosso querido tio Duarte Vieira faleceu no passado dia 25 de Janeiro no Ceará, capital da Fortaleza, Brasil, vítima de doença prolongada. Estava neste país lusófono há cinco meses a fazer o tratamento médico, sob os cuidados do seu filho primogénito Crucires Duarte Vieira, depois de ter deixado a sua terra natal, Bissau, no dia16 de Agosto do ano passado. Não conseguiu resistir e sucumbiu à brutalidade da doença. Tinha 63 anos de idade. Era casado e pai de seis filhos, nomeadamente Astrides Vieira da Costa, Crucires Vieira, Heine Vieira, Euler Vieira, Tales Vieira, Elen, e avô de quatro netos. 

O nosso tio Duarte Vieira formou-se na área da Matemática pela Escola Normal Superior “Chico Té” e, posteriormente, também em Gestão Empresarial na Universidade Católica de Bissau, dando aulas na disciplina da Matemática e Estatística – primeiramente no liceu e depois como docente universitário na Universidade Colinas de Boé, em Bissau. Serviu como funcionário público em Bissau por aproximadamente quatro décadas, lecionando sempre Matemática em várias escolas e também na universidade mencionada, formando milhares de homens e mulheres ao longo de todo o seu percurso de vida. 

O corpo do nosso querido tio Duarte Vieira foi transladado para Bissau e foi sepultado esta tarde no cemitério de Antula, em Bissau, seguindo assim o mesmo destino dos seus antepassados, mais concretamente dos meus avós paternos e do meu pai Jorge Vieira, bem como todos os seus respectivos irmãos e irmãs já falecidos. Até sempre, querido tio Duarte Vieira (“Duvi”). 

Mais Um Ano de Vida

Começo sempre o Ano Novo civil a fazer anos. Celebro hoje 41 anos de idade, graças a DEUS. Mais um ano para comemorar o dom inefável da vida. Mais um ano de júbilo e de festa. Mais um ano de profunda gratidão ao meu Eterno DEUS pela vida, saúde e protecção que ELE graciosamente tem-me concedido ao longo dos tempos, tendo fé que tal estender-se-á ainda por longos e bons anos. 

Estes 41 anos são coroados de autênticos altos e baixos a todos os níveis, encerrando paradoxalmente prós e contras. Mesmo assim, são anos de bastante assimilação, amadurecimento, crescimento, reconciliação, amor, paz e de felicidade. São anos vividos intensamente com bastante fé, amor, paz, gratidão, entusiasmo e esperança em DEUS. Aquilo que sou hoje é resultado dessas simbioses de experiências gratificantes. Experiências profundamente marcantes e que moldaram positivamente o meu substrato identitário e mundividência, habilitando-me simultaneamente a reconhecer a precariedade da vida, a sua fugacidade e finitude. Estou tranquilamente em paz com DEUS, comigo e procuro, na medida do possível, no que depender de mim, estar também em paz com o próximo à minha volta. 

Sinto cada vez mais o peso da idade. Sinto que estou, de forma galopante, a ficar mais velho. Sinto, acima de tudo, a paixão contagiante da vida a entrelaçar-me diariamente. Que esta paulatina odisseia à velhice me habilite a ter plenamente a consciência dos meus defeitos e virtudes, depurando aqueles e aperfeiçoando estes. Por outras palavras, ter a capacidade suficiente de corrigir as minhas imperfeições e consolidar as minhas qualidades. 

Espero que, em circunstância alguma, se aparte de mim o temor de DEUS no meu coração e aplicabilidade da Sua Santa Palavra no meu testemunho quotidiano de vida. Espero, da mesma sorte, que nunca se aparte de mim a sabedoria, a humildade, a gratidão, a autenticidade, o discernimento, a liberdade, a autonomia, a frontalidade e o bom-senso, sobretudo de nunca me folgar com as injustiças ou reduzir-me em desvelos alimentados por uma mercenária ânsia de legitimação secular. Longe de mim toda a sorte de rancor, cólera, torpeza, soberba, complexos, bajulação, superficialidades, hipocrisia, ingratidão, vingança, malignidade e vaidade do mundo. 

Espero continuar a ser uma pessoa estavelmente bem-disposta, alegre no Espírito Santo, em todo e qualquer momento, satisfeito com aquilo que honestamente tenho e com muita fé no Senhor Jesus Cristo, o meu único e Eterno Salvador. Espero continuar a ter a predisposição mental para fazer boas amizades, ser amante da música, de comida, dos livros, da escrita, da intelectualidade e de um bom debate de ideias, sem descurar nunca a prática do bem e sempre o bem fazer. Que continue a falar alto e efusivamente, a cultivar mais a virtude do amor, do perdão, da tolerância, da misericórdia, da empatia e da simplicidade na maneira de estar e encarar os elevados desafios da vida, especialmente que a promessa bíblica do Salmo 91:1-16 seja manifestamente uma realidade vivo-concreta na minha vida. Espero, por fim, continuar a espalhar por toda a parte o bom perfume do conhecimento de Cristo para as pessoas que precisam encarecidamente da Sua graça redentora. 

Fechou-se, ontem, felizmente, um ciclo de vida e abre-se um novo a partir de hoje com elevadas expectativas no horizonte por concretizar. Até aqui me ajudou o SENHOR JEOVÁ. A ELE, através do Senhor Jesus Cristo, seja dado todo o Poder, a Honra, a Glória pelos séculos dos séculos. Que assim seja. E assim sempre será no nome Bendito do Senhor Jesus Cristo.

O Ministério Pastoral e a Família do Pastor: Da Interdependência à Indissociabilidade

A chamada Divina para o ministério pastoral é um dos mais nobres, relevantes, importantes e poderosos exercícios espirituais que um filho de DEUS possa almejar nesta momentânea vida. É um acto unilateral e manifestamente altruísta em prol da Causa do Evangelho. É renunciar, de forma deliberada e consciente, à carreira profissional, ao sucesso material e aos negócios seculares desta vida para servir fielmente de pastor para o precioso rebanho do Senhor Jesus Cristo. É assemelhar-se, em última instância, ao outrora papel abnegado do Filho de DEUS durante a Sua humilde encarnação neste hostil mundo como o Sumo Pastor das ovelhas. 

O ministério pastoral é benéfico a todos os níveis, profícuo no seu alcance objectivo e bastante rico em termos espirituais para quem o deseja de forma genuína. Se alguém deseja o episcopado, diz peremptoriamente a Palavra do SENHOR, excelente obra deseja (1 Tm 3:1). A pessoa em questão, deseja dedicar exclusivamente a sua vida para servir na Obra de DEUS e ser o mentor das ovelhas de Cristo. Deseja ser instrumento de bênçãos nas mãos do Todo-Poderoso DEUS para proclamar ousadamente o Evangelho da salvação para o mundo perdido e, em consequências disso, ganhar muitas almas, através da acção do Espírito Santo, para os céus. Não há exercício maior e melhor no mundo do que este. Não há profissão e ganhos mundanais ou glórias desta vida que se possam equiparar ao sublime ministério pastoral. Nada mesmo. Literalmente nada. O ministério pastoral excede, em larga medida, as polutas aspirações dos homens e todas as vaidades do mundo. 

Por isso, o ministério pastoral é excelente em todos os seus propósitos e fins. É excelente para o eleito pastor e, sobretudo, para a maravilhosa obra que este realizará em nome Bendito do Senhor Jesus Cristo. Além deste assente e magnífico privilégio humano-espiritual, que o ministério pastoral comporta e encerra no seu substrato, a verdade também é que ser autenticamente pastor não é “pêra-doce” ou incólume aos problemas, especialmente nos nossos conturbados, anárquicos, violentos, promíscuos, descrentes, corruptos, heréticos e pecaminosos dias pós-modernos. Não é uma tarefa consensual ou facílima, tal como aparenta aos olhos de muitas pessoas e do mundo em particular.  O ministério pastoral é extremamente exigente, complicado na sua concretização prática e amiúde difícil. Envolve sempre a priori o chamado Divino, a renúncia, a sabedoria, o discernimento, a moderação, a tolerância, a paciência, o sofrimento, o amor, o perdão e a entrega incondicional à Obra de DEUS. 

O pastor deve estar, acima de tudo, inteiramente apto e predisposto para arcar com todas as consequências inerentes ao ministério pastoral – tanto nos aspectos positivos como nos aspectos negativos. O eleito pastor deve ter uma ampla capacidade de suportar as privações da madrasta vida, as injustiças provocadas pelos terceiros, as adversidades da função pastoral, as maldades dos falsos Cristãos, a rejeição do mundo e o sofrimento em geral. As pressões, as incompreensões, as provocações, as calúnias, as difamações, as conspirações, as perseguições e as injustiças – provenientes de dentro e fora da Igreja – fazem parte do cardápio e dinâmica da vida pastoral. E o pastor deve estar completamente ciente de todas estas contradições no seu percurso pastoral e saber lidar com elas com espírito de mansidão, bem como ter a capacidade suficiente e a sabedoria Divina para responder positivamente a todos estes conhecidos desafios espirituais à luz das Escrituras Sagradas. 

A génesis de todos estes premeditados e vis ataques contra a figura do pastor vem do diabo, dos seus demónios e filhos da perdição, que estão ao seu serviço no mundo para confundir os fiéis Cristãos e separá-los de DEUS. É o diabo que tenta, a todo o custo, atacar o pastor, denegrindo-lhe a imagem, a reputação e o bom nome para, desta forma, fragilizá-lo e consequentemente dividir a Igreja. Só que usa os ímpios e os Cristãos ingénuos para atingir este maléfico desiderato. O pastor deve estar plenamente consciente e preparado para enfrentar esta dura realidade espiritual no seu percurso de vida, com as armaduras de DEUS (Ef 6:10-18). Só assim será realmente um obreiro aprovado por DEUS e inteiramente habilitado para toda a Boa Obra. 

É evidente que o ministério pastoral é abrangente em todas as suas dimensões e propósitos. Ele é abrangente do ponto de vista objectivo e do ponto de vista subjectivo. Naquele é abrangente na sua concretização prática e finalidade salvífica das ovelhas. Neste é abrangente no que toca ao círculo pessoal, familiar e relacional do pastor, isto é, se este for casado e posteriormente tiver filhos menores ou alguém sob os seus cuidados, contando que a parentela esteja na sua casa e sob a sua inteira dependência. Daí que, sem quaisquer tipos de hesitações prévias ou equívocos doutrinários, não se pode dissociar o ministério pastoral da família do pastor (se for casado, bem entendido. Isto porque uma pessoa pode ser pastor e não ser casado e, muito menos, ter filhos. Logo, neste caso, não se lhe aplica a responsabilidade e responsabilização da sua família no ministério pastoral, uma vez que não dispõe nem de esposa nem de filhos). 

O ministério pastoral está intrinsecamente ligado à família do pastor e vice-versa. As duas realidades estão simultaneamente interligadas e são indissociáveis uma da outra. O pastor, em circunstância alguma, deve isolar a sua família no seu ministério eclesiástico. Da mesma sorte, a família do pastor não deve ficar alheio ou indiferente ao ministério do pastor. As duas realidades estão concomitantemente interligadas e indissociáveis uma da outra. A bitola de Josué de “eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24:15) deve reger e fazer parte constante do ministério pastoral e da vida familiar do pastor. 

No entanto, por vicissitudes várias e supervenientes, tem havido um esforço indisfarçável e desmesurado, nas últimas décadas, por parte de alguns teólogos e pastores, para autonomizar o ministério pastoral da família do pastor, reduzindo-o estritamente à figura do “pastor contratado” à moda secular, através de um esgrimido argumento tautológico, falacioso e despido de qualquer tipo de suporte bíblico. Esta tese ardilosa, aparentemente consistente, para ludibriar os menos atentos na fé, visa sobretudo profissionalizar o ministério pastoral e dissolvê-lo numa libertária secularização, desresponsabilizando assim, no seu todo, a família do pastor no ofício eclesiástico. Não tem qualquer tipo de fundamento bíblico nem acolhimento romper este cordão umbilical do ministério pastoral com a família do pastor, antes pelo contrário as duas realidades estão manifestamente interligadas e são imprescindíveis no sucesso ministerial do pastor. 

A título exemplificativo, para testar esta nossa afirmação, se a família do pastor não está enquadrada na ortodoxia bíblica e desviada dela, obviamente que isto terá repercussões extremamente negativas dentro da Igreja e será um factor perturbador e determinante na desqualificação do pastor para o ministério pastoral, independentemente do seu bom carácter, da sua honorabilidade e da integridade espiritual.  O pastor deve, tal como formula inspiradamente a Palavra de DEUS, “ser um bom chefe da sua própria família e saber educar os filhos no respeito, com toda a dignidade. Pois se alguém não é capaz de ser um bom chefe da sua própria família como pode assumir responsabilidades na igreja de Deus?” (1Tm 3:4-5). É claro que não tem condições objectivas para assumir o ministério pastoral ou continuar a exercê-lo com dignidade – por não ter a autoridade espiritual requerida para exortar os irmãos na fé, mormente no que toca à ética familiar e o papel dos maridos, esposas e os filhos na Igreja. 

A teologia subjacente no ofício pastoral é a de a família pastoral ser unidamente um exemplo na Igreja e coadjuvante do pastor na prossecução do ministério eclesiástico. A esposa do pastor, os seus filhos e todas as pessoas que estão sob a sua alçada são partes essenciais no sucesso ou insucesso do ministério do pastor. Tanto que, por esta razão, as próprias Escrituras Sagradas vão dando algumas directrizes sobre a postura irrepreensível que deve caracterizar a família pastoral. A começar, desde logo, com a mulher do pastor. Esta deve apresentar-se com dignidade, modéstia, sem grandes penteados, nem ouro, nem jóias nem vestidos luxuosos, mas sim como convém à mulher que se preocupa principalmente em agradar a DEUS pelas boas obras (1 Tm 2:9-10), evitando máxime o pecado do materialismo, da ostentação, da bisbilhotice, da murmuração, da sensualidade e sumptuosidade. 

Da mesma forma, espera-se um comportamento decente e congruente dos filhos do pastor com os impolutos Princípios e Valores Cristãos, pois fazem parte essencial do ministério pastoral. A família pastoral deve ser modelo para todas as famílias da Igreja – tanto na espiritualidade, na oração, no serviço aos santos, na comunhão, na hospitalidade, na solidariedade, na visitação e na Evangelização e Missões. A mulher do pastor deve ser particularmente exemplo para toda a comunidade, assim como os filhos, com vista a “aliviarem” o ministério do pastor, colaborando de forma edificada no ofício pastoral, livrando assim o pastor de “não se tornar motivo de difamação nem cair na armadilha preparada pelo diabo (1 Tm 3:1-9). 

A família do pastor faz parte integrante do ministério pastoral e deve estar com o pastor na “linha da frente” no exercício eclesiástico. Deve estar preparado para acolher com amor todos os irmãos da igreja, especialmente os irmãos que carecem mais de acompanhamento e orientação, através do ministério de aconselhamento, de hospitalidade e de visitação. Nestes ministérios, é imprescindível a colaboração da mulher do pastor para a sua eficaz concretização. É decisiva a sua predisposição neste sentido para que o pastor seja realmente bem-sucedido em tais importantes ministérios. A mulher do pastor é a “terceira visão”, o “quarto ouvido” e o “sexto sentido” do pastor dentro da igreja. Olha aquilo que o pastor muitas vezes não vê ou negligencie. Escuta mais do que aquilo que o pastor escuta e consegue ter mais a noção real da vida da Igreja do que propriamente o pastor. 

A mulher do pastor leva um lado feminino para o ministério pastoral e ajuda a aplacar muitos ímpetos negativos na congregação e revoltas evitáveis contra a autoridade da igreja, catapultando com o seu gesto de simplicidade o apaziguamento, a harmonia e o despertamento para o serviço.  Se a mulher do pastor for sensível e aberta consegue seguramente inspirar mais confiança de muitos irmãos na igreja, penetrando eficazmente em determinados ângulos ministeriais a que o pastor jamais conseguiria chegar. Consegue atenuar várias tensões e problemas desnecessários entre os irmãos e estes com o pastor e vice-versa.  Ela é o maior activo e o escudo protector do pastor contra os mal-entendidos, as desavenças e revoltas que, de vez em quando, surgem nas igrejas. Daí que ela não pode ser relegada, secundarizada ou desvalorizada no ministério pastoral, até porque se for uma pessoa desleixada e fechada em termos espirituais vai certamente fechar muitas portas de oportunidades no ministério do pastor. 

Se a mulher do pastor e os seus filhos não participam nas actividades regulares da Igreja ou não têm uma conduta Cristã decente, que autoridade espiritual o pastor terá para exortar os outros irmãos na fé a terem uma vida diligente, devotada e santificada? Obviamente que perde toda a legitimidade e autoridade espiritual requerida na Palavra de DEUS para fazer tais chamadas de atenções, tendo em conta o mau exemplo que tem na sua própria casa e que não consegue resolver. E não há dúvida que esta “convulsão familiar” será muito bem aproveitada pelo diabo para difamar o pastor, levando-lhe, em casos mais extremos, a cair na armadilha preparada astutamente por ele, tal como ficou há bocado demonstrado pelo texto sagrado citado. 

Faz sentido que a mulher do pastor não exerça os dons espirituais na Igreja local em que o seu marido pastoreia? Ou que não esteja regularmente nos cultos dominicais, reuniões de oração e de senhoras ou vigílias? É plausível que a mulher do pastor esteja a congregar numa igreja diferente da igreja que o seu marido pastoreia? É congruente com a Palavra de DEUS que ela não acompanhe o seu marido nas actividades eclesiásticas e tenha uma conduta de vida censurável? Os filhos e parentes dependentes do pastor podem ter qualquer tipo de conduta? Estes podem dar ao luxo de ter uma orientação flagrantemente incompatível com a vida sacrossanta, nomeadamente envolvidos na promiscuidade sexual, alcoolismo, vícios de droga ou mundanismo? Obviamente que as respostas para todas estas pertinentes questões são manifestamente negativas, por razões várias que dispensam explicações. 

A família do pastor não pode, sob pena de desestabilizar e afectar drasticamente o mistério do pastor, não colaborar com o pastor no ministério pastoral e ter condutas desviantes à luz da Palavra de DEUS. Espera-se da família do pastor que seja modelo de espiritualidade para toda a Igreja. E isto envolve, desde logo, o próprio pastor, a sua esposa, os filhos e todos os dependentes a seu cargo. São estas mesmas pessoas que assistirão o pastor nos momentos mais difíceis, desanimadores e desafiantes do ministério, dando-lhe apoio incansável e forças suficientes para continuar firmemente a “combater o bom combate da fé”. 

A mulher do pastor e os filhos devem ser modelos dentro da Igreja e fora dela, insistimos. Devem estar com o pastor na “linha da frente” no exercício pastoral, com vista a estimular os outros irmãos da Igreja a seguirem o mesmo consagrado testemunho de fé. Vai, se assim não for, seguramente, afectar negativamente a autoridade do pastor dentro da congregação e obstaculizar o seu ministério. A família do pastor é o “espelho” da Igreja e modelo de referencial para todos os fiéis. Deve dar o exemplo no testemunho, na consagração, na dedicação, na hospitalidade e no amor ao serviço do Reino de DEUS. 

É claro que a família do pastor não é perfeita e nem se pode esperar dela a perfeição. Não é disto que estamos a falar nem tencionamos passar tal ideia nesta nossa humilde crónica. Também não somos da opinião de exigir muito mais do que aquilo que se pode exigir do pastor e da sua família. O máximo que se pode exigir do pastor e da sua família é o mínimo do ponto de vista espiritual: ser unida, dar testemunho fiel da Palavra de DEUS, comprometida com a Igreja do Senhor Jesus Cristo e exemplo de serviço para os santos. 

É verdade que há, cada vez mais, uma exigência anormal e maldosa dos crentes para com a família do pastor. Também há, cada vez mais, um conluio deliberado e maléfico por parte de irmãos que se deixam instrumentalizar pelo diabo para desestabilizar a família do pastor. É verdade que as congregações esperam muito mais do que aquilo que o pastor e a sua família podem oferecer às Igrejas. É ainda verdade que há uma pressão brutal sobre a família pastoral, levando-lhe, em determinados casos, a perder o ânimo e o fervor missionário. E, por fim, é verdade ainda que muitos pastores e as suas famílias têm sido reiteradamente enxovalhadas, humilhadas, vilipendiadas e perseguidas nas suas congregações – e com todas as repercussões negativas que isto comporta no equilíbrio espiritual das mesmas, principalmente na vida dos filhos. Estamos plenamente conscientes de toda esta triste e vergonhosa realidade. É um comportamento repugnante e atentatório aos elevados Princípios e Valores consagrados na Palavra de DEUS e ao amor Cristão que devem nortear os crentes. 

O pastor é um ser humano como qualquer outro crente no Senhor Jesus Cristo: tem inclinações, desejos, vulnerabilidades, falhas e limitações. O pastor é um pecador regenerado à semelhante dos demais eleitos filhos de DEUS. Esta verdade soteriológica também se aplica na íntegra à família do pastor. A única diferença é que o pastor foi separado para conduzir o povo de DEUS. Não se pode exigir perfeição de quem não é perfeito. Não se pode exigir infalibilidade de quem é falível. Não se pode exigir uma coisa que a pessoa não tem. Todavia, não se pode confundir as duas realidades ou misturá-las no mesmo saco. Uma coisa é a pressão desmedida e exigência exagerada que muitas igrejas fazem à família pastoral ou esperam dela. Outra coisa, e bem diferente, é desresponsabilizar completamente a família do pastor no ministério eclesiástico. 

O Pastor e a sua família devem estar preparados para vivenciar coisas boas do ministério, assim como as coisas menos boas dentro das congregações. Não é com queixumes e lamúrias que se vai aplacar as reiteradas investidas diabólicas e pressões no ministério. Julgamos que os pastores que passam mais a vida a lamentar da sua sorte ministerial, das duas uma: ou desconhecem as implicações teológicas de ser pastor, ou não receberam um autêntico chamado Divino para serem pastores. Um pastor de verdade não está constantemente a lamentar a sua sorte e está habilitado a sofrer até ao fim na Obra de DEUS, pelo amor do Senhor Jesus Cristo, tal como os heróis da fé e santos homens e mulheres de DEUS fizeram ao longo da história do Cristianismo. 

E mais, estamos em crer que os pastores que passam a vida a lamentar no ministério ou a fazerem alarido daquilo que estão a vivenciar não são, de todo, os que mais sofrem ou estão a sofrer. E são tais pastores que não cansam de procurar igrejas mais “favorecidas” ou “afortunadas” para acomodarem as suas expectativas humanas, nomeadamente a estabilidade financeira, a locupletação e o conforto da vida material. Estes, seguramente, não são verdadeiros pastores, mas sim assalariados, visando apenas os seus egocêntricos interesses e não do Senhor Jesus Cristo. E há muitos assim no nosso meio Evangélico-protestante, para grande tristeza nossa, infelizmente... 

Não se vislumbra qualquer tipo de sucesso ministerial do pastor onde a sua família não está devidamente incluída e integrada. A família do pastor é alicerce crucial e retaguarda indispensável para o bom ofício do pastor. Ela tem um papel de coadjuvação no ministério bastante importante e relevante. E deve contribuir para acompanhar, apoiar, orar, encorajar o pastor, principalmente, nos momentos mais sombrios, complicados e de desânimo. Se a família do pastor não colaborar com ele no ministério decerto que este não terá um frutuoso e bem-sucedido ministério. Fica vulnerável, circunscrito na sua acção, refém de tais fragilidades e condicionado do ponto de vista espiritual, ficando assim significativamente limitado na sua autoridade espiritual, sendo depois motivo de escândalo para a Igreja. 

A premeditada tentativa de desresponsabilizar a família do pastor nos ministérios da Igreja, nos círculos evangélicos tradicionais como nos círculos pentecostais, colide frontalmente com os pressupostos axiológicos da Doutrina Bíblica e resvala num profissionalismo secular subjectivista. Ela visa unicamente incorporar e legitimar biblicamente parte das pretensões teológicas dos movimentos progressistas dentro do Cristianismo que, a todo o custo, reclamam uma interpretação actualista das Escrituras Sagradas, absorvendo o mundanismo para dentro da Igreja. 

Os princípios que estão na génesis da instauração do ministério pastoral são todos de conjugação, agregação e de sinergias. A Igreja alberga no seu corpo várias e diversificadas pessoas, tendo o Senhor Jesus Cristo como a sua cabeça (Cl 1:18; Ef 5:23). O pastor é chamado a conduzir o rebanho do Senhor Jesus Cristo e estes, por sua vez, são chamados a viver unidos e em completa harmonia e comunhão, cooperando uns com os outros na prossecução, expansão e avanço do Evangelho para que o mundo creia que Jesus Cristo é o Senhor (Jo 17:21). Não há nada que, do ponto de vista da eclesiologia, estimula ou apela para o individualismo (vede, por todos os exemplos bíblicos, os dons espirituais e as suas finalidades em 1 Co 12:1-31 e Rm 12:4-8, respectivamente). 

A Igreja é a conjugação das partes para o mesmo fim: a edificação dos santos e glória do Senhor Jesus Cristo (Ef 4:12-13; 1 Co 12:7). O ministério pastoral, igualmente, é trabalho de equipa, não obstante ter o pastor como o líder principal da igreja local. E em todas estas colaborações e diversificações, a família pastoral é peça central e “guia” da Igreja. Logo, ela é parte integrante do ministério e a membrasia deve contar com ela na Obra e poder responsabilizá-la, e ao pastor, em casos de desvios comportamentais flagrantes. 

Nunca se pode equiparar o ministério pastoral com o regime de prestação de serviço secular, tal como muitos teólogos e pastores se têm, de forma explícita, desdobrado a fazer. O ministério pastoral é uma vocação e não tem nenhum paralelismo com o do assalariado. E o pastor e a sua família têm impreterivelmente de estar vocacionados para trabalharem juntos na igreja local que escolheram pastorear. Isto não quer dizer literalmente que a esposa do pastor, os seus filhos e paraninfos têm necessariamente de trabalhar a tempo integral ou serem obrigados a exercer funções proeminentes na Igreja. Nada disso. Podem optar por trabalhar a tempo inteiro, isto é, se a Igreja assim o entender, bem como podem não ocupar nenhum cargo na Igreja em que estejam congregados. No entanto, de modo algum, podem prescindir do compromisso com a Igreja, a vida santificada, o exemplo de vida Cristã e a predisposição para servir como qualquer outro membro da Igreja. 

A família do pastor tem toda a liberdade e deve ser encarada como qualquer outra família na congregação, sem prejuízo naturalmente de não descurar o seu papel acrescido na representação das famílias da Igreja. Não pode relaxar e deve pautar a sua conduta como uma verdadeira família pastoral. A mulher do pastor deve ser modelo refletivo para todos os membros da comunidade e das mulheres da Igreja em especial. Os filhos do pastor, da mesma sorte, devem ser motivo de orgulho e satisfação pelo pastor. Conjugando devidamente todas estas realidades e absorvendo-as, há mais manobras para o pastor exercer pacificamente, com maior autoridade e tranquilidade, o seu ministério eclesiástico, reduzindo consideravelmente muitas investidas do inimigo e do diabo em especial. 

Por isso, não compreendo minimamente os defensores da dissociação do ministério pastoral com a família pastoral. Esta pretensão não acautela a maior protecção que o pastor dispõe no ministério: a sua família. A família do pastor é, falando humanamente, retaguarda e reduto do pastor nos momentos decisivos do ministério. É na sua família que o pastor encontra carinho, incentivo, estímulo para continuar a prosseguir com o ministério. Retirar ao pastor esta peça fundamental no seu compromisso com a igreja é retirar-lhe a retaguarda em tempos de adversidades e um autêntico paradoxo em termos bíblicos. Não há nenhum ganho espiritual em excluir a família pastoral do ministério do pastor, antes pelo contrário potencia mais riscos, escândalos, prejuízos para ele e o seu ministério em geral. 

Em suma, o ofício pastoral e a família do pastor estão manifestamente interligados, interdependentes e indissociáveis nos ministérios da Igreja, independentemente das várias formulações teológicas que tentam defender o contrário. O serviço pastoral, em última instância, envolve também a casa do pastor e é neste prisma que ele deve ser concebido, entendido e aplicado. Que assim seja. E assim sempre será para glória do Senhor Jesus Cristo. Amém. 

O Amor Seja Sem Hipocrisia

O amor é uma das virtudes mais ricas, edificantes e importantíssimas que há do ponto de vista Cristão e no ser humano em geral. Não há nenhum atributo, merecimento, benfeitoria ou dom que se lhe possa comparar ou igualar. Ele transcende, em larga medida, as polutas aspirações do ser humano e todos os bens mundanais. O amor, nas suas várias configurações antropológicas, é mais relevante do que a fé e a esperança (LER). Destas três grandes virtudes Cristãs, que imprescindivelmente devem fazer parte do cardápio espiritual dos filhos de DEUS, o amor é a maior e a mais importante delas (1Co 13:13). 

Tanto o primeiro grande mandamento como o segundo, contidos nas Escrituras Sagradas, que são indissociáveis um do outro e indispensáveis para se entrar no Reino de DEUS, têm a ver com o amor a DEUS e o amor ao próximo.  Destes dois mandamentos, exortava peremptoriamente o Senhor Jesus Cristo, dependem toda a lei e os profetas (Mt 23:36-40). Só há valoração e completa valorização espiritual quando tudo é feito altruisticamente com base na sublime lei do amor, isto é, amor a DEUS e amor ao próximo. O cumprimento pleno e efectivo da Lei de DEUS se resume unicamente no amor. 

O amor é o oxigênio interminável das almas piedosas, habituando-as a saberem relacionar-se com quaisquer tipos de pessoas e situações de forma determinada, devotada, humilde e abnegada. É fonte inesgotável da bondade e do perdão, que brota dos corações puros, projectando-se positivamente na vida de terceiros. O amor ama na felicidade e, ao mesmo tempo, ama na dor e no sofrimento. O amor consegue sempre tudo e é capaz de fazer tudo em prol da unidade, harmonia, paz, reconciliação e felicidade. É, justamente, por tudo isto, escrevia o Apóstolo Paulo, que “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”, pois “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13:4-7). 

Viver o amor é encarnar diariamente, de forma deliberada e holística, a premissa da verdade, da paz, do perdão, da reconciliação, da humildade, da moderação, da empatia, da bondade e da abnegação. O amor é o único caminho para chegarmos verdadeiramente a DEUS e relacionarmo-nos saudavelmente com ELE como seus filhos amados. O amor é, em última instância, a personificação do próprio Todo-Poderoso Jeová. DEUS é amor; e quem está em amor está em DEUS, e DEUS nele (1 Jo 4:16). 

Quem não vive o amor no seu dia-a-dia jamais poderá ter qualquer tipo de intimidade ou relacionamento com o nosso Todo-Poderoso DEUS, sobretudo aquele que odeia o seu irmão. E se disser o contrário, é um autêntico mentiroso. Isto porque, admoestava sabiamente o autor sagrado, “se alguém diz que ama a Deus mas tem ódio ao seu irmão é um mentiroso. Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê!” (1 Jo 4:20). E, por fim, concluiu de forma exortativa: “o mandamento que Jesus nos deixou é este: aquele que ama a Deus deve também amar o seu irmão” (1 Jo 4:21). 

Só quem realmente não tem o amor no seu coração consegue abominar o seu próximo ao ponto de criar as oportunidades maléficas para prejudicá-lo e fazer-lhe mal, porque “o que ama o seu próximo não lhe faz nenhum mal. Pois o amor é o cumprimento total da lei. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13:10). O amor é a manifestação visível e real de tudo o que é mais puro e sincero no ser humano. É o maior dom espiritual que há, razão pela qual quem anda genuinamente no amor nunca cansa e nem se cansa. 

No entanto, há um risco bastante acrescido e real do amor ser beliscado, camuflado e adulterado, tendo em conta as realidades conjunturais e vicissitudes supervenientes. Há ainda o risco maior do amor ser parcelado, negligenciado e protelado por causa da insensibilidade humana e oportunismo egocêntrico. Há, acima de tudo, infelizmente, o risco do amor ser subvertido, repulsado, restringido, rejeitado e completamente bloqueado nas mentes empedernidas. Estes perniciosos riscos enumerados, consubstanciam autênticos inimigos directos do amor e venenos mortais para acabar definitivamente com o amor no coração do ser humano. 

É, justamente, por tais lamentáveis situações, que vemos pessoas a usarem e abusarem dos outros, sem dó nem piedade, como objectos de prazer, para satisfazerem os seus insaciáveis caprichos carnais. É por tais situações que, para grande tristeza nossa, estamos submergidos numa sociedade de aproveitamento, de manipulação e de violência física e verbal contra o próximo. É por tais situações que, cada vez mais, proliferam no mundo o divisionismo, o adultério, o divórcio, a corrupção, a ofensa, o abuso, a violação, a brutalidade, a guerra, a carnificina, o homicídio e toda a sorte de malignidade contra DEUS e o próximo em geral. A inevitável consequência objectiva de subtrair deliberadamente o amor de DEUS, na convivência humano-social, é atrair todas as desgraças deste mundo e uma rampa deslizante para a perdição eterna. 

Por isso, o amor de DEUS tem de fazer parte do substrato identitário do ser humano para, desta forma, convertê-lo e humanizá-lo, habilitando-lhe assim para a prática de toda a boa obra que se funda em DEUS (1 Tm 3:17) – a razão primeira e última do amor. Quem ama verdadeiramente a DEUS, e tem-No no seu coração, jamais cometerá as hediondas e detestáveis práticas acima descritas para prejudicar o seu próximo. A sua conduta, antes pelo contrário, será sempre pautada para o bem e sempre o bem-fazer. 

Vivamos, em suma, de forma genuína, a virtude do amor no nosso coração e mente durante toda a nossa momentânea peregrinação neste mundo maligno. Rejeitamos resolutamente viver um amor superficial e de hipocrisia, despidos de qualquer tipo de valor espiritual, uma vez que esta repreensível conduta não se coaduna com os elevados Princípios e Valores Cristãos. Ela é manifestamente contrária com tudo aquilo que se espera de nós, como seres humanos, criados à imagem e semelhança de DEUS. Vivamos, sim, na Lei do Amor, porque só o amor nos libertará da condenação presente e também da vindoura. Que assim seja. E assim sempre será no nome Bendito do Senhor Jesus Cristo. 

A Importância Cimeira do Amor nas Nossas Vidas


Estive, no passado dia 27 de Outubro, a pregar na minha Igreja. O tema que foi objecto da minha meditação com a congregação foi “A Importância Cimeira do Amor nas Nossas Vidas”, baseado na conhecida passagem bíblica de 1 Coríntios 13:1-13. 

A sublime figura de estilo usada pelo Apóstolo Paulo para definir o amor no texto sagrado em apreço não se encontra paralelismo em lado algum da história da humanidade, bem como em nenhum outro pensador clássico, medieval, moderno ou pós-moderno. Também não se encontra paralelismo nas argutas formulações poéticas de Ovídio, o grande “mestre de amor”, e nem nas heróicas obras literárias de William Shakespeare, estendendo-se igualmente as pomposas e proliferadas canções românticas de artistas contemporâneas dos nossos dias (LER)

É um amor plenamente holístico e sacrificial em todas as suas dimensões humano-espirituais. Transcende, em larga medida, o mero altruísmo pessoal. Não envolve contrapartidas. Colide completamente com as injustiças, as inverdades, o egoísmo, a jactância, o moralismo hipócrita, o falso saber e a espiritualidade de fachada. Não é passível de arbitrariedades ou mudanças circunstanciais. Ele é constante, incondicional e sempiterno. É mais precioso do que todos os bens mundanais, os dons espirituais e a própria vida. É um amor que, sendo encarnado pelos Homens com índole de “boa vontade”, procura compreender mais do que ser compreendido, consolar mais do que ser consolado, amar mais do que ser amado. É um amor omnipotente que nos remete indubitavelmente para o Todo-Poderoso DEUS – a razão primária e última de todo e qualquer tipo de amor. 

Por isso, nesta óptica Divina, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. É um amor que derruba os preconceitos, supera os impossíveis, constrói pontes e projecta-se para a eternidade. Este amor merece ser fervorosamente enaltecido, cantado, proclamado, partilhado e, sobretudo, vivido. Que assim seja sempre nas nossas vidas. 

Uma Guerra Pode Ser Considerada Justa à Luz do Cristianismo?

Depois de atermo-nos no artigo anterior a debruçar sobre se uma guerra pode ser ou não justa, de acordo com as disposições do Direito Internacional Público (LER), vamos procurar também aqui analisar se, realmente, o conceito da guerra justa tem ou não algum acolhimento bíblico para depois dar no final a nossa humilde opinião. 

Desde logo, como devotos, convictos e fiéis Cristãos Evangélico que somos, dizer que a generalidade dos destacados teólogos Cristãos defende manifestamente o conceito da guerra justa, seguindo a mesma esteira do pensamento de Santo Agostinho, embora vincando algumas atenuantes bastantes consideráveis. Por outras palavras, advogam estes ilustres teólogos, “a guerra deve ser declarada só quando é necessário, e para reduzir a injustiça; e para que através dela Deus possa livrar os homens da necessidade e preservá-los em paz”. Mesmo na guerra, sustentam ainda, “o espírito do pacificador deve ser estimado (…) a sua conduta deve ser justa – manter a fé com o inimigo, cumprir promessas, evitar a violência desnecessária, o espólio, o massacre, a vingança, as atrocidades e as represálias”. 

Esta concepção foi amplamente defendida e difundida por Santo Tomas de Aquino, arrastando posteriormente os grandes Reformadores Protestantes, especialmente Martinho Lutero, João Calvino. O Anabaptista Menno Simões, um dos importantes teólogos protestantes, foi o único que se distanciou radicalmente deste entendimento, defendendo uma posição do pacifismo, ou seja, contra a guerra. Menno Simões, formulando a sua oposição a guerra, baseou-se no facto de “o cristão ser seguidor do Príncipe da Paz, tendo recebido a ordem expressa de amar os seus inimigos e fazer bem aos perseguidores, dando a outra face a quem lhe bater” para rejeitar categoricamente a possibilidade de um Cristão participar na guerra, ou mesmo defendê-la. Importa ainda salientar que este pacifismo foi posteriormente adoptado pelo Pastor Baptista e Activista Político americano, Martin Luther King Jr., na sua grande luta pelos direitos iguais entre os negros e os brancos nos Estados Unidos da América (EUA). 

Feito este brevíssimo enquadramento geral, cabe dizer que nada nos surpreendem quando vemos pessoas não crentes ou não Cristãs no Senhor Jesus Cristo a defenderem ideologicamente a legitimidade da guerra ou “guerra justa”. É natural que eles tenham esse entendimento de “ajustes de contas” e de “vingança” para com o inimigo, visto que não têm o temor de DEUS nos seus corações, diferentemente dos Cristãos. Somos inteiramente contra a guerra e também contra a denominada “guerra justa”, independentemente da sua justificação legal, política, moral, ética e económica. Por mais chocante que possa ser uma situação, como tem acontecido inúmeras vezes, de vermos pessoas inocentes a serem maltratadas, mortas de forma bruta e injusta, precisamos sempre de consciencializar que o nosso Eterno DEUS está sempre no controle da situação e que no devido tempo ELE manifestará o Seu soberano poder para repor a Justiça e punir os malfeitores. 

Nada, mais nada do que é feito neste maldito mundo, transcende o domínio efectivo DEUS ou, porventura, que ELE não saiba. Devemos procurar sempre aplacar os nossos ímpetos de vingança e esperar pacientemente em DEUS. O papel que nos cabe, como seus filhos, é, simplesmente, o de dobrar os nossos joelhos em oração, intercedendo incessantemente a favor destes flagelos e tragedias humanas, pedindo a ajuda Divina e intervenção para a sua eficaz resolução. Jamais esperançando que a guerra é solução ideal dos problemas. Não é com a guerra que se faz a Paz, tal como o mundo apregoa, mas sim com o espírito do diálogo e da paz, procurando humildemente alcançar os consensos das partes beligerantes. Só assim poderemos fazer pontes viáveis e exequíveis e construir solidamente o caminho da tão ambicionada Paz entre os seres humanos, os povos e os países em geral. 

Perante tudo que ficou exposto, sem qualquer tipo de hesitação, consideramos extremamente desprovido do fundamento bíblico a tese dos grandes teólogos que supra mencionamos e de tantos outros Cristãos que, ao longo dos tempos, e ainda hoje, continuam a defender convictamente a legitimidade da “guerra justa” – como sendo solução para os reais problemas que afectam a Humanidade. Apropriando-nos das inspiradoras palavras do Teólogo Menno Simões, perguntamos a estes nossos irmãos na fé: “digam-me, como é que um cristão pode defender biblicamente a retaliação, a rebelião, a guerra, o golpear, o matar, o torturar, o roubar, o espoliar e o queimar cidades e vencer países? … Toda a rebelião é da carne e do diabo … Oh abençoado leitor, as nossas armas não são espadas nem lanças, mas a paciência, o silêncio e a esperança e a Palavra de Deus”. 

Consideramos que qualquer tipo de guerra está sempre subjacente as forças do mal. A guerra, seja justa ou não, é do diabo e dos seus agentes no mundo inteiro. A guerra é uma coisa bruta, sangrenta, horrorosa e macabra. Ela é inequivocamente maléfica, injusta, trágica e diabólica. Com a guerra morrem inúmeras pessoas, principalmente pessoas inocentes. Morrem as criancinhas indefesas, juniores, adolescentes, jovens e adultos. Morrem pessoas doentes, morrem pessoas incapacitadas, morrem os pobres e os ricos, bem como morrem os fracos e os poderosos, morrem as mulheres, morrem as grávidas, morrem os idosos, morrem os homens, morrem, acima de tudo, os seres humanos. Morrem os sonhos e triunfa o ódio, a vingança, as bombas, a destruição, a matança, a carnificina, os horrores, a maldade e a malignidade. As forças do mal conseguem com a guerra abafar transitoriamente as forças do bem. Nós, os Cristãos, somos os discípulos do “Príncipe da Paz”, o Senhor Jesus Cristo, e devemos seguir sempre o Seu Evangelho da Paz, que é viver holisticamente na paz, promover a paz, defender a paz, transmitir os ideais da paz, estar em paz com tudo e todos à nossa volta. 

A paz do Senhor Jesus Cristo habilita-nos a reconciliar primeiramente com DEUS, connosco, com os nossos semelhantes e com tudo à nossa volta. Não é uma paz débil, podre, momentânea ou de fachada e, tão pouco, delimitada no curso do tempo. Ela é efectiva e eterna na vida de todos os homens e mulheres de “boa vontade”. Ela tem o poder para sarar as feridas, transformar o carácter, libertar dos corrosivos vícios e salvar do pecado. É a Paz de DEUS que excede qualquer tipo de arbítrio ou entendimento humano (2 Co 5:17-18, Lc2:14, Fp 4:7). 

Com a vinda do Senhor Jesus ao mundo, a palavra paz passou a ganhar o mais elevado significado teológico e teleológico. A começar, desde logo, com o jubiloso anúncio da grande multidão de milícia celestial que entoava alegremente: “glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”. E, ainda, nos momentos precedentes, a ascensão do Senhor Jesus aos céus, Ele encorajou os seus discípulos com as afectuosas palavras de determinação e perseverança: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. A paz que, em última instância, sem dúvida, traduz a presença constante do Espírito Santo na vida daqueles que verdadeiramente “nasceram de novo”. Estas inequívocas verdades salvíficas estão também contempladas no Evangelho Lc 2:13-14 e Jo 14:27. 

Tanto a encarnação do Senhor Jesus como a Sua glorificação enceraram com a palavra paz. Por isso, o Senhor Jesus Cristo proclamou incessantemente a paz, durante todo o Seu ministério terreno, sem fazer excepção de pessoas, confirmando assim pelo Seu impoluto testemunho de vida ser o “Príncipe da Paz”. Ele não presenteou os pobres pastores com nada que não fosse a paz, emanada pelos anjos e personificada na Sua humilde manjedoura. Da mesma sorte, o único legado que ELE deixou aos seus discípulos, aquando da Sua assunção aos céus, foi a mesma paz de DEUS. É uma paz que consegue na perfeição preencher plenamente todo o vazio do ser humano e, concomitantemente, despertá-lo para os sublimes Princípios e Valores da vida consagrada e de entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo. Cristo, sustentava o Apóstolo Paulo, para reforçar esta manifesta verdade salvadora, “é de facto a nossa paz”. O Senhor Jesus, reafirmamos pela fé e de forma convicta, é realmente a nossa Paz (Ef 2:14 a17 e Is 9:6). 

O nosso mundo está bastante descrente, corrompido, desnorteado, conflituoso e na deriva espiritual sem precedentes, porque teima em declinar a maravilhosa paz do Senhor Jesus (Is 55:1-13), preferindo refugiar-se nas efémeras ilusões que não proporcionam uma vida bem-sucedida, realizada e feliz. A Paz de DEUS está visceralmente ligada à harmonia, ao amor, ao perdão, ao gozo, à bondade, à esperança e à herança da vida eterna. Ela é a manifestação visível do fruto do Espírito na vida dos eleitos filhos de DEUS e infalíveis garantias das bem-aventuranças eternas (Is 55:1a13, Gl 5:22 e Mt 5:1a12). 

Por isso, para terminar, sigamos vivamente o nobre exemplo do Senhor Jesus Cristo, que é o “Príncipe da Paz”. Rejeitemos firmemente todo e qualquer tipo de engano, descrença, mundanismo, pecado, guerras ou conflitos, porque são de trevas e do diabo. Nós, os Cristãos, somos filhos de DEUS para andarmos na luz e na paz. Somos salvos pelo Senhor Jesus Cristo, através da acção do Espírito Santo em nós, para encarnarmos plenamente a paz, viver em paz, proclamar a mensagem da paz, defender afincadamente a paz para a glória e honra do nosso Todo-Poderoso DEUS. Que assim seja. E assim sempre será pela fé no nome Bendito do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém, Amém e Amém!